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Negociações dos “swaps” cortaram 500 milhões em perdas potenciais

Os contratos de “swaps” das empresas públicas negociados com cinco bancos permitiram reduzir as perdas potenciais em 500 milhões de euros. Maria Luís Albuquerque está esta terça-feira no Parlamento.

30 de Abril de 2013 às 14:22
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O acordo com cinco bancos anunciado na sexta-feira 26 de Abril pela secretária de Estado do Tesouro representou uma redução em 500 milhões de euros nas perdas potenciais dos contratos de “swaps” realizados pelas empresas públicas, o que corresponde a 17,6% do valor apurado a 31 de Dezembro de 2012, apurou o Negócios. O governo espera que este valor venha a ser superior já que existem ainda negociações em curso.

 

De acordo com o documento relativo às contas anuais de 2012, divulgado segunda-feira à noite pela Direcção Geral do Tesouro e Finanças (DGTF), as perdas potenciais com “swaps” atingiam os 2,8 mil milhões de euros. 

 

A secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís Albuquerque, vai estar esta terça-feira à tarde com o ministro das Finanças na Comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Administração Pública (Cofap) onde vai explicar o processo dos “swaps” contratados por 15 empresas públicas e que foram analisados pelo IGCP (Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública).

 

Os 500 milhões de euros já abatidos às perdas potenciais, e que resultaram da negociação com os cincos bancos, foram repartidos pelos bancos e pelas empresas, não se conhecendo que parcela coube a cada parte. No processo negocial com os bancos, o governo identificou os “swaps” problemáticos e propôs a resolução dos contratos com descontos nas perdas (‘hair cut’) que foram dos 30% até aos 100%, apurou o Negócios.

 

Negociações com a banca continuam

 

O governo tem-se mantido em negociações com mais dois bancos, o BNP Paribas e o Deutsche Bank, esperando ainda chegar a um acordo. O mesmo já não acontece em relação aos bancos JP Morgan e Santander. Este último é o que concentra a maior parte das perdas potenciais (cerca de 1,5 mil milhões de euros nos 2,8 mil milhões apurados a 31 de Dezembro de 2012).

 

O governo, através da Inspecção Geral de Finanças, está a reunir informação para a possibilidade de ter de avançar com processos judiciais contra os bancos que não chegarem a acordo. Conforme revelou o Negócios, durante a análise aos contratos está a ser recolhida, nas empresas, troca de correspondência.

 

A avaliação dos contratos de Instrumentos de Gestão do Risco Financeiro (IGRF) foi entregue ao IGCP em 2012, que contratou ainda uma empresa independente para o apoiar tecnicamente.

 

Para analisar e classificar os contratos em problemáticos e não problemáticos, o IGCP usou os seguintes critérios: custo inicial da transacção (‘day1pv’); grau de alavancagem; existência (ou não) de limites nos prejuízos potenciais e ainda o grau de complexidade e opacidade da operação. Foi do resultado combinado destes critérios que resultou a classificação de operação “problemática” ou “não problemáticas”.

 

Chegados a esta fase o governo tomou a iniciativa de propor aos bancos, com que tinham sidos contratadas as operações “problemáticas”, a resolução desses contratos com partilha de perdas que foi de parcial a total.  

 

Um processo com sete anos

 

A contratação de instrumentos de gestão de risco financeiro (IGRF), que têm vindo a ser designados com “swaps”, é uma prática comum nas empresas para se protegerem da variação dos preços dos activos financeiros a que estão expostos os seus negócios (por exemplo, taxa de juro do crédito ou taxa de câmbio ligados a fornecimentos ou vendas). Quando são utilizados com racionalidade permitem às empresas minimizar riscos e reduzir custos financeiros.

 

A primeira entidade a identificar que poderiam existir nas empresas públicas contratos de “swaps” problemáticos foi o Tribunal de Contas, há sete anos, em 2006. Mais tarde, em 2008, ainda no governo de José Sócrates, a Inspecção Geral de Finanças detectou problemas e avançou com um estudo mais aprofundado após autorização do então secretário de Estado do Tesouro Carlos Costa Pina.

 

O problema esteve em cima da mesa das negociações com a troika, em Abril de 2011.O processo de avaliação inicia-se em 2012, assumindo o IGCP a responsabilidade de gestão desses contratos e ficando com a responsabilidade de avaliar a melhor solução para cada um deles. Há dois meses iniciou-se o processo negocial com os bancos que ainda está a decorrer. 

 

(notícia actualizada às 15h00 com mais informação)

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