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Ministro da Saúde anuncia obras em 79 centros de saúde em todo o país
O ministro da Saúde rejeitou esta tarde que existam cativações no sector, garantiu que há mais 4.000 profissionais no SNS do que há dois anos e disse que serão construídos 79 centros de saúde em todo o país.
O ministro da Saúde traçou um balanço bastante positivo dos primeiros dois anos de legislatura no sector da Saúde, período em que diz que já foram cumpridas dois terços das medidas incluídas no Programa de Governo. Adalberto Campos Fernandes garantiu que "o SNS está hoje mais acessível, eficiente e sustentável" e conta com mais 4.000 profissionais do que em 2015. Até final do ano serão colocados 400 médicos de família, anunciou ainda.
O ministro também revelou que estão actualmente em "cerca de 79 novos centros de saúde por todo o país". "Nunca tal tinha acontecido em Portugal", descreveu. Ao Negócios, fonte oficial do gabinete do ministro precisou depois que em causa não estão apenas novos centros de saúde, estando igualmente contempladas neste universo "reabilitações profundas" em centros de saúde que já existem, embora sem precisar quantos.
Adalberto Campos Fernandes sublinhou que o "SNS recentrou prioridades nas pessoas" e socorreu-se da conta satélite da saúde, do INE, para garantir que "pela primeira vez desde há muitos anos, foi invertida a tendência de decréscimo da despesa pública em saúde". Foi também lembrado que o actual Executivo promoveu a "redução das taxas moderadoras e dos encargos com medicamentos", atribuiu médico de família a "500 mil portugueses" e aprovou o "maior número de medicamentos inovadores dos últimos anos".
Recusando admitir que existam cativações na Saúde – o deputado Miguel Santos, do PSD, disse que em 2016 houve 79,1 milhões de euros orçamentados mas não gastos, Adalberto deu vários exemplos do investimento que está em curso na área. E lamentou que se fale na "ausência de investimento no SNS, ignorando que existem hoje mais 4.000 profissionais que no início da legislatura, que nos próximos meses serão colocados mais 1.300 médicos especialistas, dos quais 400 médicos de família".
"Finalmente foi desbloqueado o concurso para 774 novos enfermeiros, promoveu-se a fixação de médicos em regiões carenciadas, temos o maior número de médicos aposentados em exercício e funções no SNS, e pela primeira vez o fluxo de profissionais para fora foi estancado", enumerou. Está também a caminho "o maior investimento público hospitalar das últimas décadas", que é o novo hospital de Lisboa.
O Governo lançou "há pouco tempo o hospital de proximidade de Sintra". No segundo semestre "vamos lançar os projectos dos hospitais de proximidade de Évora e Seixal".
Questionado por Heloísa Apolónia sobre quando é que todos os portugueses terão médico de família, o ministro apontou para o final da legislatura, ou seja, 2019. "Temos este ano para colocar perto de 400 médicos de família especialistas que aguardam colocação através de concurso. No final do ano ficaremos muito próximos do objectivo que será a cobertura plena", antecipou.
PSD acusa ministro de se aproveitar das medidas de Paulo Macedo
A oposição pintou um retrato bem mais negro do sector. Isabel Galriça Neto, do CDS, denunciou um "desinvestimento nos serviços públicos de saúde, o não cumprimento de promessas feitas e insatisfação clara dos profissionais e dívidas que crescem e estão quase nos mil milhões de euros". Do lado do PSD, Miguel Santos acusou o ministro de estar a anunciar os resultados do seu antecessor, Paulo Macedo, hoje presidente da CGD.
"Seria um usurpador, porque ainda vive do trabalho do anterior Governo e do anterior ministro da Saúde, das políticas que foram executadas e dos resultados obtidos", disse o social-democrata. "Ouvi-o referir-se a uma série de resultados obtidos, mas sabe que são políticas iniciadas e parte delas concluídas pelo ministro Paulo Macedo".
Na resposta, Adalberto usou da ironia. "Dois anos não é muito tempo mas é tempo suficiente para que nós não façamos usurpação política mas muito menos usurpação da realidade", começou por dizer. "É perguntar às farmácias de Portugal o que foi o consulado de Paulo Macedo, o q foi a dificuldade dos doentes oncológicos no transporte não urgente. Vir dizer que as consultas feitas este ano e as de 2016 são obras do doutor Paulo Macedo é manifestamente exagerado", comentou.
Não há conluio com os privados em Sintra, garante Adalberto Campos Fernandes
Mas o ministro também ouviu críticas do Bloco de Esquerda, com o deputado Moisés Ferreira a dizer que "não podemos ignorar que existem vários aspectos em que a política da saúde permanece exactamente igual". Queixando-se de que é uma crítica injusta, Adalberto explicou que não há "condições para responder aos problemas todos ao mesmo tempo" e que o Executivo optou por "responder ao essencial, que era retirar o SNS dos mínimos em que se encontrava em 2015, sem pessoas".
Adalberto Campos Fernandes também negou que o Governo tenha articulado a construção do novo hospital de proximidade de Sintra com os privados da CUF, como insinuou Paula Santos, do PCP. A nova unidade pública será para articular com os hospitais gerais, com o Amadora-Sintra. "Não há, no planeamento público, nenhum alinhamento com a opção privada", garantiu. A ideia é que em Sintra exista um "hospital que responda pelo ambulatório, consultas e exames, com grande alívio do Amadora-Sintra, o hospital Fernando da Fonseca".
Será também esse o objectivo do hospital de proximidade do Seixal: aliviar o Garcia de Orta, em Almada.