Notícia
Partex aberta a parcerias e sem interesse em novas licitações
A Partex Oil and Gas da Fundação Calouste Gulbenkian que garantiu mais duas concessões de de petróleo no mercado brasileiro está aberta à realização de parcerias para dividir investimentos e não tem interesse em participar em novas licitações.
Na quinta ronda de licitações promovida pela Agência Nacional de Petróleo, a Partex concorreu em consórcio detido em partes iguais com a brasileira Petrobrás e ganhou mais duas licitações na bacia de Potiguar, onde já mantém uma concessão adquirida no ano passado.
António Costa e Silva, administrador executivo da Partex, justificou a vitória de ontem neste concurso porque «a nossa proposta em termos de trabalho exploratório era muito agressiva».
Em 2004, a Partex vai iniciar os trabalhos de perfuração dos dois blocos ontem garantidos no leilão, que implicou o pagamento de um bónus de valor simbólico de 80 mil reais (24 mil euros).
Os trabalhos de perfuração vão implicar investimentos em cada bloco de 500 mil dólares (498 mil euros), disse ao Negocios.pt Costa e Silva. A perfuração não irá além dos 600 metros, esclareceu a mesma fonte.
A exploração dos restantes blocos que o grupo já detém no Brasil vai continuar, com a abertura de um poço ou uma sísmica tridimensional até 2005, depois de três anos de prospecção. No próximo ano, a empresa vai reafirmar à ANP que está interessada em explorar os blocos que garantiu no ano passado em leilão.
O grupo está confiante no aumento da produção com estes dois blocos leiloados ontem. «Cada um dos blocos deve implicar uma produção de 10 milhões de barris de petróleo». Com isto, «podemos não só recuperar o investimento mas gerar receitas», acrescentou a mesma fonte.
Actualmente, o grupo produz, por dia, 45 mil barris de petróleo.
A área dos blocos ontem leiloados é propicia à exploração de hidrocarbonetos podendo, por conseguinte, produzir gás, outro dos negócios em que a Partex tem vindo a apostar. Neste sector, o grupo tem interesse em Oman e em Abu Dhabi.
Partex aberta a parcerias nos blocos que adquiriu sozinhaNa fase de maiores investimentos, a partir da perfuração de poços, a Partex vai necessitar de mais recursos financeiros e é, nesta perspectiva, que está aberta a novas parcerias.
«Cultivamos as alianças estratégicas com outros parceiros e nos blocos onde estamos sozinhos poderemos realizar parcerias», sublinhou ao Negocios.pt Costa e Silva.
Além da Petrobrás, maior produtora brasileira de petróleo, o grupo tem como parceiros, a Repsol num concessão na Argélia e ainda no Brasil a Chevron e a British Gás, com a recente aquisição de 5% na concessão na Bacia de Santos.
Quanto aos investimentos a efectuar nos próximos anos, Costa e Silva diz que ainda não estão contabilizados e vão depender do sucesso dos trabalhos de exploração. No total, o
Subsidiária da Gulbenkian sem interesse em novas licitaçõesA estratégia do grupo, que levou à participação na quinta ronda de licitações no Brasil que entre ontem e hoje vai licitar 908 blocos localizados em nove bacias, parece ter finalizado.
A empresa quer passar à fase de consolidação dos investimentos nos seis blocos que já controlam no mercado brasileiro.
«Queremos concretizar a rentabilidade dos nossos blocos, consolidando os investimentos», acrescentou Costa e Silva.
«Dificilmente participaremos noutras rondas no próximo ano», destacou a mesma fonte, que não quis, no entanto, afastar de todo essa possibilidade. «Pode ser até que participemos. Tudo depende das oportunidades».
No decorrer do leilão de ontem, a secretária do Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Maria Foster, anunciou aos jornalistas que o Governo equaciona realizar, já em 2004, mais duas rondas de licitações, sendo que a primeira deverá ocorrer em Abril e a segunda no final do ano.
Para atrair o investimento das maiores petrolíferas internacionais, o Governo vai oferecer os blocos devolvidos pela Petrobrás ao abrigo da quebra de monopólio imposta pelo Governo.
Partex estima lucros entre 40 a 45 milhões em 2003A aposta da Partex no Brasil está a dar os seus frutos. No primeiro semestre deste ano, a Partex facturou cerca de 141 milhões de euros, estimando atingir, no final de 2003, o dobro das receitas, em linha com o registado no ano passado, disse Costa e Silva.
Os lucros que ficaram nos 41 milhões de euros, em 2002, «deverão situar-se entre os 40 a 45 milhões de euros» este ano, adiantou a mesma fonte.
No Brasil, a empresa emprega três a quatro pessoas e vai recorrer a técnicos locais para avançar para as novas explorações. O trabalho técnico de pesquisa destes blocos tem sido desenvolvido, até agora, em Portugal.
Por Bárbara Leite