Notícia
Morreu Belmiro de Azevedo
Belmiro de Azevedo morreu esta quarta-feira, aos 79 anos, no Porto. Deixa atrás de si um percurso singular na história do empresariado português que marcou o século XX no país.
O líder histórico da Sonae, Belmiro de Azevedo, morreu esta quarta-feira aos 79 anos, avançou a RTP. Segundo a televisão pública, o empresário morreu no hospital da CUF, no Porto, onde estava internado desde segunda-feira passada.
Afastado formalmente da vida da empresa desde 2015, quando anunciou a decisão de não se recandidatar a novos cargos na administração, começara em 2007 a passagem do testemunho ao filho Paulo Azevedo, quando este assumiu o cargo de chairman executivo e Belmiro ficou como presidente do conselho de administração. Em 2013 é outro membro da família que lhe sucede na presidência da Sonae Capital, a filha Cláudia Azevedo.
Belmiro Mendes de Azevedo nasceu a 17 de Fevereiro de 1938 em Tuías, Marco de Canaveses. Começou a vida profissional na têxtil Efanor, em Matosinhos. É a empresa com este mesmo nome que, ainda hoje, detém a maioria do capital da Sonae.
Em 1965 chega à direcção de Investigação e Desenvolvimento na Sociedade Nacional de Estratificados (Sonae), uma empresa fundada em 1959 e que acabaria por tornar-se na marca emblema do seu grupo. Dois anos depois, chega a director-geral da empresa, passando a partir daí a sua história a confundir-se com o percurso do seu líder, ao longo de 50 anos.
"A minha primeira tarefa na Sonae" foi "destruir para voltar a construir," recordaria ao fim de meio século na sessão de comemoração do aniversário da sua presença no grupo. Aquilo que, em 1965 via na empresa "não servia para a Sonae", constata. Propôs ao dono, Pinto de Magalhães, uma "gestão completamente profissional".
O empresário Belmiro de Azevedo morreu hoje aos 79 anos, depois de décadas ligado à Sonae, sendo um dos homens mais ricos de Portugal.
Uma visão que viria a implementar - com o 25 de Abril ficou definitivamente ao leme da empresa - mas que lhe valeu alguns amargos de boca junto da família do proprietário, recordou na ocasião.
Nos anos 80 do século passado, Belmiro de Azevedo estende a actividade da empresa a outros ramos, desde logo com a colocação em bolsa da Sonae Investimentos, em 1983. Entre 1980 e 1989, entra nas áreas da construção (Contacto), da restauração (Ibersol) e na hotelaria, abrindo em 1986 o Sheraton no Porto.
Em 1991, cria a Fundação Belmiro de Azevedo, que fica com as funções de mecenato do grupo, em áreas como a educação e a cultura e a que está ligado o seu filho mais velho, Nuno Azevedo.
Em 1987 leva sete empresas do grupo ao mercado de capitais. Dois anos depois dá-se a primeira entrada na área da comunicação social, com a Rádio Nova. No ano seguinte, 1990, seria lançado o jornal Público. Daí às telecomunicações bastaram oito anos, com a criação da Optimus, a quem foi atribuída uma das três licenças da rede móvel.
Seria nesta área, a das telecomunicações, que travaria uma das mais mediáticas batalhas da sua vida empresarial, com o lançamento da OPA da Sonaecom sobre a PT e a PT Multimedia, em 2006, um ano antes da passagem de testemunho a Paulo Azevedo. Uma operação que ficaria pelo caminho, com acusações de interferência política no desfecho negativo da oferta.
A OPA falhada, juntamente com a saída do mercado brasileiro - onde a aposta na distribuição também não correu bem - foram apontadas em 2015 pelo próprio como "exemplos que deixaram cicatrizes" mas com os quais, defendeu, a empresa "soube aprender".
Outra das áreas - talvez a mais simbólica - em que a empresa se evidenciou foi no retalho, com a inauguração em 1985 do primeiro hipermercado da insígnia Continente, em Matosinhos. Hoje tem mais de 260 lojas a nível nacional, segundo dados do site da empresa.
Hoje o grupo está presente em 90 países, em áreas que vão do retalho alimentar, electrónico e de vestuário, até à gestão de activos imobiliários, às telecomunicações, aos serviços financeiros e à gestão dos centros comerciais. Em Julho passado, a revista Exame colocava Belmiro de Azevedo como o quarto homem mais rico do país, com uma fortuna avaliada em 1.311 milhões de euros. Na lista da Forbes, detém a 1.376.ª fortuna a nível mundial.
Licenciado em Engenharia pela Universidade do Porto, Belmiro de Azevedo passou ainda pela Harvard Business School com o "Program for Management Development". Detinha ainda três pós-graduações em gestão financeira, gestão estratégica e estratégia global.
