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Nuno Ribeiro da Silva afastado pela "idade" e não pelas "declarações pouco afortunadas", diz Endesa

"Manifestou uma opinião que foi mal interpretada. Não foram críticas feitas no momento correto, mas antes disso já estava assinalada a sua saída da empresa por razões de idade", disse o CEO da Endesa José Bogas. 

Vítor Mota
24 de Fevereiro de 2023 às 12:51
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A Endesa quebrou finalmente o tabu sobre o afastamento do histórico Nuno Ribeiro da Silva (na foto) da direção da empresa em Portugal, depois das polémicas declarações em entrevista ao Negócios e à Antena 1 sobre um possível impacto de 40% nas faturas de eletricidade dos consumidores portugueses por causa das regras do mecanismo ibérico.

Entretanto, o gestor português já foi substituído em janeiro por um espanhol: Guillermo Soler Calero, de 51 anos, ex-diretor comercial do negócio de residencial em Portugal, que foi nomeado como novo diretor-geral da elétrica espanhola (detida pela italiana Enel) em Portugal.

"Não foram declarações muito afortunadas. Manifestou uma opinião que foi mal interpretada. Mas as críticas que fez foram no sentido de uma maior harmonização e de um maior equilíbrio entre Portugal e Espanha no impacto das regras do mecanismo ibérico. Não foram feitas no momento correto, mas antes disso já estava assinalada a sua saída da empresa por razões de idade", disse o CEO da Endesa José Bogas, na conferência de imprensa após a apresentação de resultados da empresa. 

O responsável da maior elétrica espanhola e da segunda maior comercializadora em Portugal acrescentou ainda: "Mas é mesmo assim. Vamos ficando mais velhos e chega a um determinado momento em que temos de ir", disse, referindo-se à saída de Nuno Ribeiro da Silva do cargo de presidente da Endesa em Portugal, que ocupava há 17 anos.  

"Nuno Ribeiro da Silva fez um trabalho extraordinário em Portugal e estamos-lhe muito gratos. Mas para todos, como acontecerá comigo também, chega o momento de dar lugar a outros", rematou Bogas.   

Em agosto de 2022, Ribeiro da Silva previu que as faturas da luz de muitos portugueses iriam aumentar cerca de 40% a partir do momento em que os consumidores domésticos começassem a pagar o valor do ajuste do travão aos preços do gás usado para produzir eletricidade, em vigor desde 15 de junho.

O Governo desmentiu imediatamente a Endesa e o seu presidente, acusando a empresa de declarações "alarmistas" e de induzir em erro os portugueses, ao promover a ideia de um aumento generalizado dos preços da eletricidade para as famílias. A Endesa foi mesmo obrigada, por decreto-lei,  a detalhar nas faturas enviadas ao Estado "os ganhos com a aplicação do mecanismo ibérico".

Durante o ano passado apenas a Galp fez refletir este valor nas faturas dos seus clientes, com a EDP, a Endesa e outras elétricas a seguir esta tendência apenas em janeiro de 2023, o que resultou de facto (em alguns casos) num aumento das tarifas de energia elétrica. Quem está no mercado regulado da eletricidade está, para já, protegido do pagamento deste valor de ajuste. 

Quanto a Portugal, o CEO da Endesa disse ainda que o país se "está a sair bem" e a contribuir para os resultados da empresa. "Estamos a investir e investiremos em Portugal", garantiu Bogas, sublinhando o projeto de energia renovável que a empresa tem previsto para a central do Pego, "uma solução muito inovadora, com baterias, que será a primeira da Europa com estas características" e permitirá "manter os trabalhadores" da antiga central a carvão.

O projeto estará nas mãos de Soler Calero, que trabalha na Endesa há 24 anos (onde passou a maior parte da sua carreira profissional) e está em Portugal desde 2001. O seu objetivo é também continuar a fazer crescer a carteira da Endesa, que terminou 2022 com um total de 677.000 clientes de eletricidade e gás.

"Com esta nomeação, a Endesa reforça o seu compromisso na transição energética em Portugal. Em 2022 venceu o concurso para o encerramento da central elétrica a carvão Pego. A proposta de desenvolvimento renovável, que inclui o maior projeto de baterias da Europa, representa um investimento de 600 milhões de euros e é o principal marco de crescimento da empresa no país ao longo dos próximos anos", disse a empresa em comunicado. 
 
A este projeto juntam-se os projetos solares obtidos em 2020 no Algarve (primeira central fotovoltaica da Endesa com baterias na Península Ibérica) e em 2022 na barragem do Alto Rabagão (primeiro projeto solar flutuante da empresa, com energia eólica e baterias).
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