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Mexia pede aos trabalhadores da EDP para continuarem "focados" durante a OPA

O presidente da EDP garantiu em carta escrita aos trabalhadores que vai manter o universo EDP informado durante este processo.

O processo de investigação nasceu com base em denúncias que já vinham de 2012, mas só em 2017 se verificou a constituição de arguidos. António Mexia, presidente da EDP, Manuel Pinho, ex-ministro da economia, e João Manso Neto, administrador da eléctrica e presidente da EDP Renováveis, estão entre os nove arguidos já conhecidos.  Em causa, segundo o Departamento Central de Investigação e Acção Penal de Lisboa, estão factos susceptíveis de integrarem os crimes de corrupção activa, corrupção passiva e participação económica em negócio. A investigação abrange o período que vai de 2004 a 2014 e as suspeitas incidem sobre o momento em que se passou dos chamados contratos de aquisição de energia das centrais eléctricas da EDP, os CAE (contratos de aquisição de energia), para o regime de mercado, com os Custos para Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC), que asseguram uma remuneração garantida aos produtores, independentemente dos preços do mercado e das quantidades vendidas e que levaram à denúncia da existência de rendas excessivas no sector eléctrico, as quais são depois reflectidas nos preços aos consumidores domésticos, que estão entre os mais altos entre os países europeus. António Mexia, apesar de ser arguido, foi recentemente reconduzido para mais um mandato à frente da EDP.
Hugo Correia
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António Mexia pediu aos trabalhadores da EDP para continuarem concentrados no seu trabalho enquanto decorrem as ofertas públicas de aquisição (OPA) lançadas pela China Three Gorges (CTG) sobre a EDP e a EDP Renováveis.

O presidente da eléctrica salientou "a importância de nos mantermos focados no nosso trabalho", num email enviado esta segunda-feira, 14 de Maio, aos trabalhadores da EDP e a que o Negócios teve acesso.

O gestor também pediu aos funcionários do universo EDP para se manterem focados na execução dos "objectivos" e "guiados pela excelência" que "sempre" caracterizou a eléctrica, segundo a carta.

Numa missiva enviada, já depois de anunciada a OPA, o líder da EDP garante que toda a equipa da EDP e da EDP Renováveis será "informada dos desenvolvimentos deste processo".

Sobre a OPA em si, António Mexia explicou que tanto o conselho de administração executivo da EDP como o conselho de administração da EDP Renováveis "irão pronunciar-se sobre a oportunidade e condições destas ofertas" nos respectivos relatórios a serem elaborados no contextos das OPA.

Depois de submetido o anúncio preliminar na sexta-feira, 11 de Maio, a CTG tem agora 20 dias para fazer chegar à CMVM o pedido de registo da OPA. Depois, a administração tem da EDP tem oito dias para produzir um relatório sobre a oportunidade e as condições da oferta.

Conforme avança a agência Bloomberg esta segunda-feira, o conselho de administração executivo da EDP prepara-se para rejeitar a oferta da CTG, por a considerar baixa.

Ao mesmo tempo, a operação enfrenta vários obstáculos pois tem de ser aprovada por, pelo menos, 16 entidades em oito países diferentes.

A aprovação mais difícil de obter poderá ser nos Estados Unidos. A palavra de Washington sobre este negócio vai ter lugar ao nível da Comissão de Investimento Estrangeiro dos Estados Unidos, uma agência governamental presidida pelo secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, que já esteve em Pequim a tentar amenizar esta guerra, mas a paz comercial ainda não foi alcançada.

Esta OPA coloca assim a portuguesa EDP no meio de uma "guerra" entre a China e os Estados Unidos, as duas maiores potências mundiais. Se a operação poderá ter a vida facilitada em países como França ou Espanha, a autorização por parte do Governo de Donald Trump levanta algumas dúvidas neste momento delicado de diplomacia económica entre Washington e Pequim.


Em Portugal, o Governo português já garantiu que não vai colocar entraves. Mas a verdade é que António Costa pode até usar a legislação em vigor para travar o negócio, pois o Governo tem o poder de se opor a negócios na área da energia para salvaguardar "activos estratégicos".

Esta oferta acontece depois da Comissão Europeia ter anunciado em Setembro de 2017 que pretende escrutinar mais os investimentos por parte de países fora do bloco comunitário. Apesar de não ter direccionado esta medida a nenhum país em particular, a verdade é que a intenção de Bruxelas acontece num momento em que o investimento chinês está em crescimento na União Europeia.
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