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CUF regista prejuízos de 23,8 milhões em 2020

A pandemia e os contratos das PPP de Vila Franca de Xira e Braga arrastaram para o vermelho as contas da empresa de saúde do grupo José de Mello, que detém 18 hospitais e clínicas privadas. Só os partos e a dívida subiram.

Rui Diniz substituiu Salvador de Mello no cargo de CEO em janeiro de 2021. DR
23 de Abril de 2021 às 17:35
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A CUF registou prejuízos de 23,8 milhões de euros em 2020, o que compara com lucros de 29 milhões no exercício anterior, em resultado da diminuição dos rendimentos operacionais, refletindo o impacto da pandemia, mas também da constituição de perdas por imparidade e de provisões relacionadas com os contratos das parcerias público-privadas (PPP) de Vila Franca de Xira e de Braga.

 

No comunicado enviado à CMVM esta sexta-feira, 23 de abril, a empresa que detém 18 hospitais e clínicas privadas e que gere ainda o Hospital de Vila Franca de Xira em regime de PPP – o contrato do Estado com a antiga José de Mello Saúde termina a 31 de maio deste ano – lembra que "a pandemia ainda está longe de estar controlada" e que "a incerteza [que persiste] quanto à sua duração (…) terá naturalmente impactos na atividade da CUF".

 

Os rendimentos operacionais consolidados caíram 24%, atingindo os 533,5 milhões de euros no ano passado - excluindo a atividade da PPP de Braga e os seus efeitos extraordinários em 2019, depois de terminado o contrato a 31 de agosto desse ano, o recuo homólogo seria de 6,8% -, tendo diminuído a um ritmo menor (-6,2%) na rede CUF do que na prestação pública (-11%) em que o resultado da operação caiu 20,7 milhões de euros.

A incerteza [que persiste] quanto à duração da pandemia terá naturalmente impactos na atividade da CUF. Comunicado sobre os resultados consolidados de 2020

 

A empresa liderada desde janeiro por Rui Diniz, que assumiu o cargo quando Salvador rendeu o irmão Vasco na presidência executiva do grupo José de Mello, sublinha que "fruto da confiança dos clientes e da resiliência das equipas na retoma da atividade, o 2.º semestre de 2020 traduziu um crescimento face ao período homólogo". No entanto, acrescenta, "tendo em conta a redução registada no 1.º semestre, que gerou um impacto significativo nas contas consolidadas da CUF, o desempenho global do ano é negativo".

 

No comunicado publicado esta tarde, a marca que reclama o estatuto de maior operador privado de cuidados de saúde no país – presente em Lisboa, Porto, Almada, Oeiras, Cascais, Sintra, Mafra, Torres Vedras, Santarém, Coimbra, Viseu, S. João da Madeira e Matosinhos – destaca ainda a diminuição do EBITDA para 44,3 milhões de euros (-54,7% face a 2019). Atribui-o à quebra da atividade e à manutenção da capacidade total disponível, incluindo ao nível dos recursos humanos, "não tendo recorrido a qualquer lay-off".

 

Partos no verde e dívida a vermelho

 

No capítulo dos indicadores assistenciais, os únicos que não derraparam foram os partos no segmento privado, que subiram 5,8% em 2020, e o número de dias de internamento na PPP de Vila Franca de Xira (+2,4%). Todos os outros passaram para o terreno negativo face ao período homólogo, incluindo as consultas (-14,7%), as urgências (-38,5%) e os doentes operados (-9,7%) na rede de unidades privadas da marca CUF.

366Urgências
As idas às urgências nos hospitais e clínicas privadas da CUF caíram 38,5% em 2020, face ao ano anterior, num total de 366 mil registos.

 

Por outro lado, a dívida bruta financeira aumentou 42,8 milhões de euros no último ano, subindo para 577,1 milhões de euros no final de 2020, "o que se explica em grande parte pelo recurso a financiamentos no âmbito da expansão da rede CUF [Tejo, Sintra e Torres Vedras] e a linhas de financiamento de curto-prazo obtidas, de acordo com as necessidades de tesouraria no contexto da pandemia".

 

Inaugurado em setembro em Alcântara (Lisboa), o CUF Tejo custou 170 milhões de euros.
Inaugurado em setembro em Alcântara (Lisboa), o CUF Tejo custou 170 milhões de euros.



A CUF informa ainda que no segundo semestre obteve junto dos detentores de obrigações "um consentimento para o não cumprimento do limite de 6,0x do rácio dívida financeira líquida / EBITDA, exclusivamente para o exercício de 2020, substituindo o mesmo por um limite máximo de 570 milhões de euros na dívida financeira líquida, que foi confortavelmente cumprido".

 

Ao nível do financiamento, oficializou em março de 2020 um contrato de 33 milhões de euros com o Bank of China e, com esta operação, concretizou a sua estratégia de refinanciamento, detalhando que "não [existe] até 2023, além dos financiamentos de curto-prazo contratados, qualquer outro refinanciamento significativo a vencer-se".

76,4 milhões investidos em Lisboa, Sintra e Torres Vedras A CUF realizou um investimento total de 96,8 milhões de euros em 2020, dos quais se destacam os 67,4 milhões de euros aplicados na área da expansão (com as obras e equipamentos nos hospitais CUF Tejo, Sintra e Torres Vedras) e 8,6 milhões em sistemas de informação. Após a abertura do novo Hospital CUF Tejo, inaugurado em setembro de 2020, foi encerrada a antiga unidade CUF Indante Santo e o edifício da Travessa do Castro, em Lisboa, foi vendido em dezembro. A promotora imobiliária Avenue já anunciou um condomínio de luxo com 87 apartamentos para aquele local, num projeto designado Villa Infante e que está avaliado em 60 milhões de euros.
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