O ministro do Ambiente anunciou esta terça-feira uma acção inspectiva extraordinária à empresa Adubos de Portugal, em Vila Franca de Xira, para averiguar um eventual crime ambiental. Segundo Jorge Moreira da Silva, a acção inspectiva vai decorrer "nas próximas horas" e será para averiguar "eventual crime ambiental por libertação de microrganismos para o meio ambiente", anunciou o governante, citado pela agência Lusa.

Com origem em 1997, a partir da privatização da Quimigal Adubos, e pertencente até 1999 ao universo das empresas da CUF, a ADP- Adubos de Portugal passou a designar-se ADP Fertilizantes a partir de 2009.

Foi nesse ano que o grupo Mello saiu do capital social, que passou desde essa data a ser detido a 100% pela companhia espanhola Fertiberia.

De acordo com os dados disponíveis no “site” da ADP, a empresa empregava, no final de 2013, 416 colaboradores. Encerrou esse ano com lucros de 2,9 milhões de euros (face a 600 mil euros um ano antes) e resultados operacionais de 8,4 milhões de euros (mais 21,7%). O EBITDA, ou resultado antes de impostos, juros, amortização e depreciação, de 10 milhões de euros (menos 9,9%).

Em Portugal, o grupo espanhol detém ainda duas outras empresas associadas à ADP: a Nova AP – Fábrica de Nitrato de Amónio de Portugal, que tem sede no Lavradio e emprega, de acordo com a empresa, 60 colaboradores; e a SOPAC – Sociedade Produtora de Adubos Compostos (antiga Sapec Adubos), com sede em Setúbal, e capacidade de produção de 400 mil toneladas por ano. Emprega 96 colaboradores.  

A manterem-se os dados oficiais constantes nos “sites” da Fertiberia, o grupo espanhol emprega mais de 50% dos seus colaboradores em Portugal. No total, a 31 de Dezembro de 2013, o grupo empregava 854 colaboradores em Portugal, Espanha e Brasil (sucursal especializada em fertilizantes produzidos pela ADP).

No território nacional, o grupo ADP reivindica a liderança do “mercado de fertilizantes [70%], comercializando produtos de fabricação própria, nomeadamente adubos sólidos, adubos líquidos, bioestimulantes e correctivos agrícolas”, conforme consta do “site” institucional.

Com uma capacidade de produção superior a 1,1 milhões de toneladas nas suas fábricas de Alverca e Setúbal, a ADP dispõe de uma ampla rede de centros de distribuição e armazenamento que cobre toda a procura proveniente do mercado doméstico, de Espanha e de Marrocos”, avança a informação institucional da companhia.

O grupo espanhol detém actualmente oito armazéns na Península Ibérica “todos eles conectados com as suas respectivas fábricas, por comboio ou auto-estrada”, é explicado ainda no “site”.  A procura dos produtos do grupo ibérico está dividida em: 78% distribuidores dos produtos produzidos pela fabricante; 20% cooperativas de agricultores  e 2% de produtores que compram de forma directa à companhia.

Em termos consolidados a Fertiberia – com presença nas regiões espanholas de Andaluzia, La Mancha e Castilla León – encerrou 2013 com vendas de 739 milhões de euros, um EBITDA de seis milhões de euros, e prejuízos de quatro milhões de euros.

O grupo Fertiberia é detido, por sua vez, pelo grupo Villar Mir – com interesses na área dos fertilizantes (Fertiberia/ADP), mas também da energia (Villar Mir Energia/Centrica Energia), imobiliário e construção (grupo OHL) e metalurgia (Ferroatlántica)  – cujas vendas ascenderam a 6,4 mil milhões de euros em 2013. Nesse ano, o EBITDA consolidado foi de 1,5 mil milhões de euros e o lucros consolidado de 165 milhões de euros.