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Expresso diz que EDP pagou 10 milhões de IRC. Eléctrica diz que pagou 481 milhões

O semanário avançou, na edição deste sábado, que a eléctrica liderada por António Mexia pagou 0,7% de IRC, no ano passado. O valor do imposto terá sido de 10,3 milhões de euros. Mas a EDP reitera que pagou 481 milhões de euros.

O processo de investigação nasceu com base em denúncias que já vinham de 2012, mas só em 2017 se verificou a constituição de arguidos. António Mexia, presidente da EDP, Manuel Pinho, ex-ministro da economia, e João Manso Neto, administrador da eléctrica e presidente da EDP Renováveis, estão entre os nove arguidos já conhecidos.  Em causa, segundo o Departamento Central de Investigação e Acção Penal de Lisboa, estão factos susceptíveis de integrarem os crimes de corrupção activa, corrupção passiva e participação económica em negócio. A investigação abrange o período que vai de 2004 a 2014 e as suspeitas incidem sobre o momento em que se passou dos chamados contratos de aquisição de energia das centrais eléctricas da EDP, os CAE (contratos de aquisição de energia), para o regime de mercado, com os Custos para Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC), que asseguram uma remuneração garantida aos produtores, independentemente dos preços do mercado e das quantidades vendidas e que levaram à denúncia da existência de rendas excessivas no sector eléctrico, as quais são depois reflectidas nos preços aos consumidores domésticos, que estão entre os mais altos entre os países europeus. António Mexia, apesar de ser arguido, foi recentemente reconduzido para mais um mandato à frente da EDP.
Hugo Correia
Negócios 10 de Março de 2018 às 15:44
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O Expresso avança que a EDP conseguiu, em 2017, uma taxa efectiva de imposto sobre os seus lucros de 0,7%, o que representa a taxa mais baixa entre as empresas do PSI-20 que já apresentaram as contas anuais. Isso significaria que sobre um resultado de 1,52 mil milhões de euros, o grupo EDP apurou um imposto líquido de 10,3 milhões de euros. A eléctrica reitera que pagou 481 milhões de euros.

 

Segundo o jornal, esta taxa de IRC resultaria de um conjunto de deduções fiscais relacionadas, em grande parte, com operações fora de Portugal. O imposto teórico da EDP, no ano passado, totalizou os 448,7 milhões de euros, fruto da aplicação de uma taxa de 29,5% (IRC a 21%, acrescido de derrama estadual de 7% e derrama municipal de 1,5%). Mas a cotada liderada por António Mexia desconta a este valor, segundo o jornal, um conjunto de encargos e benefícios que baixam o imposto efectivo para 10,3 milhões de euros.

 

O maior desconto de 240 milhões de euros virá de diferenças temporárias contabilísticas e fiscais relativas aos seus activos, como por exemplo o conjunto de activos de distribuição de gás em Espanha e a mais-valia decorrente da venda do negócio de distribuição de gás, a Naturgas. Depois, a empresa terá contado com diferentes taxas de imposto nos mercados onde opera e com a reforma fiscal nos EUA. Estes factores abatem 50,8 milhões ao valor a pagar.

 

A EDP reduz ainda a tributação efectiva devido aos 24 milhões de euros de créditos fiscais, 14 milhões de euros de benefícios relativos a dividendos e 32 milhões de euros de outros benefícios fiscais. 

 

"A EDP pagou em 2017 cerca de 481 milhões de euros de IRC em Portugal, o que equivale a cerca de 9,3% do IRC total arrecadado pela Autoridade Tributária", adianta fonte oficial da eléctrica ao Negócios. "Na sua edição deste sábado, o jornal Expresso confunde o reporte contabilístico reflectido no relatório e contas com os valores efectivamente pagos em sede de IRC pela EDP, em Portugal", acrescenta a mesma fonte.


"Os cerca de 10 milhões de euros relativos a 2017 que são referidos dizem respeito ao Grupo EDP, que tem actividade em todo o mundo, e beneficiam de um conjunto de eventos ocorridos fora de Portugal, nomeadamente a reforma fiscal nos EUA (equivalente a cerca de 44 milhões de euros) e a isenção de mais-valias por venda de activos em Espanha (cerca de 200 milhões de euros)", explica a EDP.

Segundo fonte da eléctrica, "o IRC a ser pago em 2018 em Portugal, respeitante a 2017, em nada será impactado por estes eventos". E a EDP relembra ainda que "o IRC pago em 2016, em Portugal, já tinha sido de 333 milhões de euros. E, em 2015, foi de 193 milhões de euros".

 

Recorde-se que a EDP terminou o exercício de 2017 com lucros de 1.113 milhões de euros e distribuiu 690 milhões de euros aos seus accionistas em dividendos.

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