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Lesados do BES: "Quem nos está a burlar, no fundo, é o Governo"
Cerca de 50 lesados do papel comercial e lesados emigrantes do Novo Banco concentraram-se este sábado à porta da Federação do PS/Porto para acusar o Governo de ser quem "os está a burlar".
Meia centena de lesados do papel comercial e lesados emigrantes do Novo Banco concentraram-se este sábado, 13 de Dezembro, à porta da Federação do PS/Porto para acusar o Governo de ser quem "os está a burlar".
O porta-voz dos lesados António Silva explicou à agência Lusa que na origem da acusação está o facto de "sempre terem havido provisões no BES [Banco Espírito Santo], mas que após a intervenção do Banco de Portugal, associado ao Governo, as provisões que eram irrevogáveis passaram para o Novo Banco".
Citando uma promessa do actual líder parlamentar socialista, Carlos César quando disse, que "se fossem para o Governo desbloqueavam as poupanças" dos lesados, o porta-voz considerou que tal afirmação não constituiu "favor nenhum", sustentando que as "poupanças estavam garantidas por provisões" que, mais tarde, o "relatório da Deloitte disse ter o Novo Banco as utilizado noutros fins".
António Silva lembrou, depois, a "promessa do secretário de Estado das Finanças" de "criação de um fundo, onde seriam injectados 15 milhões de euros, para litigar contra quem fez a burla", acusando: "o Governo diz que fomos burlados, mas o Novo Banco pertence ao Governo, que foi quem ficou com as provisões. Portanto, quem nos está a burlar, no fundo, é o Governo".
No dia em que somaram o sétimo protesto enquanto lesados, o grupo prometeu voltar em breve ao local da manifestação de hoje enquanto "reúnem esforços para ir fazer um protesto junto do Parlamento Europeu", a quem já "enviaram petições" e de quem receberam como resposta a "promessa da sua análise", pretendendo ainda ser "recebidos em audiência", disse António Silva à Lusa.
Outro dos lesados, Jorge Novo mostrou documentos em que "alguns advogados infiltrados neste processo pretendem celebrar com os lesados contratos de prestação de serviços jurídicos, cobrando mais 3% de comissões além dos valores dos honorários estabelecidos".
Continuando a citar a proposta de mediação jurídica, Jorge Novo explicou que para esses advogados "nas soluções, entretanto, apresentadas nunca se falou em provisões, mas sim em soluções extrajudiciais que permitirão recuperar até 75% dos valores perdidos independentemente do lesado o aceitar ou não".
"Da provisão não lhes interessa falar, mas ela existe no Novo Banco e essa é a garantia da devolução da totalidade do nosso dinheiro. Não aceitamos soluções, o que reclamamos é a provisão do Novo Banco", concluiu.