Há dois anos, na sessão comemorativa de meio século da sua entrada na Sonae, concluía sobre o percurso da empresa que liderou ao longo de décadas: "O saldo é claramente positivo. (...) 50 anos depois, uma empresa que estava praticamente falida prepara-se para ser efectivamente a maior e mais importante ‘long-living company’ da história portuguesa".
(Notícia actualizada às 17:23 com mais informação)
Afastado formalmente da vida da empresa desde 2015, quando anunciou a decisão de não se recandidatar a novos cargos na administração, começara em 2007 a passagem do testemunho ao filho Paulo Azevedo, quando este assumiu o cargo de chairman executivo e Belmiro ficou como presidente do conselho de administração. Em 2013 é outro membro da família que lhe sucede na presidência da Sonae Capital, a filha Cláudia Azevedo.
Em 1965 chega à direcção de Investigação e Desenvolvimento na Sociedade Nacional de Estratificados (Sonae), uma empresa fundada em 1959 e que acabaria por tornar-se na marca emblema do seu grupo. Dois anos depois, chega a director-geral da empresa, passando a partir daí a sua história a confundir-se com o percurso do seu líder, ao longo de 50 anos.
"A minha primeira tarefa na Sonae" foi "destruir para voltar a construir," recordaria ao fim de meio século na sessão de comemoração do aniversário da sua presença no grupo. Aquilo que, em 1965 via na empresa "não servia para a Sonae", constata. Propôs ao dono, Pinto de Magalhães, uma "gestão completamente profissional".
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Uma visão que viria a implementar - com o 25 de Abril ficou definitivamente ao leme da empresa - mas que lhe valeu alguns amargos de boca junto da família do proprietário, recordou na ocasião.
Nos anos 80 do século passado, Belmiro de Azevedo estende a actividade da empresa a outros ramos, desde logo com a colocação em bolsa da Sonae Investimentos, em 1983. Entre 1980 e 1989, entra nas áreas da construção (Contacto), da restauração (Ibersol) e na hotelaria, abrindo em 1986 o Sheraton no Porto.
Em 1991, cria a Fundação Belmiro de Azevedo, que fica com as funções de mecenato do grupo, em áreas como a educação e a cultura e a que está ligado o seu filho mais velho, Nuno Azevedo.
Em 1987 leva sete empresas do grupo ao mercado de capitais. Dois anos depois dá-se a primeira entrada na área da comunicação social, com a Rádio Nova. No ano seguinte, 1990, seria lançado o jornal Público. Daí às telecomunicações bastaram oito anos, com a criação da Optimus, a quem foi atribuída uma das três licenças da rede móvel.
Seria nesta área, a das telecomunicações, que travaria uma das mais mediáticas batalhas da sua vida empresarial, com o lançamento da OPA da Sonaecom sobre a PT e a PT Multimedia, em 2006, um ano antes da passagem de testemunho a Paulo Azevedo. Uma operação que ficaria pelo caminho, com acusações de interferência política no desfecho negativo da oferta.
A OPA falhada, juntamente com a saída do mercado brasileiro - onde a aposta na distribuição também não correu bem - foram apontadas em 2015 pelo próprio como "exemplos que deixaram cicatrizes" mas com os quais, defendeu, a empresa "soube aprender".
Outra das áreas - talvez a mais simbólica - em que a empresa se evidenciou foi no retalho, com a inauguração em 1985 do primeiro hipermercado da insígnia Continente, em Matosinhos. Hoje tem mais de 260 lojas a nível nacional, segundo dados do site da empresa.
Hoje o grupo está presente em 90 países, em áreas que vão do retalho alimentar, electrónico e de vestuário, até à gestão de activos imobiliários, às telecomunicações, aos serviços financeiros e à gestão dos centros comerciais. Em Julho passado, a revista Exame colocava Belmiro de Azevedo como o quarto homem mais rico do país, com uma fortuna avaliada em 1.311 milhões de euros. Na lista da Forbes, detém a 1.376.ª fortuna a nível mundial.
Licenciado em Engenharia pela Universidade do Porto, Belmiro de Azevedo passou ainda pela Harvard Business School com o "Program for Management Development". Detinha ainda três pós-graduações em gestão financeira, gestão estratégica e estratégia global.
Há dois anos, na sessão comemorativa de meio século da sua entrada na Sonae, concluía sobre o percurso da empresa que liderou ao longo de décadas: "O saldo é claramente positivo. (...) 50 anos depois, uma empresa que estava praticamente falida prepara-se para ser efectivamente a maior e mais importante ‘long-living company’ da história portuguesa".
(Notícia actualizada às 17:23 com mais informação)