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Rio: Governo tem de “deixar de ser o elefante na sala que parte tudo"
Para o líder da oposição, o governo tem-se portado com um elefante na sala. Não um elefante de que ninguém fala, mas um elefante "que parte tudo".
O presidente do PSD, Rui Rio, defendeu hoje que o Governo deve "deixar de ser o elefante na sala que parte tudo" e ter "habilidade e inteligência" para ajudar a resolver a greve dos motoristas.
Em declarações aos jornalistas em Viseu, Rui Rio disse que "havia um elefante no meio da sala, que era o Governo, que estava a criar um ruído e a montar um circo, um drama, que só dificultava qualquer solução".
Agora, acrescentou, assumindo-se como mediador entre a entidade patronal e os motoristas, "caminhou para uma posição diferente" e "melhor, em que as partes não dialogam diretamente", mas fazem-no através do Governo. "Cabe agora ao Governo fazer o esforço necessário, ter a habilidade e a inteligência necessárias para conseguir trazer as duas partes a um ponto de encontro", afirmou, acrescentando que, "se isso já aconteceu com outros sindicatos", poderá ser conseguido com aquele que falta.
Rui Rio disse ter esperança de que tal aconteça nos próximos dias. "Esse é o papel que o Governo deve ter para deixar de ser o elefante na sala que parte tudo, para ser, como no futebol, aqueles árbitros que nem se dá por eles", defendeu.
Na sua opinião, para ser um bom mediador, "o Governo devia estar com recato, com sentido de Estado, quase sem se dar pela sua presença".
O líder social-democrata apelou às duas partes para "que haja um esforço muito grande e um bom senso muito grande, porque não se pode pedir às empresas aquilo que elas não podem dar, mas também não se pode permitir que os motoristas continuem quer com um salário tão baixo, quer com as condições de trabalho que efetivamente não são as melhores".
Instado a comentar as declarações feitas sexta-feira pelo primeiro-ministro, António Costa, que considerou que Rui Rio "porventura" não acompanhou com atenção a greve dos motoristas por estar em uso "legítimo" de férias, o social-democrata lembrou o que se passou na altura dos incêndios de Pedrógão Grande.
"O que está em causa neste caso (na greve nos motoristas) era eu entrar ou não num circo mediático durante quatro ou cinco dias. Mas o que esteve em causa quando ele pura e simplesmente não interrompeu as férias foi a morte de mais de 60 pessoas", frisou, considerando que aquilo que António Costa disse "foi de infelicidade enorme".
Na opinião de Rui Rio, se nos primeiros dias da greve podia parecer que o Governo "ganhava politicamente" com a posição que assumiu, neste momento é "exatamente o contrário".
"Acho que os portugueses perceberam que se montou aqui uma farsa demasiado exagerada com fins eleitorais. Portanto, não acho que sai reforçado, acho até que sai um pouco enfraquecido", acrescentou.
Os motoristas de matérias perigosas cumprem hoje o sexto dia de uma greve por tempo indeterminado, depois de, nesta madrugada, ter falhado um acordo mediado pelo Governo numa reunião que durou cerca de 10 horas. A paralisação foi inicialmente convocada pelo SNMMP e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), mas este sindicato desconvocou o protesto na quinta-feira à noite, após um encontro com a Antram sob mediação do Governo.
No final do primeiro dia de greve, o Governo decretou uma requisição civil, parcial e gradual, alegando incumprimento dos serviços mínimos que tinha determinado. Portugal está em situação de crise energética, decretada pelo Governo devido a esta paralisação para evitar que fossem afetados serviços essenciais à população.