Notícia
Mexia: "Portugal tem sido capaz de resiliência e estabilidade nos preços da energia"
"Na energia sempre houve tendência para haver muitas tribos e continuam a existir resquícios de alguns desses grupos", disse Mexia, sublinhando que, no que diz respeito à transição energética em curso, "estamos atrasados"
No seu regresso aos holofotes, depois de quase quatro anos afastado da esfera pública após ter deixado o cargo de CEO da EDP, em julho de 2020 - no contexto do caso das rendas excessivas da energia - António Mexia disse que no setor da energia em Portugal continuam a existir "algumas tribos antigas" que ainda "lutam" contra a ideia de que o futuro do setor tem de passar por uma solução com muitos intervenientes diferentes e ações urgentes. "Todos os indíos são bem vindos", ironizou.
"Na energia sempre houve tendência para haver muitas tribos e continuam a existir resquícios de alguns desses grupos", disse Mexia, sublinhando que, no que diz respeito à transição energética em curso, "estamos atrasados".
Elencando "meia dúzia" de mitos "pegajosos" em relação à energia, Mexia sublinhou um deles que, disse, não podia estar mais longe da realidade: a ideia de que o preço da energia é um custo de contexto em Portugal. "O país tem hoje preços muito abaixo da Europa. Portugal tem sido capaz de apresentar resiliência e estabilidade nos preços da energia", o que permitiu "sobreviver" à mais recente crise energética pós-invasão da Ucrânia, referiu.
Para o futuro, deixou o desafio de Portugal "querer ir mais longe" na transição energética. E defendeu que "não tem de ser o gás e a eletricidade barata produzida em Portugal a ir para a Alemanha, mas sim as indústrias a virem para aqui. E não a energia a ir para lá".
"Depende só de nós. Há recursos, haja tambem vontade. Há uma enorme oportunidade para Portugal na transição energética, para tansformar a economia nacional daqui a 10 anos. Temos de saber tomar as decisões certas. Se este espaço não for ocupado por nós será ocupado por terceiros, por outros países. Não há razão nenhuma para não sermos vencedores", sublinhou, lembrando no entanto a falta de escala de Portugal, porque ser um país "pequeno".
E defendeu: "Falta fazer escolhas e implementá-las. A realidade permite-nos sermos mais otimistas desde que queiramos agir. A transição energética é uma enorme oportunidade e há uma grande concorrência, porque quem for à frente é quem vai capturar melhor os benefícios. E isso só se faz com muitos stakeholders e com uma mistura entre setor público e privado, o que em Portugal ainda é complicado", disse Mexia, que ao longo da sua "aula" para uma plateia a meio gás foi lembrando o seu percurso de 30 anos no setor da energia.
"Só para mostrar como sou "velho" na energia, basta ver que quando eu comecei no setor do gás instalar energia solar ainda custava 600 euros por MW", disse, sublinhando que "dizer que as renováveis são caras é um mito que ainda persiste" até hoje. "As renováveis são hoje a tecnologia mais barata para gerar eletricidade. E precisamos de triplicar capacidade instalada, o que não é coisa pouca".
Quanto ao investimento para fazer acontecer a transição energética, o economista e gestor defendeu que não basta "atirar dinheiro para os problemas. É importante, mas não é só isso". "Não é preciso atirar dinheiro às coisas, mas sim ter um plano e executá-lo, ter um desenho de mercado que garanta investimento. É preciso ter um plano com metas e check points", disse, argumentando a favor de processos de licenciamento mais céleres para a instalação de nova geração renovável e também de redes elétricas.
Mexia foi o convidado de honra do Taguspark para realizar esta palestra no início de 2024, tendo chegado ao local acompanhado por Alexandre Fonseca, administrador do Taguspark, que acaba de anunciar a sua saída do cargo de CEO da Altice. Na plateia esteve também António Saraiva, ex-presidente da CIP, e o presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais.
2024 marca o ano em que António Mexia, agora com 66 anos - professor universitário, ex-ministro e ex-CEO da EDP (cargo que ocupou durante quase uma década e meia, e do qual foi afastado em julho de 2020 depois de ter sido constituído arguido no caso das alegadas rendas excessivas) - ficará finalmente livre para trabalhar de novo em empresas de energia, em Portugal ou noutro país qualquer. Se o fará ou não, e se são esses os seus planos para este novo ano que agora começa, só o próprio o saberá dizer.
Ao fim de quase quatro anos na sombra, em que o seu nome praticamente deixou de ser ouvido (exceto no contexto do processo que ainda decorre e se arrasta em tribunal), Mexia voltou esta quinta-feira à praça pública - mais concretamente ao grande auditório do Taguspark, em Lisboa -, para dar uma palestra sobre um tema que domina bem: "Liderança na Energia – Mitos e Realidades".
