Notícia
Ricardo Salgado identifica uma nova dinâmica empresarial
Líder do BES afirma que estão a aparecer novos negócios, sobretudo a Norte. Paulo Fernandes diz que crise política não travou investimentos
Em cima, foto de equipa | Os sete representantes das empresas vencedoras da terceira edição dos prémios de Internacionalização.
Apesar do momento ser de recessão económica, o presidente do BES, Ricardo Salgado, diz que o banco identifica uma nova tendência de criação de empresas. E até a delimita geograficamente do Mondego para Norte. O banqueiro sublinhou que estão a nascer novos negócios, em novos sectores.
"Estamos constantemente no terreno, através das nossas direcções regionais, e o sentimento profundo que tenho é que há uma nova animação na economia em sectores novos, inovadores, muito centrados de Coimbra para cima. Ainda não sentimos esse dinamismo no Centro-Sul, mas acredito que também pode acontecer", afirmou Ricardo Salgado na cerimónia de entrega de prémios de Internacionalização, organizado pelo Negócios e pelo BES.
Salgado identificou ainda outra tendência na economia interna, o crescimento da actividade agrícola na zona Oeste, que na sua opinião tem contribuído para o aumento do indicador de produção deste sector. O presidente do BES sublinhou ainda a importância da estabilidade, porque sem ela não haverá investimento. O banqueiro defendeu também que os empresários tenham um quadro fiscal mais favorável e duradouro.
"Não tem de ser uma redução significativa, tem é de se dar uma perspectiva futura", explicou.
Nas últimas duas semanas fizemos adjudicações importantes de investimentos.
Governo menos "terrorista"
Já o presidente do grupo Altri e da Cofina (proprietária do Negócios), pensa que a crise política foi "suficientemente breve para não ter repercussões significativas a prazo". E deu o caso do grupo que lidera para justificar que o mundo empresarial não sentiu um grande abalo. "No caso da Altri tínhamos projectados investimentos há bastante tempo, que tinham sido analisados, e nas últimas duas semanas fizemos adjudicações importantes de investimentos", ressalvou.
Paulo Fernandes quer que doravante o Governo seja "menos terrorista em relação ao que tem feito sem prejuízo de ter de fazer o seu trabalho". O empresário deseja que a política de austeridade não seja generalizada, "atacando segmentos pontuais, sem fazer uma política 'across the board', em que se atacam todas as famílias".
Amorim & Irmãos | Paulo Fernandes entrega o prémio ao CEO António Amorim.
Mota Engil | Gonçalo Moura Martins recebe a distinção de Ricardo Salgado.
"É ingénuo e perigoso" pensar que as exportações são via única
As exportações portuguesas valem 37,5% do PIB, segundo Pedro Reis, presidente da AICEP, que por isso mesmo defendeu, durante a cerimónia de entrega de prémios de internacionalização do BES e Negócios, que dada a morfologia da estrutura empresarial nacional "é ingénuo e até perigoso pensar que se levanta uma economia" apenas através deste vector.
"Se queremos catapultar as exportações, precisamos de criar condições para uma nova base exportadora, e para isso temos de tratar do investimento", avançou Reis.
Foi aliás unânime, entre o painel de convidados, que só um mercado interno robusto pode dar azo ao crescimento sustentado das exportações. Mas para que tal seja possível, não faltou quem apontasse a confiança como factor determinante para catapultar uma nova economia. Um deles foi o director-geral da Autoeuropa, António Melo Pires. "Os sinais de que a economia vai voltar, têm de ser mais fortes para as pessoas terem confiança e consumirem", sublinhou o líder da unidade nacional da Volkswagen. Para Melo Pires, a reanimação do mercado interno deveria passar pela aposta na reabilitação urbana de Porto e Lisboa, que na óptica do gestor daria o "click" rápido de crescimento que a economia interna necessita.
Paulo Fernandes, presidente da Altri e da Cofina (detentora do Negócios) referiu sobre este tema que "todas as empresas que exportam também dependem do mercado interno". "É necessário que haja pelo menos uma estabilização [do mercado interno]", sustentou. "Há que aliviar a austeridade que não está a ter os resultados que se pretendiam", defendeu.
O embaixador do Brasil, Mário Vilalva, acredita que Portugal vai sair mais forte politicamente e economicamente da crise que atravessa.
Vencedores por categoria
No terceiro ano dos prémios Negócios/BES foram distinguidas sete empresas
Construção e cortiça são as primeiras nas "grandes"
O prémio internacionalização para grandes empresas teve como vencedoras, este ano, o grupo Mota-Engil, liderado por Gonçalo Moura Martins, e a Amorim&Irmãos SA, que tem na presidência António Amorim. A corticeira repete o galardão que já tinha vencido o ano passado, na altura na companhia da tecnológica TIMWE. O júri decidiu ainda premiar a Sapec, do ramo agro-alimentar, com uma menção honrosa.
Resul vence e há duas menções honrosas nas "médias"
Na categoria de médias empresas, o júri formado por António Melo Pires, director-geral da Autoeuropa, o economista Alberto Castro, e o embaixador brasileiro Mário Vilalva, decidiu dar a maior distinção à Resul, unidade cujos principais clientes são maioritariamente as "utilities" do sector eléctrico, de gás e água.
O mesmo júri entendeu ainda que devia atribuir duas menções honrosas: uma à construtora Cândido José Rodrigues, e outra à Aitec, que desenvolve o seu trabalho na área das tecnologias de informação.
Coimbra tem tecnológica que é revelação
A ISA - Intelligent Sensing Anywhere, S.A, empresa de Coimbra, ganhou o prémio Revelação. É uma empresa de base tecnológica, que oferece e implementa soluções e serviços inovadores de telemetria e gestão remota. É especialista em soluções de telemetria e gestão remota nas áreas da energia, gás, petróleo, saúde e ambiente, e está actualmente presente em mais de 20 países dos cinco continentes do mundo.