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Ricardo Salgado diz «accionistas devem escolher presidente da PT»
O próximo presidente da PT deverá ser escolhido pelos accionistas, ao invés de ser nomeado pelo Estado, defendeu Ricardo Salgado em entrevista ao «Expresso». O presidente do BES manifestou-se ainda contra a privatização da CGD.
Referindo-se ao actual presidente da PT [PTC], Murteira Nabo, Ricardo Salgado afirmou que «o presidente foi eleito por um mandato e é natural que o termine. Depois, devia ser a estrutura accionista a ditar o nome de quem vai conduzir os destinos da empresa».
O BES [BESNN] é o maior accionista privado da operadora, com cerca de 10% do capital. No entanto, a PT é controlada indirectamente pelo Estado, que ainda detém 500 acções com direitos especiais, que lhe conferem o veto nas decisões estratégicas, acrescendo a esta posição os 5% detidos pela CGD na PT.
Ricardo Salgado admitiu a possibilidade de Murteira Nabo continuar como presidente do conselho de administração (CA) da PT após o actual mandato, que termina em 2003, mas sublinhou que «o presidente executivo e os demais administradores, que devem ser profissionais independentes, têm de reflectir a posição dos accionistas».
A comissão executiva da PT é composta por sete membros e nenhum deles representa accionistas que têm assento no conselho de administração.
O presidente do BES já havia afirmado anteriormente que pretendia reforçar a presença do seu grupo na gestão da PT, através da tomada de assento na comissão executiva da maior operadora nacional de telecomunicações.
Ricardo Salgado contra privatização da CGDO presidente do BES adiantou que é «manifestamente contra» a privatização da CGD, uma possibilidade que foi levantada depois de Durão Barroso ter afirmado que poderá privatizar parte do capital do grupo financeiro estatal caso o Partido Social Democrata (PSD) vença as eleições legislativas antecipadas.
Ricardo Salgado justificou a sua posição afirmando que a CGD «tem um papel importante a desempenhar na sociedade portuguesa», que se perderia caso o banco fosse alvo de um processo de privatização.
Salgado afasta taxação de serviços MultibancoO Presidente do BES adiantou que não defende o pagamento dos serviços Multibanco, alegando que foi «mal interpretado» nesta matéria, na sequência de uma entrevista concedida no ano passado ao «Público» e na qual admitiu a possibilidade de alguns serviços virem a ser taxados.
Segundo o mesmo responsável, isso só seria possível em serviços diferenciados, ao passo que o Multibanco é «totalmente indiferenciado e não existem vantagens competitivas de uns bancos para outros».
Ricardo salgado acrescentou que o banco que pensar em taxar os serviços Multibanco «será cilindrado» pela concorrência.
O mesmo responsável reiterou ainda que a estratégia do BES passa por apostar no crescimento orgânico e em possíveis alianças com outros bancos de menor dimensão, uma vez que não pretende que o controle do grupo passe para outras mãos. Neste contexto, Ricardo salgado afastou a hipótese de uma possível aliança com o Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA).
As acções do BES encerraram na sexta-feira inalteradas nos 14,55 euros.