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Endesa aumenta lucros em 77% para os 2,5 mil milhões de euros

Na apresentação de resultados, o CEO da Endesa, José Bogas, confirmou que a Endesa decidiu avançar sozinha para tribunal contra a windfall tax que em Espanha recai sobre 1,2% do volume de negócios das elétricas. "É um imposto injusto e temos boas chances de vencer em tribunal".

24 de Fevereiro de 2023 às 09:02
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A Endesa anunciou esta sexta-feira um resultado líquido de 2.541 milhões de euros milhões de euros, o que representa um salto de 77% face ao ano anterior. A elétrica espanhola explicou que este crescimento está relacionado com o "extraordinário contexto do mercado de gás, que fomentou uma maior produção nas centrais de ciclo combinado" (+76% face a 2021), assim como um melhor rendimento das vendas grossistas de gás, além de uma melhoria no valor dos negócios fora da Península Ibérica. 

"Estes resultados extraordinários devem-se unicamente ao gás, que em 2022 rendeu à empresa mil milhões de euros", disse o CEO da Endesa, José Bogas, na conferência de imprensa com jornalistas espanhóis. 

Já para 2023 e 2024, a empresa espera resultados menos positivos, entre 1,5 e 1,8 mil milhões de euros, tendo em conta a cobrança de um valor de 208 milhões de euros relativos ao imposto extraordinário sobre o setor da energia, que terá um impacto de 15%, calcula a Endesa. Já em Portugal, a elétrica diz que não terá qualquer valor de "windfall tax" a liquidar.

"Sem este imposto, os resultados registariam um aumento de 10% este ano", disse por seu lado Marco Palermo, CFO da Endesa, acrecentando: "Decidimos ir contra esta decisão em tribunal. É um imposto injusto e temos boas chances de vencer em tribunal. Ainda não sabemos qual será o real impacto que vai ter na empresa".

Por seu lado, José Bogas subiu de tom as suas críticas face à forma como a windfall tax está a ser implementada em Espanha, por comparação com outros países europeus, a começar por Portugal, por exemplo: Madrid poderá arrecadar só em 2022 mais de mil milhões de euros com o imposto cobrado às quatro principais empresas do setor energético (Repsol, Endesa, Iberdrola e Naturgy); enquanto em Portugal as estimativas do Governo apontam para que esta contribuição extraordinária (sobre a energia e a distribuição alimentar, em conjunto) gere uma receita de entre 50 milhões e 100 milhões de euros por ano, em dois anos. 

"Na UE todos devíamos ter as mesmas regras. O que acontece em Espanha não se verifica noutros países e não prejudica as restantes elétricas europeias, o que nos deixa em desvantagem. As condições deviam ser iguais para todos", defendeu o CEO, rejeitando que a empresa tenha tido "lucros caídos do céu. 

"Isso só poderia ter acontecido com os preços grossistas da energia elétrica em 2022, e sem o travão que baixou os lucros dos produtores de renováveis no Mibel. Sem isso, a Endesa poderia ter lucrado 6 mil milhões de euros, mas com o mecanismo ibérico isto foi travado. E por isso não há direito do Governo em cobrar-nos este imposto", defendeu Bogas. Apesar disso, defende que esta medida deve ser prolongada além de maio, ainda que precise de ser melhorada, e estendida a rodos os países europeus no âmbito da reforma do mercado elétrico.

Logo cedo, na apresentação de resultados aos analistas, Bogas confirmou que a elétrica já pagou a primeira recorreu em tribunal en nome próprio (a somar à ação já entregue no âmbito da Aelec - Asociaciação de Empresas de Energia Eléctrica), perante a Audiência Nacional espanhola, por causa do novo imposto de 1,2% que recai sobre o volume de negócio do setor energético, uma taxa que diz ser "discriminatória e injustificada", e contrária às indicações dadas pela Comissão Europeia. Bogas sublinhou que a Endesa já é um dos cinco maiores maiores contribuintes fiscais em Espanha, tendo pago em 2022 um valor mais alto, que ascendeu a 3.843 milhões de euros de impostos. 

Olhando para os dados ajustados, a Endesa registou lucros de 2.398 milhões de euros no ano passado, mais 26% do que em 2021, apesar de resultados piores no negócio comercial, da redução das margens nas energias renováveis e do impacto negativo das medidas regulatórias no negócio da distribuição de energia. 

A empresa assinala que no ano passado bateu um recorde histórico em termos de investimento: 2.343 milhões de euros (sobretudo em redes e descarbonização), mais 8% do que no ano anterior, informou a empresa em comunicado.Deste valor de investimento, 76% está alinhada com a taxonomia da União Europeia. Para 2023, a Endesa quer bater um novo recorde e investir mais 20%.

Já o EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da maior elétrica espanhola e segunda maior comercializadora em Portugal aumentou 25% e alcançou os 5.327 milhões de euros. O segmento de produção de energia foi dos que mais contribuiu para o EBITDA, com 500 milhões de euros provenientes das centrais de ciclo combinado e 480 milhões de euros relativos ao negócio de gás. Estes resultados permitirão propor o pagamento de um dividendo de 1,585 euros por ação, 6% acima do previsto. 

Em 2022 a Endesa acrecentou 908 MW de nova capacidade renovável ao seu portfólio, alcançando um total de 9,3 GW (+11% do que no final de 2021)Dos 4,4 GW de nova potência renovável a instalar que está prevista no plano estratégico 2023-2025, a empresa já tem em execução 1,4 GW. Em pipeline, o CEO da Endesa dá conta de 90 GW de projetos, dos quais 70GW em fase inicial e 18 GW já maduros. No entanto, a energia nuclear ainda diz respeito a 51% de toda a produção própria da Endesa, tendo aumentado 4% em 2022.

A empresa sublinha a adjudicação de dois concursos no âmbito da Transição Justa, com a central a carvão de Teruel, em Andorra (que vai ser substituída por 14 centrais híbridas solares/eólicas com una potência total de 1,8 GW) e a central do Pego, em Abrantes, onde a empresa também vai construir um projeto de energias renováveis. Depois de ter reativado a produção de eletricidade com origem em carvão em 2022, a pedido do Governo espanhol, a Endesa espera agora a autorização definitiva de encerramento da sua última central a carvão da Península Ibérica - As Pontes, na Galiza - que atualmente tem dois grupos de tubinas que operam alternadamente. 

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