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Metade dos restaurantes prevêem não conseguir pagar contas e salários em março

O mais recente inquérito da AHRESP aos setores da restauração e hotelaria, realizado entre 1 e 8 de março, revela que 35% dos restaurantes ponderam avançar para insolvência, caso não consigam suportar os encargos.

A restauração é um dos setores que podem aceder ao subsídio a fundo perdido do Apoiar Rendas, que já recebeu ma     is de 10 mil candidaturas.
Vítor Mota
10 de Março de 2021 às 10:22
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Ao fim de um ano de pandemia e de restrições ao funcionamento, os setores da restauração e do alojamento turístico "atravessam o seu período mais crítico". A constatação é da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), que volta a apelar ao Governo por um reforço "dos apoios financeiros às tesourarias, bem como a clarificação dos mecanismos de capitalização".


No mais recente inquérito à atividade das empresas dos setores que representa, divulgado esta quarta-feira, a AHRESP destaca que os dados "continuam a indicar fortes quebras de faturação, pondo em risco a sobrevivência dos negócios e a manutenção dos postos de trabalho".

O questionário relativo ao mês de fevereiro, conduzido entre 1 e 8 de março, indica que 52% das empresas do setor da restauração têm a atividade encerrada, e que 25% estão a funcionar em regime de entregas ou take-away.

Dos inquiridos, 83% registaram uma quebra superior a 61% na faturação de fevereiro, face ao mês homólogo. Para março, 67% estimam quebras superiores a 75%. Face a estas previsões, 52% das empresas afirmam que não irão conseguir suportar os encargos com pessoal, energia e fornecedores. Há ainda 35% de empresas que ponderam avançar para insolvência, caso não consigam suportar todos os encargos.

Em fevereiro, 18% das empresas não conseguiram pagar salários e 14% pagaram uma parte. O financiamento bancário foi a opção encontrada por 36% das empresas para pagar os ordenados.

As perspetivas melhoram ligeiramente para abril, mas 33% das empresas ainda estimam quebras superiores a 75% no próximo mês.

Desde o início do estado de emergência, 38% das empresas efetuaram despedimentos, revela a AHRESP. E 11% das empresas assumem que não vão conseguir manter todos os postos de trabalho até ao final de março. Mais de 80% das empresas do setor recorreram ao lay-off simplificado.

As empresas também têm acorrido em massa aos apoios do Estado. Cerca de 63% dos restaurantes formalizaram candidaturas ao programa Apoiar.Pt .

Alojamento turístico em suspenso

No setor do alojamento turístico, as perspetivas não são mais otimistas. 27% das empresas mantêm a atividade suspensa e 40% não sabem quando poderão reabrir. Mais de 90% das empresas reportam perdas superiores a 90% em fevereiro, enquanto 64% estimam quebras superiores a 75% para março. Face às previsões, 28% das empresas contam não conseguir pagar salários e contas no final deste mês.

Em fevereiro, 32% das empresas falharam por completo o pagamento dos salários. Desde o início do estado de emergência, 30% já reduziram o quadro de pessoal. Cerca de 16% ponderam avançar para a insolvência.

Face aos números, a AHRESP considera "urgente que novos apoios cheguem às empresas, de forma ampla e imediata". Na semana passada, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, avançou ao Diário de Notícias que o Governo está a preparar um reforço dos apoios às empresas.

A associação refere ainda a "necessidade de se conhecer, com urgência, as condições que serão apresentadas no Plano de Desconfinamento, permitindo às empresas a organização e preparação atempada da retoma das suas atividades, em completa segurança".

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