De acordo com os organizadores da mesma, a palestra serve como "partilha de conhecimento e experiências" do antigo gestor e tem como objetivo "abordar o papel decisivo que o setor da energia e as suas empresas têm para o desenvolvimento sustentável e crescimento da economia portuguesa".
Enquanto alguém que "esteve no centro da tomada de decisão" (ocupou ao longo de 25 anos o cargo de CEO nas grandes empresas de energia, EDP, Galp, GDP e Transgás), Mexia falará das "escolhas feitas e a fazer perante os desafios e oportunidades que a transição energética representa para um Portugal mais inclusivo e competitivo".
"Na energia sempre houve tendência para haver muitas tribos e continuam a existir resquícios de alguns desses grupos", disse Mexia, sublinhando que, no que diz respeito à transição energética em curso, "estamos atrasados".
Para o futuro, deixou o desafio de Portugal "querer ir mais longe" na transição energética. E defendeu que "não tem de ser o gás e a eletricidade barata produzida em Portugal a ir para a Alemanha, mas sim as indústrias a virem para aqui. E não a energia a ir para lá".
"Depende só de nós. Há recursos, haja tambem vontade. Há uma enorme oportunidade para Portugal na transição energética, para tansformar a economia nacional daqui a 10 anos. Temos de saber tomar as decisões certas. Se este espaço não for ocupado por nós será ocupado por terceiros, por outros países. Não há razão nenhuma para não sermos vencedores", sublinhou, lembrando no entanto a falta de escala de Portugal, porque ser um país "pequeno".
E defendeu: "Falta fazer escolhas e implementá-las. A realidade permite-nos sermos mais otimistas desde que queiramos agir. A transição energética é uma enorme oportunidade e há uma grande concorrência, porque quem for à frente é quem vai capturar melhor os benefícios. E isso só se faz com muitos stakeholders e com uma mistura entre setor público e privado, o que em Portugal ainda é complicado", disse Mexia, que ao longo da sua "aula" para uma plateia a meio gás foi lembrando o seu percurso de 30 anos no setor da energia.
"Só para mostrar como sou "velho" na energia, basta ver que quando eu comecei no setor do gás instalar energia solar ainda custava 600 euros por MW", disse, sublinhando que "dizer que as renováveis são caras é um mito que ainda persiste" até hoje. "As renováveis são hoje a tecnologia mais barata para gerar eletricidade. E precisamos de triplicar capacidade instalada, o que não é coisa pouca".
Quanto ao investimento para fazer acontecer a transição energética, o economista e gestor defendeu que não basta "atirar dinheiro para os problemas. É importante, mas não é só isso". "Não é preciso atirar dinheiro às coisas, mas sim ter um plano e executá-lo, ter um desenho de mercado que garanta investimento. É preciso ter um plano com metas e check points", disse, argumentando a favor de processos de licenciamento mais céleres para a instalação de nova geração renovável e também de redes elétricas.
Mexia foi o convidado de honra do Taguspark para realizar esta palestra no início de 2024, tendo chegado ao local acompanhado por Alexandre Fonseca, administrador do Taguspark, que acaba de anunciar a sua saída do cargo de CEO da Altice. Na plateia esteve também António Saraiva, ex-presidente da CIP, e o presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais.
2024 marca o ano em que António Mexia, agora com 66 anos - professor universitário, ex-ministro e ex-CEO da EDP (cargo que ocupou durante quase uma década e meia, e do qual foi afastado em julho de 2020 depois de ter sido constituído arguido no caso das alegadas rendas excessivas) - ficará finalmente livre para trabalhar de novo em empresas de energia, em Portugal ou noutro país qualquer. Se o fará ou não, e se são esses os seus planos para este novo ano que agora começa, só o próprio o saberá dizer.
Ao fim de quase quatro anos na sombra, em que o seu nome praticamente deixou de ser ouvido (exceto no contexto do processo que ainda decorre e se arrasta em tribunal), Mexia voltou esta quinta-feira à praça pública - mais concretamente ao grande auditório do Taguspark, em Lisboa -, para dar uma palestra sobre um tema que domina bem: "Liderança na Energia – Mitos e Realidades".
De acordo com os organizadores da mesma, a palestra serve como "partilha de conhecimento e experiências" do antigo gestor e tem como objetivo "abordar o papel decisivo que o setor da energia e as suas empresas têm para o desenvolvimento sustentável e crescimento da economia portuguesa".
Enquanto alguém que "esteve no centro da tomada de decisão" (ocupou ao longo de 25 anos o cargo de CEO nas grandes empresas de energia, EDP, Galp, GDP e Transgás), Mexia falará das "escolhas feitas e a fazer perante os desafios e oportunidades que a transição energética representa para um Portugal mais inclusivo e competitivo".