O gigante europeu da aeronáutica EADS-CASA comunicou na semana passada ao Governo português que aceita envolver a indústria nacional no fabrico de materiais compósitos e, em maior dimensão do que a prevista, de peças de fuselagem do avião C-295.

Segundo o " Público", esta é a principal consequência das negociações decorridas no último ano entre as autoridades portuguesas, através da Comissão Permanente de Contrapartidas, e a subsidiária espanhola do consórcio europeu aeronáutico, podendo também representar um forte impulso à constituição de um cluster de indústria aeronáutica em Portugal, inscrita como prioritária no Plano Tecnológico.

São quatro os projectos que a EADS-CASA - braço espanhol do construtor dominado por francês - promete desenvolver: parcerias com empresas portuguesas para o fabrico de materiais compósitos de carbono, o que será uma estreia para o país, fornecimento de componentes para a fuselagem central do C-295, aumento da certificação das empresas do sector, que é a área de maior fragilidade das pequenas e médias empresas (PME) portuguesas, e sem a qual não têm acesso a este mercado, e criação de capacidade no desenvolvimento e certificação de software.

O resultado mais visível destes projectos, a serem concretizados como previsto: uma boa parte das compras que seriam necessárias fazer em Espanha para construir o C-295 serão asseguradas pela economia nacional.

Trata-se do primeiro acordo do género negociado pelas autoridades portuguesas e que é também novo para as empresas portuguesas. Em vez de lhes ser prometido um negócio de exportações, as empresas têm de entrar em processos de certificação e de desenvolvimento tecnológico, o que torna o seu envolvimento também mais exigente.