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Apetro: "temos muita dificuldade em perceber como se mistura um mercado livre com intervenção nas margens"

O secretário-geral da Apetro, António Comprido, ataca a intenção do Governo de intervir nas margens das gasolineiras.

António Comprido
Negócios 18 de Julho de 2021 às 11:27
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"Temos muita dificuldade em perceber como é que se mistura uma situação de mercado livre e concorrencial com uma intervenção administrativa nas margens, para além de que não sei como vai ser concretamente a metodologia para fazer essa fixação", declara, em entrevista à TSF/DN o secretário-geral da APETRO (Associação Portuguesa De Empresas Petroliferas), a propósito do anúncio do Governo de que pretende intervir na fixação das margens das petrolíferas que têm impacto no preço final dos combustíveis.

António Comprido, que diz que as empresas não tiveram conhecimento prévio desta pretensão do Governo - "n
em sequer nos foi perguntado se tínhamos alguma explicação a dar relativamente àquilo que o Governo aparentemente achava de anormal no funcionamento do mercado" -, diz que o setor que representa é "transparente", tendo "a credibilidade necessária para que nos tivessem pedido explicações".

Por isso assume que a medida "não faz sentido rigorosamente nenhum", já que "temos muita dificuldade em perceber como é que se mistura uma situação de mercado livre e concorrencial com uma intervenção administrativa nas margens, para além de que não sei como vai ser concretamente a metodologia para fazer essa fixação". Chama ziguezague dos decisores políticos, que "prejudicam o ambiente económico e o investimento".

Quanto às justificações sobre o aumento das margens - dizendo mesmo ter sérias dúvidas sobre o valor de 36% referido como tendo sido o aumento das margens das gasolineiras - António Comprido lembra que em 2020 houve quebras do consumo na ordem dos 50% "e este setor, ao contrário de muitos outros, manteve intacta a sua oferta, quer em nível de qualidade, quer ao nível de quantidade. Não houve lay-offs!". Realça que se tratam de margens brutas, com todos os custos incluídos. "O que é que aconteceu? Isto é a minha interpretação, estes custos que são fixos tiveram que se repercutir sobre uma base muito menor de vendas e, portanto, pesaram mais e isso será eventualmente uma explicação para que eventualmente tenha havido um crescimento das margens brutas, que não do lucro das empresas, que são coisas completamente diferentes".

Por outro lado, o responsável lembra que o grande bolo na composição do preço dos comnbustíveis é o dos impostos, mas deixa ao Governo a responsabilidade de decidir as políticas fiscais de oneração ou incentivo de determinados combustíveis.

Ainda assim, vai dizendo que não há ainda poder de compra para os carros elétricos. "Num estudo recente que eu vi, a maioria das famílias europeias, as portuguesas ainda pior, não tem orçamento para adquirir um carro elétrico, mesmo com as ajudas do Estado. Se me dissessem que temos uns transportes públicos que funcionam perfeitamente, que temos alternativas de aquisição de veículos particulares a preços acessíveis, até percebo que se desincentive. Agora, desincentivar ou onerar a utilização de um bem essencial que é a mobilidade individual sem oferecer simultaneamente uma alternativa, francamente - e estou a falar como cidadão - não me parece que seja uma medida socialmente justa. Até porque temos um paradoxo neste momento: nós todos contribuintes, ricos ou pobres, estamos a subsidiar a compra de veículos elétricos que são feitos essencialmente para o extrato da população com maior poder de compra".




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