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Galp quer manter "participação significativa" no petróleo da Namíbia

O CEO da petrolífera revelou aos analistas que "o capital necessário para o investimento no desenvolvimento do projeto da Namíbia será financiado pelo nosso novo parceiro", sem dizer se esta parceria já está ou não decidida e sem referir nomes de empresas. 

O CEO da Galp, Filipe Silva, teme que a contribuição extraordinária acabe por se perpetuar em Portugal.
Paulo Calado
Bárbara Silva barbarasilva@negocios.pt 30 de Abril de 2024 às 11:51
O CEO da Galp garantiu esta terça-feira numa conversa telefónica com analistas, na sequência da apresentação de resultados do primeiro trimestre de 2024, que "a Galp vai manter uma participação elevada" no projeto de exploração de petróleo em curso na região de Mopane, ao largo da costa da Namíbia. Terminada a primeira fase de exploração no local, a petrolífera continuará agora a desenvolver trabalhos no terreno, estando previstos mais quatro furos, tendo em conta que "há outras áreas com potencial naquela zona". 

Fliipe Silva acrescentou ainda que as futuras receitas do petróleo namibiano não deverão ser absorvidas pela aposta da empresa naquela geografia, mas sim permitir à Galp financiar a sua transformação no 'downstream' e "acelerar os projetos de transição energética" em curso, tais como a descarbonização da refinaria de Sines, a produção de combustíveis baixos em carbono, de hidrogénio e lítio.  

O responsável não confirmou as notícias já avançadas, que dão conta que a petrolífera pretende vender metade (40%) da participação maioritária de 80% que detém no consórcio, do qual fazem parte também a estatal namibiana Namcor (10%) e a Custos Energy (10%). 

No entanto, Filipe Silva confirmou, sim, aos analistas que "o capital necessário para o investimento no desenvolvimento do projeto da Namíbia será financiado pelo nosso novo parceiro", o que deverá acontecer "no final de 2024, início de 2025". O CEO não revelou se esta parceria já está ou não decidida e sem referir nomes de empresas. Sobre uma potencial entrada em produção, falou do "final da década", dizendo que "ainda é cedo para fazer previsões". 

"O investimento nas perfurações dos dois poços foi menor do que esperávamos. Para já, as exigências de 'capex' são leves e não é esperado que o financiamento futuro seja feito pela Galp. Por isso vamos reduzir a nossa participação de 80% para uma percentagem mais baixa", disse.  

Quanto às estimativas de reservas de 10 mil milhões de barris de petróleo equivalente na região, o responsável disse que se tratam das melhores previsões com base na informação recolhida até agora nos dois poços já perfurados."Os resultados dos testes foram muito impressionantes. Mas somos uma empresa conservadora e vamos calibrar o modelo comercial com base no que já conseguimos provar. Há riscos? Sim. Por isso vamos fazer mais exploração para analisar ainda melhor a área de Mopane. Há mutos dados que ainda estamos a processar", disse Filipe Silva, revelando que a petrolífera escolheu propositadamente não fazer as primeiras perfurações nos locais com maior potencial (os chamados 'sweet spots', como disse o CEO aos analistas).      

Os dois poços já perfurados, onde a Galp deu conta de ter descoberto petróleo, ficam localizados a 8 km de distância entre si, sendo que a empresa admite que possa ser feita uma "potencial ligação" entre eles. Em relação ao investimento nesta fase de exploração, a Galp já alocou 117 milhões de euros no ano passado e conta gastar mais 150 milhões este ano. 

O CEO não identificou grandes entraves ou desafios no projeto petrolífero da Galp para a Namíbia, dizendo que se trata de um "país incrivelmente estável", com autoridades colaborativas. "Estamos satisfeitos com o país, como um todo", rematou Filipe Silva.    

A Galp fechou o primeiro trimestre deste ano com lucros "replacement cost ajustado" (RCA) de 337 milhões de euros, uma subida de 35% face aos 250 milhões obtidos em igual período de 2023, indicou esta terça-feira a empresa liderada por Filipe Silva em comunicado à CMVM. A faturação deslizou 1%, cifrando-se em 5.075 milhões de euros, enquanto os resultados antes de juros, impostos, amortizações e depreciações (EBITDA) cresceram 13%, atingindo os 974 milhões de euros.

"O primeiro trimestre de 2024 foi bom para a Galp. Na Namíbia, fizemos progressos e em conjunto com os nossos parceiros conseguimos reduzir os riscos associados ao projeto. Os resultados dos testes até agora foram muito impressionantes e superaram todas as expectativas, revelando o potencial da região. Estamos confiantes que a Namíbia permitirá à Galp crescer no futuro", disse Filipe Silva aos analistas, revelando o lançamento de uma nova fase de exploração e avaliação no terreno. 

Em termos de investimento, a empresa deu conta de 311 milhões de euros até março, mais 81% do que um ano antes. A Galp detalha que a grande maioria deste montante (241 milhões, 77% do total) foi canalizado para o segmento de produção e exploração ("upstream"), em particular para o petróleo no Brasil e os trabalhos exploratórios na Namíbia.

"Na Namíbia, os nossos esforços revelaram oportunidades interessantes que vão apoiar as ambições de crescimento no futuro. Concluímos a primeira campanha de exploração, que ajudou a reduzir os riscos em relação à área de Mopane. Neste primeiro trimestre, a Galp perfurou com sucesso dois poços onde foram identificadas colunas significativas de petróleo leve. Entretanto, concluímos também um primeiro teste que revelou resultados encorajadores. A qualidade e o tamanho dos recursos encontrados, bem como os resultados dos testes obtidos até o momento, indicam que podemos estar na presença de grandes descobertas comerciais. Estaremos agora focados em nas próximas actividades de exploração e avaliação mais abrangente do complexo de Mopane", sublinhou a CFO, Maria João Carioca, no vídeo que acompanhou a apresentação de resultados.
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