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Diretor da AIEA avisa que central nuclear de Zaporijia está descontrolada

A conquista russa de Zaporijia renovou o receio de que o maior dos 15 reatores nucleares da Ucrânia possa ser danificado, desencadeando outra emergência como o acidente de Chernobyl em 1986.

Lusa_EPA
03 de Agosto de 2022 às 11:35
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O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica avisou esta quarta-feira que a maior central nuclear europeia, situada na Ucrânia, "está completamente fora de controlo" e pediu à Rússia e Ucrânia que permitam uma visita urgente para evitar um acidente.

Segundo afirmou Rafael Grossi em declarações à agência de notícias Associated Press, a situação está na central de Zaporijia, no sudeste da Ucrânia e controlada pelos russos desde março, está a ficar cada dia mais perigosa.

"Todos os princípios de segurança nuclear foram violados" na central, alertou, acrescentando que "o que está em jogo é extremamente grave e extremamente perigoso".

Por isso, o diretor-geral da agência da ONU apelou à Rússia e à Ucrânia para que permitam, com urgência, uma visita dos especialistas ao complexo a fim de estabilizar a situação e evitar um acidente nuclear.

Segundo referiu, a integridade física da central nuclear não foi respeitada, tendo sido alvo de bombardeamentos no início da guerra, quando foi tomada pelos militares russos, sendo que os dois países se acusam mutuamente de ataques à região.

Há "uma situação paradoxal" em que a central é controlada pela Rússia, mas são os funcionários cranianos que continuam a executar as operações nucleares, levando a inevitáveis momentos de atrito e alegada violência, disse.

Embora a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) tenha alguns contactos com funcionários, as informações são "poucas e irregulares", adiantou.

Grossi avisou também que o abastecimento de equipamentos e peças de reposição foi interrompido, "pelo que não há certezas de que a central esteja a receber tudo o que precisa".

A AIEA tem de realizar inspeções urgentes para garantir que o material nuclear está a ser protegido, "e há muito material nuclear para ser inspecionado", sublinhou Rafael Grossi, explicando que tem insistido, desde o primeiro dia, na necessidade de "ir lá para realizar essa avaliação de segurança e proteção, fazer os reparos que forem precisos e ajudar, como aconteceu em Chernobyl".

A conquista russa de Zaporijia renovou o receio de que o maior dos 15 reatores nucleares da Ucrânia possa ser danificado, desencadeando outra emergência como o acidente de Chernobyl em 1986, o pior desastre nuclear do mundo, que aconteceu a cerca de 110 quilómetros ao norte da capital ucraniana.

As forças russas ocuparam o local altamente contaminado logo após a invasão, iniciada em 24 de fevereiro, mas devolveram o controlo aos ucranianos no final de março.

Grossi visitou Chernobyl em 27 de abril e anunciou, numa mensagem divulgada na rede social Twitter, que o nível de segurança era "como uma 'luz vermelha' a piscar".

No entanto, garantiu, na terça-feira, que a AIEA montou, na altura, "uma missão de assistência" em Chernobyl "que tem sido muito, muito bem-sucedida".
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