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Sonae quase duplica lucros para 118 milhões no primeiro semestre
O grupo liderado por Cláudia Azevedo faturou 3,4 mil milhões de euros nos primeiros seis meses deste ano, um crescimento homólogo de 7,9%suportado sobretudo pela Sonae MC, enquanto a dívida líquida levou um corte de 400 milhões, fixando-se agora em 1,1 mil milhões.
Os lucros da Sonae chegaram aos 118 milhões de euros nos primeiros seis meses deste ano, quase duplicando os 62 milhões obtidos no mesmo período do ano passado. Recorde-se que o grupo tinha fechado o primeiro semestre de 2020 com prejuízos de 76 milhões de euros.
Entre janeiro e junho de 2022, as vendas da dona dos hipermercados Continente registaram um crescimento homólogo de 7,9%, para 3,45 mil milhões de euros, e o EBITDA 10,6% para 319 milhões de euros.
"Este desempenho operacional consolidado, juntamente com a nossa gestão ativa do portefólio, permitiu gerar mais de 600 milhões de euros de ‘cash flow’ nos últimos 12 meses, possibilitando o pagamento de dividendos aos nossos acionistas e uma redução de quase 400 milhões de euros da dívida líquida em termos homólogos", realça Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, na mensagem que acompanha a apresentação de contas do primeiro semestre de 2022, publicada esta quinta-feira, 28 de julho, na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
No final de junho passado, a dívida líquida do grupo fixava-se em 1,1 mil milhões de euros.
Durante os primeiros seis meses deste ano, a principal alteração do portefólio da Sonae foi a aquisição de mais 10 % na Sierra, o braço imobiliário (sobretudo centros comerciais) do grupo, por 83,5 milhões de euros, e onde detém agora 90%.
Nos últimos 12 meses, o grupo com sede na Maia investiu 563 milhões de euros e criou mais 1.400 postos de trabalho.
O forte aumento das vendas do grupo teve o contributo decisivo da Sonae MC, cuja faturação registou um acréscimo homólogo de 7,6% 7,6% para 2,7 mil milhões de euros.
"Em termos de rentabilidade, a evolução positiva do volume de negócios da MC, no primeiro semestre de 2022, contribuiu para compensar a pressão na sua base de custos, nomeadamente no que diz respeito ao aumento dos custos da energia e combustíveis, conduzindo a um crescimento do EBITDA subjacente para 242 milhões de euros, com uma margem de 9%", explica a Sonae.
Nos outros negócios da Sonae, grande destaque para a ISRG (retalho de desporto), com um crescimento homólogo das vendas de 71% para 621 milhões de euros, tendo os lucros aumentado para 8,3 milhões; e para a Nos, com a faturação a crescer 9,5% para 742 milhões, tendo a contribuição para os lucros do grupo atingido 19 milhões.
Na Worten, as vendas cresceram apenas 0,6% para 521 milhões, enquanto na Zeitreel (negócio de moda) aumentaram 28,1% para 174 milhões de euros.
A Sierra apresentou neste semestre um lucro de 28 milhões de euros, com os seus ativos a registarem uma valorização em 5,7% para 978 milhões de euros, enquanto nos serviços financeiros do grupo o Universo faturou 17 milhões de euros na primeira metade de 2022.
Braço de investimento tecnológico faz grandes compras e vendas
Entretanto, a Bright Pixel, braço de investimento tecnológico do grupo Sonae, continua bastante ativo na gestão do seu portefólio, tendo registado várias compras e vendas no primeiro semestre deste ano.
Em termos de saídas, a Bright Pixel chegou a acordo para a venda, em conjunto com os restantes acionistas minoritários, do capital social e direitos de voto da Maxive, a "holding" que agrega a S21sec e a Excellium, à Thales Europe, com uma mais-valia estimada de 63 milhões de euros, estando a conclusão do negócio dependente das necessárias aprovações regulatórias.
A empresa vendeu também a sua participação minoritária na Cellwize, a qual estava no seu portefólio desde 2019, à Qualcomm Technologies, com encaixe total de 22,5 milhões de euros e uma mais-valia estimada de 13,8 milhões.
Relativamente à expansão do seu portefólio, a Bright Pixel concluiu dois novos investimentos no total de 12,8 milhões de euros, nos segmentos de tecnologia de retalho e infraestruturas digitais, e reforçou a participação em algumas das empresas do seu portefólio, nomeadamente na Sales Layer e na Portainer.io em rondas de financiamento de 25 milhões de dólares e 6,2 milhões de dólares, respetivamente.
"Globalmente, o capital investido no portefólio ativo atingiu os 171 milhões de euros no final do primeiro semestre de 2022, mais 8,1% numa base trimestral", contabiliza a Sonae, adiantando que o NAV (valor líquido dos ativos) da empresa situou-se em 416,5 milhões de euros, mais 10,1% numa base trimestral e 5,4% acima face ao final do ano passado, "impulsionado pelos novos investimentos e pela evolução positiva do valor do portefólio atual, que mais do que compensaram as saídas", afiança.
"Estamos bem posicionados para navegar o próximo ciclo macroeconómico"
Em síntese, considera Cláudia Azevedo, "apesar da redução da confiança dos consumidores e da forte pressão sobre as estruturas de custos, o portefólio da Sonae continuou a demonstrar a sua adaptabilidade, resiliência e capacidade de responder às necessidades dos nossos clientes", com o grupo que lidera a apresentar, no primeiro semestre de 2022, "resultados sólidos, com os nossos negócios a reforçarem novamente as suas posições de liderança de mercado, consolidando também os seus programas de transformação digital".
Relativamente ao futuro, a CEO da Sonae afirma-se "confiante que, com o nosso portefólio de empresas líderes, as nossas equipas dedicadas e a nossa situação financeira sólida, estamos bem posicionados para navegar o próximo ciclo macroeconómico".
De resto, ainda que "focados e unidos para ultrapassar os desafios económicos, sociais e ambientais da atualidade", Cláudia Azevedo admite que "a volatilidade e a incerteza atuais conduzem a uma necessidade de agir com maior sentido de colaboração, velocidade e ambição".