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Moscovo diz que UE terá de manter petróleo russo por questões técnicas

Numa reação à proposta da UE para um embargo gradual ao petróleo da Rússia por ter invadido a Ucrânia, Vyacheslav Nikonov disse que os países do centro da Europa terão de continuar a usá-lo por questões técnicas.

Reuters
05 de Maio de 2022 às 11:53
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Um deputado russo defendeu esta quinta-feira que a União Europeia (UE) terá de continuar a usar petróleo da Rússia porque a maioria das refinarias europeias estão adaptadas especificamente para as matérias-primas russas. Numa reação à proposta da UE para um embargo gradual ao petróleo da Rússia por ter invadido a Ucrânia, Vyacheslav Nikonov disse que os países do centro da Europa terão de continuar a usá-lo por questões técnicas.

"A União Europeia não vai deixar de comprar petróleo russo. Bem, que tipo de petróleo irão comprar? O petróleo árabe? O petróleo leve árabe pode ser processado em refinarias no sul da Europa, mas simplesmente não existem tais instalações no centro da Europa", disse Nikonov, citado pela agência russa TASS. "Tudo está orientado para o petróleo russo, pelo que comprarão o nosso", assegurou o deputado, que é vice-presidente da Comissão de Assuntos Internacionais da Duma, a câmara baixa do parlamento da Federação Russa.

A proposta da Comissão Europeia, divulgada na quarta-feira, prevê a proibição gradual das importações de petróleo pelos Estados-membros da UE até ao final de 2022, mas inclui um ano suplementar para a Hungria e a Eslováquia, dois países altamente dependentes dos hidrocarbonetos russos.

A Hungria anunciou que não irá apoiar a proposta, que tem de ser aprovada por unanimidade, se o transporte de petróleo por oleoduto não estiver isento das restrições. A República Checa, que compra à Rússia metade do petróleo que consome, também pediu um prazo de exceção de dois ou três anos.

Nas declarações citadas pela TASS, o deputado russo disse que para ultrapassar a questão, alguns dos países da UE mais dependentes do petróleo russo poderão ser retirados do pacote de sanções e tornarem-se fornecedores dos restantes.

Referiu a Hungria e a Eslováquia, os dois países já contemplados com um ano de transição suplementar na proposta da Comissão Europeia, mas também a República Checa e a Bulgária. "Eles comprarão petróleo em quantidades ilimitadas na Rússia, tornar-se-ão os maiores exportadores de petróleo da Europa e farão bom dinheiro com isto", disse Nikonov aos jornalistas.

A proposta da Comissão Europeia, a que a Lusa teve acesso, proíbe, no entanto, a Hungria e a Eslováquia de vender os produtos russos a "outro Estado-membro ou país terceiro". Nos termos da proposta, os dois países terão de notificar a Comissão Europeia de todas as operações relacionadas com o petróleo russo, "incluindo informações sobre a contrapartida, as quantidades a transferir e as datas previstas de entrega".

A guerra na Ucrânia expôs a excessiva dependência energética da UE face à Rússia, que é responsável por cerca de 45% das importações de gás europeias. A Rússia também fornece 25% do petróleo e 45% do carvão importado pela UE. Desde a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro, a UE e vários países, incluindo Estados Unidos e Japão, têm decretado sucessivos pacotes de sanções contra a Rússia.
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