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Os comunicados falsos que atingiram multinacionais

A disseminação de informação falsa, em nome das empresas, tem feito mossa nos negócios pelo menos desde o ano 2000. Antes da Vinci, que foi o alvo desta semana, já houve muitos outros casos.

A empresa presidida por Xavier Huillard foi uma das últimas vítimas dos comunicados falsos
24 de Novembro de 2016 às 10:53
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Em 2012 o preço das acções da pequena companhia ICOA quadruplicou de repente, depois de ser noticiado em vários meios de comunicação reputados que o Google tinha pago a quantia astronómica de 400 milhões de dólares pela sociedade. Só que nada disso aconteceu. O que aconteceu foi que um falso comunicado, distribuído por uma plataforma online conhecida, a PRWeb, lançou a confusão no mercado e levou a uma série de desmentidos e a um debate sobre a facilidade com que este tipo de acções desestabiliza empresas e mercados.


Mas este caso nem sequer foi o primeiro. Quase desde o advento da Internet que a informação falsa, que tanta tinta tem feito correr por causa das eleições americanas, tem lançado o caos não só nas empresas, mas também nos meios de comunicação sociais que por vezes não conseguem detectar a tempo o engano. E isto antes da existência de facilitadores como as redes sociais.


No já longínquo ano 2000, um comunicado supostamente da tecnológica Emulex, dava conta de uma investigação à empresa por parte da agência americana que vigia os mercados, a SEC. A informação, falsa, garantia a saída do CEO do grupo e acabou por ser noticiada por meios como a Bloomberg. No ano seguinte, a mesma SEC publicou uma sentença, da condenação de Mark S. Jakob pelo engodo, que levou as acções da Emulex a perder 62% do seu valor. "Usando um pseudónimo, Jakob, fingindo agir em nome da Emulex, usou um computador pessoal da Universidade de El Camino para enviar um e-mail, a instruir um antigo empregador, a Internet Wire, Inc, a emitir o press release que estava em anexo. O documento parecia ter como origem a própria Emulex e nele podia ler-se que a SEC estava a investigar a companhia, o que era falso", adiantou a agência.


Este ano tem sido pródigo em informações falsas. Em Março, o Washington Post publicou uma notícia (que depois retirou) em que dava conta que a farmacêutica Pfizer iria deixar de aumentar os preços dos seus medicamentos. O comunicado falso foi enviado em nome de um porta-voz (real) da companhia e referia que o grupo iria "cessar os aumentos de preços tradicionais" e reduzir os dos medicamentos para aumentar o acesso dos pacientes aos seus produtos. O documento, que incluía um número de telefone (que não era atendido) tinha também um link para um site que imitava a aparência do da Pfizer, com ligações à página verdadeira da empresa.


Nove meses depois, a Vinci foi alvo de um esquema muito semelhante. Um comunicado, enviado em nome da gestora de infra-estruturas francesa, que é dona dos aeroportos portugueses, dizia que a empresa iria reescrever as contas de 2015 e do primeiro semestre de 2016, por causa de um erro contabilístico, que tinha favorecido, e mesmo empolado, os resultados da empresa. Consequentemente o CFO da empresa teria sido despedido. E havia um link que enviava os utilizadores para uma página praticamente igual à da empresa onde estava o comunicado falso, que mesmo assim foi noticiado pela Bloomberg.

O grupo francês, no seu site (o verdadeiro) desmentiu veementemente que tenha enviado tal informação. " O primeiro press release foi seguido de mais dois, um que disseminava uma negação parcial e outro contendo uma espécie de reivindicação de responsabilidade", referiu a empresa. As acções da Vinci chegaram a caír 18% nesse dia (22 de Novembro). O grupo, liderado por Xavier Huillard (na foto) apresentou queixa contra desconhecidos. 

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