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Corte de gás russo aquece preços na Europa

A Ucrânia suspendeu a 1 de janeiro o transporte de gás natural russo através do seu território. O Presidente Volodymyr Zelensky diz que é uma derrota para a Rússia, o homólogo Vladimir Putin garante que o país vai sobreviver, mas como fica a Europa? O explicador desta semana conta-lhe o que se passa e as consequências, nomeadamente, no preço do gás. 

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04 de Janeiro de 2025 às 15:00
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Sob o som das 12 badaladas não foi apenas 2024 que chegou ao fim. Depois de cinco décadas, terminou uma rota de gás para a Europa quando expirou o acordo de trânsito das exportações de gás natural entre a Ucrânia e a Rússia. Na madrugada de 1 de janeiro, as exportações da empresa pública russa Gazprom foram interrompidas, depois de os dois países não terem chegado a um entendimento. 
 
O Governo da Ucrânia justificou a decisão com a defesa da segurança nacional. O presidente Volodymyr Zelensky escreveu nas redes sociais que esta é uma derrota para a Rússia.

"Quando [Vladimir] Putin chegou ao poder na Rússia, há mais de 25 anos, o volume anual de gás enviado através da Ucrânia para a Europa era de mais de 130 mil milhões de metros cúbicos; hoje, o volume de gás em trânsito é zero, o que significa uma das maiores derrotas de Moscovo", escreveu o líder ucraniano. 


O ministro ucraniano da Energia, German Galushchenko, disse que este é um "acontecimento histórico". "Interrompemos o trânsito do gás russo. Trata-se de um acontecimento histórico. A Rússia está a perder os seus mercados e vai sofrer perdas financeiras. A Europa já tomou a decisão de abandonar o gás russo", lia-se no comunicado.

Já Vladimir Putin assegurou que a Gazprom será capaz de lidar com a situação: "Nós sobreviveremos, a Gazprom sobreviverá", afirmou, referindo, no entanto, que sempre defendeu a "despolitização das questões económicas" e alertando que o preço dos combustíveis irá aumentar.   
 
O contrato de fornecimento de gás era uma fonte de receitas valiosa para a Rússia, permitia à Gazprom exportar para a Áustria, Hungria, Eslováquia e Moldávia, mas também significava cerca de 672 milhões de euros por ano para a Ucrânia. A Gazprom, que já foi a maior exportadora de gás do mundo, registou um prejuízo de 6,5 mil milhões de euros em 2023, naquele que foi o primeiro ano sem lucros desde 1999. 

Qual o impacto para a Europa? 


Bruxelas garantiu já que a União Europeia (UE) tem vindo a preparar alternativas desde o início da guerra em fevereiro de 2022. Os últimos compradores europeus de gás russo através da Ucrânia, como a Eslováquia e a Áustria, encontraram fontes alternativas e a Hungria, que vai continuar a comprar gás russo, mantém o abastecimento através do gasoduto TurkStream, pelo mar Negro. 

A questão mais complicada é a Moldávia,  que se candidatou à adesão à União Europeia em 2022. A Gazprom anunciou o corte do fornecimento de gás, acusando a empresa pública de gás da Moldávia de quebrar o contrato por uma alegada dívida. O corte está a afetar a região separatista da Transnístria, que é pró-moscovo, onde 450 mil pessoas estão sem aquecimento e água quente e só há reservas de gás para mais duas semanas
 
Quanto aos preços, já alcançaram máximos de outubro de 2023 e chegaram a disparar 4,3% para 51 euros por megawatt hora. 

Os analistas consideram que, embora seja improvável que a Europa fique sem gás este inverno, a reposição das reservas para o próximo poderá ser mais difícil. De acordo com a plataforma europeia Aggregated Gas Storage Inventory (AGSI), as reservas médias de gás na UE são de cerca de 73%, muito abaixo dos 86% registados em 2023.

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