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Acionistas da Galp aprovam dividendos de 318 milhões de euros
Apesar da onda de críticas, os acionistas da Galp aprovaram a distribuição de dividendos relativos ao exercício de 2019. O Estado vai receber cerca de 24 milhões de euros.
Os acionistas da Galp aprovaram a proposta de distribuição de dividendos de 318 milhões de euros relativos ao exercício de 2019 na assembleia geral virtual que decorreu esta sexta-feira à tarde. De acordo com o comunicado emitido à CMVM, todas as propostas, incluindo o pagamento de um dividendo de 70 cêntimos por ação, foram aprovadas pela maioria dos presentes na reunião que este ano contou com a presença de ativistas ambientais. Todas as propostas foram aprovadas por mais de 98% dos acionistas presentes.
A reunião de acionistas da Galp este ano contou com novas caras: quatro activistas do grupo Climáximo que compraram o número mínimo de ações só para poderem participar na AG para confrontarem a administração da Galp sobre questões relacionadas com a crise climática.
Este grupo de ativistas promoveu ainda o movimento #GalpMustFall [A Galp tem de cair], à semelhança do que aconteceu na Holanda com a Shell, que chegou a estar na lista dos assuntos mais falados no Twitter em Portugal com mais de quatro mil tweets.
Apesar da onda de críticas sobre a distribuição de dividendos por parte da petrolífera tendo em conta o atual momento de crise, a proposta foi aprovada. Entre os acionistas que vão receber a maior fatia dos dividendos (perto de 106 milhões de euros) encontra-se a Amorim Energia, controlada pela família Amorim (55%) e em 45% pela Esperaza Holding, que por sua vez é controlada em 60% pela Sonangol e em 40% pela empresária Isabel dos Santos.
Já o Estado, que detém 7,48% através da Parpública, vai receber quase 24 milhões de euros.
O pagamento destes 318 milhões de euros vai, assim, somar-se aos cerca de 260 milhões do dividendo intercalar já pagos em setembro de 2019 e que no seu total (580 milhões de euros) superam os lucros obtidos pela petrolífera no exercício de 2019 (560 milhões de euros).
Como a empresa já tinha dito ao Negócios no final de março, ia manter a proposta de distribuição dos dividendos relativos a 2019, mas irá reavaliar o valor a distribuir nos próximos anos. "Este período singular que atravessamos está a ter um elevado impacto nos negócios da empresa, pelo que a Galp avaliará oportunamente o modo de enquadrar aquela política numa nova realidade", referiu na altura a petrolífera.
A Galp tinha anunciado em fevereiro que, tendo em conta o ritmo de crescimento que estava a registar, tinha planos de aumentar o dividendo em 10% ao ano até 2021. Um objetivo que será agora revisto.
Entretanto, a empresa anunciou também que vai reduzir as despesas e o investimento operacional em mais de 500 milhões de euros por ano em 2020 e 2021 para fazer face aos efeitos da pandemia do novo coronavírus na sua atividade.