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Salvador rende Vasco na liderança executiva do Grupo José de Mello
O conselho de acionistas da família José de Mello acaba de designar Salvador de Mello para a presidência executiva do grupo, passando o irmão a "chairman". Rui Diniz ascende à liderança dos hospitais e clínicas CUF.
Vasco de Mello abandonou esta segunda-feira, 11 de janeiro, a presidência da comissão executiva do Grupo José de Mello, entrando para o seu lugar o irmão Salvador de Mello, que até agora liderava a rede de hospitais e clínicas CUF e que é também o atual responsável pelo Health Cluster Portugal.
Nascido em Lisboa em 1956, Vasco de Mello mantém-se como "chaiman" do grupo fundado em 1898 pelo bisavô Alfredo da Silva, que em 2019 registou lucros de 72 milhões de euros. Mantém o mesmo cargo na Brisa, após a venda da maioria do capital ao consórcio encabeçado pela holandesa APG Asset Management, e também a direção da Fundação Amélia de Mello.
"A alteração da presidência executiva decorre de um processo de sucessão natural, numa altura em que o Grupo José de Mello se encontra preparado para encarar com ambição um novo ciclo de crescimento dos negócios e desenvolvimento de novas oportunidades, dando continuidade a um legado histórico empresarial com mais de 120 anos e reforçando o nosso compromisso de longo prazo de contribuirmos para o futuro de Portugal", frisa Vasco de Mello.
À presidência executiva da CUF, que reclama o estatuto de maior operador privado de cuidados de saúde em Portugal, ascende Rui Diniz. Formado em Economia pela Católica, o antigo consultor e sócio da McKinsey (1996 - 2010) estava como vice-presidente desde 2015. Salvador de Mello, o novo líder do grupo familiar, fica como "chaiman" da antiga José de Mello Saúde, que em setembro abriu um novo hospital de 170 milhões de euros em Lisboa.
de Mello
Outra mudança de relevo no grupo, anunciada esta tarde, é que o vice-presidente da comissão executiva e responsável pelo conselho de acionistas da família, Pedro de Mello, passa a ter funções não executivas. É um dos 11 irmãos de Vasco de Mello e o responsável máximo pelo negócio de vinhos ligado há três gerações à família (Monte da Ravasqueira), sediado em Arraiolos.
Num comunicado enviado às redações, o grupo sublinha ainda que a nova liderança executiva de Salvador de Mello "visa também dar continuidade a um legado histórico empresarial iniciado em 1898 por Alfredo da Silva, permitindo o crescimento e o desenvolvimento do Grupo José de Mello e mantendo o compromisso de contribuir para a dinamização da economia nacional e para o futuro de Portugal".
Estas mudanças acontecem oito meses após, a 28 de abril, o grupo ter acordado a venda de 81,1% da Brisa ao consórcio formado pela holandesa APG, a sul-coreana NPS e a suíça SLAM, num negócio avaliado em 2,4 mil milhões de euros. No seguimento dessa operação, passou a ter apenas dois elementos na nova administração liderada por Pires de Lima, nenhum deles de cariz executivo: Vasco de Mello no lugar de "chairman" e Luís Goes como vogal.
Legado "poderoso" a caminho da quinta geração
Além de marcar presença na área da saúde com os hospitais e clínicas CUF e de manter participações minoritárias na Brisa (17%) e na Efacec (14%), esta última com a posição de controlo de Isabel dos Santos nacionalizada, o grupo está na indústria química com a Bondalti, na manutenção com a ATM e nas residências para seniores com a José de Mello Residências e Serviços. No setor do vinho, fora da carteira de participações da "holding" de controlo do grupo, a família gere o projeto alentejano Monte da Ravasqueira.
Os 122 anos que o grupo conta têm sido feitos de avanços e recuos. Passou por diferentes crises, desde as duas guerras mundiais à nacionalização de 1975. Na crise de 2011, Vasco de Mello, que no ano passado o Negócios colocou em 20º na lista dos mais poderosos da economia portuguesa, viu a sobrevivência do grupo ser posta em causa, a braços com uma elevada dívida e pressionado pela banca.
A reestruturação obrigou à venda de participações relevantes na Efacec e na Brisa Concessão Rodoviária, que geria as principais autoestradas do grupo, e à saída do capital da EDP. Ultrapassada a fase de maior pressão – reduziu quase 3 mil milhões de dívida nos últimos sete anos –, Vasco de Mello, nascido em Lisboa em 1956 e licenciado em Gestão de Empresas pelo American College of Switzerland, acredita que entregará o grupo à quinta geração melhor do que o recebeu.