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AIE prevê aumento da procura de petróleo em 4,4% até 2026

A procura global de petróleo vai recuperar nos próximos anos e a menos que haja uma ação muito mais consistente contra as alterações climáticas, crescerá 4,4% até 2026 face ao nível de 2019, previu hoje a AIE.

Há um conjunto de razões que estão a levar várias matérias-primas a valoriza    ções. O petróleo é um exemplo.
Jason Lee/Reuters
17 de Março de 2021 às 11:13
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Este é o cenário da Agência Internacional de Energia (AIE), que no relatório de previsão a médio prazo apresentado hoje explica que depois do colapso do consumo no ano passado em 8,7 milhões de barris por dia (para 91 milhões), o aumento nos próximos seis anos totalizará 13,1 milhões de barris por dia.

Teremos de esperar até 2023 para atingir um novo pico de consumo superior aos 99,7 milhões de barris de 2019, mas nos anos seguintes a subida continuará.

Mais de 90% da subida até 2026 virá da China, Índia e outros países asiáticos, o que contrasta com a tendência descendente nos países desenvolvidos membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), os quais, apesar da recuperação a partir de 2021, permanecerão bem abaixo dos 47,7 milhões de barris por dia que absorveram em 2019.

Por tipos de combustíveis, os autores do relatório acreditam que o mundo não consumirá tanta gasolina como em 2019, porque o impacto da recuperação económica no tráfego automóvel será mais do que compensado pela transição para veículos elétricos e outras mudanças nos hábitos de consumo.

A procura de gasóleo, o principal combustível utilizado pelos camiões, irá aumentar, mas a um ritmo lento.

Quanto aos combustíveis para a aviação - o setor mais afetado pela pandemia da covid-19 - só regressarão ao nível de 2019 em 2024. A redução das viagens empresariais e as videoconferências são tendências que irão perdurar além da crise.

O outro lado da moeda é a indústria petroquímica, que tem sido pouco afetada pela crise sanitária e irá captar 70% do aumento da procura de petróleo até 2026.

A AIE adverte que com as atuais políticas de combate às alterações climáticas, o impacto no consumo de petróleo nos próximos seis anos será "marginal".

Em 2025 o mundo absorverá 3,5 milhões de barris por dia mais do que em 2019, quando para alcançar a neutralidade de carbono até 2070 teria de reduzir a procura nesse período em 3 milhões, e ainda mais se fosse alcançado em 2050, que é o horizonte dos compromissos internacionais.

O diretor executivo da AIE, Fatih Birol, salienta que alcançar uma transição ordeira para abandonar o petróleo é essencial para cumprir as metas climáticas, mas isto requer "grandes mudanças nas políticas governamentais e mudanças aceleradas de comportamento".

Birol insiste que para atingir o pico histórico no consumo de petróleo o mais rapidamente possível "é necessária uma ação significativa imediatamente" para melhoria da eficiência dos combustíveis, aumento das vendas de veículos elétricos e redução da utilização do petróleo para produzir eletricidade.

Do lado da oferta, a AIE observa que a margem de capacidade disponível de consumo devido à queda em 2020 atingiu um recorde de nove milhões de barris por dia, proporcionando uma almofada "confortável" para os próximos anos.

No entanto, assinala também que a queda acentuada dos preços que ocorreu em 2020 reduziu drasticamente os investimentos, de modo que entre 2020 e 2026 apenas se prevê um aumento da produção de cinco milhões de barris por dia.

Por outras palavras, em 2026 a margem excedentária poderia ser reduzida para 2,4 milhões de barris por dia, o que seria o mais baixo desde 2016.

Quanto às instalações de refinação, as atuais sobrecapacidades só podem ser corrigidas com "encerramentos massivos".

De acordo com a AIE, embora já se tenha anunciado que se vai pôr fim à atividade em instalações que tratam 3,6 milhões de barris por dia, no total será necessário um corte de pelo menos seis milhões para que a taxa de utilização possa regressar a níveis superiores a 80% que permitam a rentabilidade do negócio.
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