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Irão: Alcançado acordo sobre programa nuclear
O Irão e seis outras potências mundiais (EUA, Reino Unido, Alemanha, França, Rússia e China) chegaram a acordo esta terça-feira, depois de mais de uma década de negociações.
No âmbito do acordo celebrado esta terca-feira, 14 de Julho, as sanções impostas pelos Estados Unidos, União Europeia e as Nações Unidas serão gradualmente levantadas, e, em troca, o Irão concorda colocar restrições a longo prazo nos programas nucleares que os países ocidentais suspeitavam ter como objectivo criar uma bomba nuclear.
"Todo o trabalho árduo compensou e chegámos a acordo", disse um diplomatada iraniano citado pela Reuters.
Segundo a agência noticiosa, diplomatas ocidentais avançaram que este acordo prevê um mecanismo que permite recuar e voltar a accionar sanções caso o acordo seja violado. Esta informação foi confirmada por Obama na conferência de imprensa dada esta terça-feira na Casa Branca.
O presidente iraniano já comentou o acordo através da rede social Twitter, dizendo que este "mostra que um compromisso construtivo funciona" e que "novos horizontes emergem com o foco em desafios partilhados" uma vez resolvida "esta crise desnecessária".
#IranDeal shows constructive engagement works. With this unnecessary crisis resolved, new horizons emerge with a focus on shared challenges.
— Hassan Rouhani (@HassanRouhani) 14 julho 2015
Obama, por seu turno, elogiou o entendimento alcançado, "algo que décadas de animosidades não conseguiram" e que vai "vai impossibilitar de obter uma arma nuclear".
O presidente norte-americano detalhou ainda alguns dos termos deste acordo que visa garantir que "todos os caminhos para uma arma nuclear estão cortados, e o regime de transparência e a inspecção necessários para verificar esse objectivo vai ser implementado".
No final do seu discurso, o presidente norte-americano dirigiu-se ao Congresso, que terá de avaliar ainda os termos do acordo. Obama, pediu aos congressistas para se questionarem sobre "o que aconteceria num mundo sem este acordo", defendendo que a rejeição do mesmo seria um acto "irresponsável", e garantiu que irá vetar "qualquer legislação que previna a implementação com sucesso" do mesmo.
Ban Ki-moon, secretário-geral das Nações Unidas, disse, em comunicado citado pelo The Guardian, que "dá boas-vindas calorosas a este acordo histórico", que é "um testemunho do valor do diálogo". Ban Ki-moon elogiou a "coragem e determinação dos negociadores", assim como "a coragem dos líderes" que aprovaram este acordo. As expectativas do secretário-geral das Nações Unidas são de que este acordo "conduza a um entendimento mútuo e cooperação nos vários desafios sérios de segurança no médio oriente".
Apesar do acordo ser uma "grande vitória política" para o Governo de Barack Obama e para o presidente Hassan Rouhani, escreve a Reuters, este não foi bem recebido em toda a linha.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelita chamou a este acordo um "erro de proporções históricas", argumentando que o Irão "ganhou o jackpot, um bónus de centenas de mil milhões de dólares, que vão permitir que continue as suas acções de agressão e terror na região e no mundo".
As conversações finais em Viena obrigaram a cerca de três semanas de intensas negociações entre o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e o ministro dos Assuntos Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif, algo que nunca antes tinha acontecido entre os dois países.
Esta terça-feira, também a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) assinou um plano estratégico com o Irão com o objectivo de resolver as questões pendentes sobre o programa nuclear do país até ao final do ano, confirmou o director geral da IAEA à Reuters.
"Com respeito à clarificação de assuntos pendentes relativamente às dimensões militares do programa nuclear iraniano, a AIEA e o Irão acordaram hoje um plano de acção no âmbito do quadro de cooperação entre a agência e o Irão", confirmou em comunicado o director-geral da Agência Internacional de Energia Atómica.
Um dos principais impactos deste acordo será o levantamento das sanções económicas ao país, que impõem fortes limitações às exportações de petróleo e gás. Os analistas acreditam que apenas no próximo ano as exportações iranianas atinjam o ponto máximo, mas o país deverá aumentar a produção em cerca de 200 mil barris de petróleo por dia no curto prazo. Num mercado onde a produção já supera largamente a procura, os preços deverão acentuar as quedas. Os preços, dizem os analistas, podem cair até aos 45 dólares.
(Actualizado às 14h01 com a reacção do director-geral da Agência Internacional de Energia Atómica)