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Fatura energética das famílias da UE pode disparar 30 mil milhões devido à guerra na Ucrânia

Estudo da Euler Hermes prevê que, com o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, os preços do petróleo rondem, em média, 120 dólares por barril este ano e que os do gás se mantenham próximos dos 140 euros/MWh.

Os “stocks” norte-americanos de crude caíram e um importante terminal de exportação de petróleo no Mar Negro está com disrupções.
Miguel Gutierrez/EPA
28 de Março de 2022 às 12:30
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As famílias na União Europeia vão ter pela frente faturas energéticas mais elevadas, superiores entre 20 a 30 mil milhões de euros nas maiores economias europeias, devido à guerra na Ucrânia, aponta um estudo da Euler Hermes, divulgado esta segunda-feira.

Em comunicado, enviado às redações, a Euler Hermes diz que essa previsão tem em conta os preços atuais do petróleo e do gás, que podem aumentar 50 mil milhões de euros, ou 2% do Produto Interno Bruto (PIB), caso a Rússia interrompa as exportações de petróleo e gás (tanto fruto de embargos como de medidas de retaliação).

Lembrando que a escalada do conflito entre a Rússia e a Ucrânia tem impacto na disponibilidade e no preço das matérias-primas, já que os dois países são produtores de várias "commodities" – como petróleo, gás, trigo, milho e sementes de girassol –, que representam "mais de 10% das exportações destes bens à escala global", a acionista da seguradora COSEC enfatiza que "a guerra tem provocado volatilidade e subida dos preços".

Um cenário que, de resto, antecipa que se mantenha nos próximos tempos. "Os preços do petróleo devem continuar acima dos 100 dólares por barril enquanto o conflito se mantiver e que, possivelmente, em média, neste ano, a cotação rondará os 120 dólares por barril" e os "do gás devem também continuar elevados, próximos dos 140 euros/MWh", estima.

Neste quadro, assinala a acionista da seguradora COSEC, "a diminuição da confiança das empresas vai pesar no investimento" e "as margens das empresas vão continuar a ser reduzidas num contexto de preços de energia elevados e de alta das matérias-primas não energéticas, subida dos custos salariais e dos custos de transporte".

Euler Hermes mais pessimista sobre economia mundial
Numa análise macro, a Euler Hermes prevê que a economia global avance 3,3% - menos 0,8 pontos percentuais do que se esperava no início do ano -, o que "reflete os novos desafios geopolíticos que o mundo enfrenta". E, no próximo ano, a projeção aponta para que o PIB mundial cresça 2,8%, o que traduz uma revisão em baixa de 0,4 pontos percentuais.

A seguir às economias da Rússia e da Ucrânia, a da Zona Euro "vai ser a mais afetada pela guerra", com o estudo da Euler Hermes a estimar que o PIB cresça 2,6% em 2022, menos 1,2 pontos percentuais que se antecipava no início do ano.

"O crescimento económico do bloco da moeda única vai ser afetado especialmente pela forte quebra no comércio entre a Zona Euro e a Rússia", diz, apontando que o impacto global "será relativamente moderado", já que as "as exportações totais das maiores economias do euro para a Rússia representam menos de 2%". No entanto, ressalva, "alguns setores que dependem muito de bens oriundos da Rússia ou da Ucrânia – como componentes para a indústria automóvel – deverão enfrentar problemas nas cadeias de abastecimento".

De um modo global – e de acordo com o cenário base da líder mundial em seguro de créditos – em 2023 a economia do euro deverá avançar 1,6% (menos 0,7 pontos percentuais), indica.

EUA e China menos penalizados pelo conflito
Já as previsões da inflação foram revistas em alta, com os cálculos a indicarem agora uma inflação de 5,5% em 2022 na Zona Euro e de 2,5% no próximo ano, como reflexo da subida dos preços dos bens alimentares e da energia, sinaliza.

Menos penalizadas serão as economias dos Estados Unidos e da China. No primeiro caso, aponta, o efeito do conflito "deverá fazer-se sentir por via da confiança dos consumidores, que poderá ser abalada, e pelo impacto que a subida dos preços do petróleo vai ter". À luz das estimativas da Euler Hermes, a maior economia do mundo deve crescer 3,3% este ano (menos 0,6 pontos percentuais do que a anterior projeção), desacelerando para 2,6% no próximo (menos 0,2 pontos percentuais).

Também a economia chinesa deve crescer menos que o esperado anteriormente. Nas perspetivas da Euler Hermes, o PIB real da China deve expandir-se 4,9% (menos 0,3 pontos percentuais) em 2022 e 5% em 2023, com a revisão em baixa a refletir "tanto pressões internas como externas".

Se, por um lado, em termos domésticos, "a propagação da variante ómicron, no âmbito da política de zero-covid da China, vai pressionar a recuperação da procura interna", por outro, "a subida dos preços das matérias-primas, devido à invasão da Ucrânia, pode colocar pressão sobre os setores industriais exportadores", assinala.

Já na Rússia antecipa uma recessão de 8% este ano, com a contração da economia russa a ser explicada "nomeadamente pela grave deterioração das condições macroeconómicas, em especial depois da imposição de sanções que abrangem inclusivamente o setor energético", aponta a Euler hermes, destacando outros fatores como a desvalorização do rublo e o aumento da inflação.

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