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Salvador rende Vasco na liderança executiva do Grupo José de Mello

O conselho de acionistas da família José de Mello acaba de designar Salvador de Mello para a presidência executiva do grupo, passando o irmão a "chairman". Rui Diniz ascende à liderança dos hospitais e clínicas CUF.

Salvador (à esquerda) substitui Vasco como CEO do grupo José de Mello. Tiago Petinga
11 de Janeiro de 2021 às 15:46
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Vasco de Mello abandonou esta segunda-feira, 11 de janeiro, a presidência da comissão executiva do Grupo José de Mello, entrando para o seu lugar o irmão Salvador de Mello, que até agora liderava a rede de hospitais e clínicas CUF e que é também o atual responsável pelo Health Cluster Portugal.

 

Nascido em Lisboa em 1956, Vasco de Mello mantém-se como "chaiman" do grupo fundado em 1898 pelo bisavô Alfredo da Silva, que em 2019 registou lucros de 72 milhões de euros. Mantém o mesmo cargo na Brisa, após a venda da maioria do capital ao consórcio encabeçado pela holandesa APG Asset Management, e também a direção da Fundação Amélia de Mello.

 

"A alteração da presidência executiva decorre de um processo de sucessão natural, numa altura em que o Grupo José de Mello se encontra preparado para encarar com ambição um novo ciclo de crescimento dos negócios e desenvolvimento de novas oportunidades, dando continuidade a um legado histórico empresarial com mais de 120 anos e reforçando o nosso compromisso de longo prazo de contribuirmos para o futuro de Portugal", frisa Vasco de Mello.

 

À presidência executiva da CUF, que reclama o estatuto de maior operador privado de cuidados de saúde em Portugal, ascende Rui Diniz. Formado em Economia pela Católica, o antigo consultor e sócio da McKinsey (1996 - 2010) estava como vice-presidente desde 2015. Salvador de Mello, o novo líder do grupo familiar, fica como "chaiman" da antiga José de Mello Saúde, que em setembro abriu um novo hospital de 170 milhões de euros em Lisboa.

 

A alteração decorre de um processo de sucessão natural, numa altura em que o grupo se encontra preparado para encarar com ambição um novo ciclo de crescimento dos negócios e desenvolvimento de novas oportunidades. Vasco de Mello, presidente do Conselho de Administração da José
de Mello

 

Outra mudança de relevo no grupo, anunciada esta tarde, é que o vice-presidente da comissão executiva e responsável pelo conselho de acionistas da família, Pedro de Mello, passa a ter funções não executivas. É um dos 11 irmãos de Vasco de Mello e o responsável máximo pelo negócio de vinhos ligado há três gerações à família (Monte da Ravasqueira), sediado em Arraiolos.

 

Num comunicado enviado às redações, o grupo sublinha ainda que a nova liderança executiva de Salvador de Mello "visa também dar continuidade a um legado histórico empresarial iniciado em 1898 por Alfredo da Silva, permitindo o crescimento e o desenvolvimento do Grupo José de Mello e mantendo o compromisso de contribuir para a dinamização da economia nacional e para o futuro de Portugal".

Estas mudanças acontecem oito meses após, a 28 de abril, o grupo ter acordado a venda de 81,1% da Brisa ao consórcio formado pela holandesa APG, a sul-coreana NPS e a suíça SLAM, num negócio avaliado em 2,4 mil milhões de euros. No seguimento dessa operação, passou a ter apenas dois elementos na nova administração liderada por Pires de Lima, nenhum deles de cariz executivo: Vasco de Mello no lugar de "chairman" e Luís Goes como vogal.

 

Legado "poderoso" a caminho da quinta geração

 

Além de marcar presença na área da saúde com os hospitais e clínicas CUF e de manter participações minoritárias na Brisa (17%) e na Efacec (14%), esta última com a posição de controlo de Isabel dos Santos nacionalizada, o grupo está na indústria química com a Bondalti, na manutenção com a ATM e nas residências para seniores com a José de Mello Residências e Serviços. No setor do vinho, fora da carteira de participações da "holding" de controlo do grupo, a família gere o projeto alentejano Monte da Ravasqueira.

 

Os 122 anos que o grupo conta têm sido feitos de avanços e recuos. Passou por diferentes crises, desde as duas guerras mundiais à nacionalização de 1975. Na crise de 2011, Vasco de Mello, que no ano passado o Negócios colocou em 20º na lista dos mais poderosos da economia portuguesa, viu a sobrevivência do grupo ser posta em causa, a braços com uma elevada dívida e pressionado pela banca.

 

A reestruturação obrigou à venda de participações relevantes na Efacec e na Brisa Concessão Rodoviária, que geria as principais autoestradas do grupo, e à saída do capital da EDP. Ultrapassada a fase de maior pressão – reduziu quase 3 mil milhões de dívida nos últimos sete anos –, Vasco de Mello, nascido em Lisboa em 1956 e licenciado em Gestão de Empresas pelo American College of Switzerland, acredita que entregará o grupo à quinta geração melhor do que o recebeu.

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