A Sonaecom afirmou que em caso de sucesso da OPA terá os mesmos direitos que a Portugal Telecom detém actualmente na PTM, e que está "consciente" da necessidade de desblindar os estatutos da Multimédia para avançar com a eventual venda da empresa. Fonte da empresa lembrou ao Negócios que "também a PT precisa de o fazer para avançar com o prometido ‘spin-off’".

Esta posição surge depois da Reuters ter revelado que na resposta ao projecto de decisão da AdC, tanto a PT como a PT Multimédia referiram que a Sonae não pode garantir a separação da rede de cabo da de cobre.

Na sua resposta, a PT e a PTM referiram que "excepto num cenário em que a Sonaecom venha a adquirir pelo menos 90% da PTM (o que não está naturalmente no seu controlo), a notificante (Sonaecom) apenas poderá exercer o equivalente a 5% dos votos, não tendo assim garantida uma posição de controlo na AG da PTM, nem podendo consequentemente assegurar a aprovação de medidas sobre as quais essa AG venha a ser chamada a pronunciar-se".

Este "pormenor", no entender das empresas visadas na OPA, complica a possibilidade da Sonaecom em vender a rede de cabo ou alienar conteúdos da PTM, um dos remédios negociados com a AdC para a não oposição à operação.

"Ficaremos exactamente com as mesmas limitações que a Portugal Telecom enfrenta hoje em dia" referiu fonte da empresa contactada pelo Jornal de Negócios, declarando que tanto a empresa nortenha como a AdC "estavam já plenamente conscientes deste facto", sublinhando que a necessidade de proceder à desblindagem dos estatutos da PTM "já constava em dois documentos por nós enviados à AdC".

A mesma fonte ainda estranhou a chamada de atenção feita pela PT à AdC, especialmente quando "a própria empresa prometeu o ‘spin-off’ da PT Multimédia tendo que passar exactamente pela mesma desblindagem de estatutos para avançar com esse processo", adiantou ao Negócios. A Portugal Telecom, apesar de deter 58,43% da PTM, está igualmente limitada a 5% dos votos.