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"Não acreditamos em empreendedores solitários"

A equipa é o elemento decisivo para o sucesso numa start-up tecnológica diz Pedro Rocha Vieira, presidente da Beta-i

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Pedro Rocha Vieira | Presidente da Beta-i

 


O que é crucial num projecto de start-up? A equipa? O mercado? O produto?
A equipa é sempre o mais importante. Tem de haver na equipa as competências suficientes e complementares para implementar o projecto: conhecimento do negócio, vendas, liderança, mas também competências técnicas. Se são negócios business to business (B2B) é importante que, pelo menos, um dos promotores tenha uma experiência profissional ligada à indústria do negócio. No business to consumer (B2C), como são negócios dirigidos ao público em geral, pode ser utilizada a experiência como consumidor para ter uma melhor compreensão do cliente. Os estudos dizem que nas empresas de sucesso, 50% dos fundadores tinham ligação ao sector. O conhecimento do sector é importante, mas não é determinante para o sucesso.
Na Beta-i não acreditamos em solo founders, empreendedores solitários, porque um indivíduo não tem as competências todas. O processo de empreendedorismo é um processo duro, desgastante e exigente, com momentos e decisões difíceis, por isso é importante estar inserido numa equipa. É fundamental perceberem logo de início as funções de cada um na equipa.


Esta concepção vai um pouco contra o CEO ou empresário herói, do empreendedor individualista.
Um dos principais erros do nosso tecido empresarial tem que ver com os empreendedores muito sozinhos, que querem fazer tudo. Há muitas empresas familiares que são extensões pessoais do empresário, que não divide o poder. Esta situação gera limites de escala porque as empresas não dão passos para o crescimento. O empreendedor deve perceber, quando está a começar, que pode não ser a melhor pessoa para gerir a empresa no futuro. Muitas empresas perdem-se quando começam a ter mais dos 50 trabalhadores e facturação de alguns milhões.


Dos três aspectos fundamentais falta falar do mercado e do produto…
O mercado deve ter potencial e deve-se ter uma lógica de produto e não de serviço. Esse produto deve ser uma proposta de valor apropriada para o segmento seleccionado. Muitas vezes em Portugal pensa-se em termos locais em vez de globais. Na Beta-i, as start-ups tecnológicas têm de identificar, a nível mundial, um segmento de mercado. É preciso ter consciência de qual é exactamente o mercado e a região, não é suficiente dizer que se tem um produto para todos. Muitas vezes não se define bem o mercado e quer-se fazer tudo para todos ou escolhe-se um mercado pouco apelativo, que é de nicho, e que, por mais que cresça, nunca será muito grande. É preciso identificar as necessidades do consumidor e depois desenvolver um produto para satisfazer essas necessidades. Deve-se evitar ficar cego com a tecnologia e desenvolver produtos tecnológicos muito interessantes, mas que não têm clientes.
Há falta de empreendedores e de start-ups preparados para uma lógica de mercado global, porque falta cultura de produto e da importância de ter um produto e targets definidos.


Quais são as principais dificuldades para um empreendedor em Portugal?
Há obrigações que poderiam estar mais facilitadas como na contabilidade organizada, nos pagamentos por conta, nas questões de segurança social e no licenciamento. Existe alguma dificuldade de financiamento porque os bancos não emprestam a estas empresas. Mas há cada vez mais capital de risco, business angels e a Portugal Ventures tem sido um parceiro relevante. Mas falta capital disponível para apoiar projectos inovadores e há dificuldades de acesso a capitais internacionais.
Para os projectos com maior potencial internacional constata-se que há poucos recursos qualificados nas vendas e negociações internacionais e para determinadas áreas técnicas. Depois, à medida que vão crescendo, as empresas revelam falta de capacidade para gerir grandes operações.

 

 

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Imprint Empreendedor hoje em Aveiro


O Centro de Congressos de Aveiro recebe esta terça-feira o encontro Imprint Empreendedor, uma organização do Negócios e da Caixa Geral de Depósitos. Neste encontro, start-ups irão apresentar os seus casos e a forma como criaram os seus modelos de negócio. Mais informação em caixaempreender.negocios.pt

 

 

 

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PERFIL


A inovação sempre em primeiro plano


Pedro Rocha Vieira, 36 anos, licenciou-se em Gestão pela Universidade Católica e esteve três anos no BPI. Depois viajou pela América Latina durante 9 meses.
No regresso, em 2007, fundou e participou em projectos de inovação social, foi consultor em negócios e no terceiro sector. Desde 2009 que preside à Beta-i, associação sem fins lucrativos que tem por objectivo criar e dinamizar o empreendedorismo e inovação, acelerar start-ups com ambição global e facilitar o acesso a investimento.

 

 

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