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WorldCom diz que práticas contabilísticas «esconderam» perdas de 4 mil milhões (act3)

A WorldCom anunciou que irá registar prejuízos relativos a 2001 e no primeiro trimestre de 2002, depois de ter descoberto que inflaccionou os seus resultados, não tendo registado 3,9 mil milhões de dólares em despesas. A empresa demitiu o CFO.

26 de Junho de 2002 às 12:24
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A WorldCom anunciou que irá registar prejuízos relativos a 2001 e no primeiro trimestre de 2002, depois de ter descoberto que inflaccionou os seus resultados, não tendo registado 3,9 mil milhões de dólares (3,95 mil milhões de euros) em despesas. A empresa demitiu o CFO.

O Departamento de Justiça norte-americano iniciou uma investigação criminal às práticas contabilísticas da empresa, noticiou hoje o «Washington Post» na sua edição electrónica. A Arthur Andersen, a auditora da WorldCom na altura da fraude, anunciou que não tinha conhecimento das despesas escondidas.

O anúncio da segunda maior operadora de chamadas de longa distância norte-americana poderá constituir a maior fraude contabilística de sempre e dificultará o acesso da WorldCom, com uma dívida de 30 mil milhões de dólares (30,35 mil milhões de euros), a novas linhas de crédito, com os investidores a recearem a falência da empresa.

As acções da WorldCom afundaram mais de 50% para os 0,35 dólares (0,35 euros) na negociação «after-hours», perdendo mil milhões de dólares (1,01 mil milhões de euros) em termos de capitalização bolsista.

A WorldCom já estava sob investigação por parte da Securities Exchange Commission (SEC) devido a algumas da suas práticas contabilísticas e às condições suspeitas em que o seu antigo presidente Bernard Ebbers, que foi demitido em Abril, contraiu um empréstimo.

A SEC anunciou que solicitou à WorldCom um relatório detalhado relativo às despesas não declaradas de 3,9 mil milhões de dólares.

WorldCom dispensa 17 mil funcionários

A empresa prepara-se para reduzir 17 mil postos de trabalho, ou cerca de 28% da sua força laboral, a partir da próxima sexta-feira. A WorldCom notificou a SEC que a descoberta ocorreu após uma auditoria interna às contas da operadora.

O administrador financeiro, ou CFO, da WorldCom, Scott Sullivan, começou a trabalhar para a empresa em 1992, depois da companhia ter adquirido a Advanced Telecommunications. Ebbers, o antigo presidente, atribuíu a Sullivan o mérito de ter conseguido superar a oferta da British Telecommunications sobre a MCI Communications em 1997.

«O facto de terem despedido o CFO indica que onde há fumo, há provavelmente fogo», afirmou Michael Mahoney, um gestor de activos da EGM Capital, citado pela agência Bloomberg.

«Scott era um dos CFOs que mais impacto e talento tinha em termos de conhecimento da própria empresa», afirma a mesma fonte.

Auditoria revela despesas escondidas

A WorldCom afirmou que a auditoria interna descobriu que as despesas que deviam ter sido registadas na sua demonstração de resultados foram, ao invés, declarados como despesas de capital. Esta prática inflacciona os resultados porque as despesas de capital podem ser registadas ao longo do tempo, em vez de serem registadas na altura em que a custo ocorreu.

Sem estas transferências, que ocorreram em 2001 e no primeiro trimestre deste ano, o «cash flow» seria reduzido em 6,34 mil milhões de dólares (6,4 mil milhões de euros) em 2001 e 1,39 mil milhões de dólares (1,4 mil milhões de euros) no primeiro trimestre de 2002.

Exluindo estas transferências, a empresa teria registado prejuízos quer em 2001 quer já em 2002.

Investigação da SEC começou em Março

A WorldCom afirmou em Março que a SEC havia requerido informação sobre a sua contabilidade e os empréstimos concedidos a Ebbers. Os empréstimos ascendiam a 408,2 milhões de dólares (411,47 milhões de euros) em Maio, de acordo com um comunicado de então da empresa.

A Arthur Andersen foi a auditora da WorldCom até Maio, quando a empresa foi substituída pela KPMG. A Andersen afirmou em comunicado que o seu trabalho com a WorldCom seguia os procedimentos impostos pela SEC «em todas as alturas».

O CFO da WorldCom «reteve» informação acerca dos custos da empresa, alegou a Andersen, que no início deste mês foi considerada culpada de impedir um inquérito por parte da SEC às contas da eléctrica norta-americana Enron.

Scott Sullivan «também não consultou a Andersen quanto ao tratamento contabilístico», acrescentou a auditora em comunicado.

A quinta maior auditora mundial reuniu-se com o comité de auditoria da WorldCom e com a sua nova administração e alertou a companhia para o facto de que «não se podia fiar» nas demonstrações financeiras de 2001, segundo um comunicado da empresa.

A WorldCom irá reduzir os postos de trabalho através da eliminação de algumas das suas operações, da não renovação de contratos e através de despedimentos, de acordo com o comunicado da WorldCom.

Com estas medidas, a operadora americana estima uma redução de custos de 900 milhões de dólares (906,3 milhões de euros). A empresa emprega 61.800 funcionários.

Por Ricardo Domingos

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