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Jerónimo Martins diz que é viável fazer uma aquisição superior a mil milhões de euros
A retalhista dona do Pingo Doce diz ter capacidade para proceder a uma nova aquisição no valor de mais de mil milhões de euros sem que isso afete as suas finanças.
Numa altura em que procura expandir a sua rede no Leste da Europa, a Jerónimo Martins diz que pode gastar mais de mil milhões de euros numa nova aquisição sem que isso penalize as suas finanças.
Em entrevista à Bloomberg nesta quinta-feira, a diretora financeira (CFO) da retalhista, Ana Luísa Virgínia, diz que "a Roménia é claramente um mercado que temos em vista e no qual continuamos interessados".
"Seria bastante viável para nós procedermos a uma aquisição superior a mil milhões de euros", sublinhou a CFO da Jerónimo Martins, acrescentando que a empresa pode usar os seus próprios fundos e recorrer a diferentes opções de financiamento para um potencial negócio.
A retalhista portuguesa comprou a rede de supermercados Biedronka, que opera na Polónia, há mais de duas décadas, tornando-se assim uma empresa que começou na qualidade de uma pequena loja em Lisboa, em 1792, e se tornou na maior operadora de supermercados na Polónia, salienta a Bloomberg.
"A maior condicionante prende-se com as restrições decorrentes das viagens [devido à covid-19]", comentou à Bloomberg a CFO da Jerónimo Martins. "Nós somos muito de pôr as mãos na massa e não procedemos à ‘due diligence’ num novo mercado de forma virtual", explicou.
Na Polónia, a Biedronka está mais focada em aumentar o número de localizações dos seus estabelecimentos do que em proceder a uma grande aquisição, declarou Ana Luísa Virgínia.
Questionada sobre se a Jerónimo Martins poderia estar interessada em comprar as operações do Carrefour na Polónia, depois de a retalhista francesa ter dito em junho que está a refletir sobre o futuro das suas unidades internacionais, a CFO da dona do Pingo Doce disse que "o Carrefour não é um encaixe óbvio".
"Mesmo que o Carrefour esteja à venda, eles têm uma grande cadeia na Polónia e a atual quota de mercado e pegada da Biedronka irá trazer muitos condicionalismos", acrescentou.
Ontem, a Jerónimo Martins reportou as suas contas dos primeiros seis meses do ano, tendo registado um aumento de 85% dos lucros no segundo trimestre – impulsionado pelas vendas no mercado polaco e português num contexto de flexibilização das restrições decorrentes do coronavírus.
Ana Luísa Virgínia disse ainda que a administração da retalhista poderá ponderar o pagamento de um dividendo especial em 2022 se a Jerónimo Martins não proceder a uma aquisição este ano. "Preferíamos ter algum lado onde crescer e ter oportunidades de crescimento. Mas, se no curto a médio prazo, sentirmos que isso não vai acontecer, penso que isto [o dividendo especial] pode ser debatido ao nível da administração. Provavelmente no próximo ano, depois de apresentados os resultados de 2021".
(notícia atualizada às 16:30)