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Isabel dos Santos quer Efacec líder internacional na mobilidade elétrica
A empresária angolana Isabel dos Santos afirmou à Lusa que quer transformar a portuguesa Efacec numa empresa "líder internacional" na área da mobilidade elétrica e que está atenta a novas oportunidades de negócio em Portugal nas novas tecnologias.
"O investimento na Efacec não foi um investimento fácil", recordou a empresária angolana, que desde 2015 é acionista maioritária da Efacec, em entrevista à agência Lusa à margem da visita que realizou a Cabo Verde nos últimos dias.
"Só para ter a noção, a negociação em si decorreu durante quase três anos, foi uma negociação longa, complexa, porque a empresa estava a atravessar um período muito complicado", explicou Isabel dos Santos, questionada sobre a aposta naquela marca portuguesa que opera nos setores da energia, engenharia e mobilidade, a qual, recordou, vivia então uma "situação financeira muito grave".
Agora, garante, o objetivo é fazer da Efacec "um 'player' e um líder internacional" na área da mobilidade elétrica. Neste momento, o negócio da mobilidade elétrica representa 6% no total da faturação da Efacec, sendo que o grupo pretende que atinja os 15%, ou seja, perto de 100 milhões de euros.
Até fevereiro, a Efacec conseguiu triplicar a produção de carregadores rápidos e ultrarrápidos de baterias elétricas e lançou, entre os novos projetos, soluções de carregamento com armazenamento incluído para as áreas residencial e de frotas, estando ainda a trabalhar noutros produtos inovadores nesta área.
"Quando surgiu a oportunidade de investimento na Efacec não só olhei para ela como sendo uma empresa histórica, ou seja, que tinha conhecimento e um legado na energia muito importante, mas sobretudo uma boa base para pesquisa e desenvolvimento das tecnologias futuras. Quando entrámos na Efacec, uma das primeiras coisas que fizemos foi a reestruturação da empresa", que "precisava de ser modernizada, precisava de ser mais eficaz na sua maneira de produzir, mas para além disso investimos também em mobilidade elétrica, construímos uma unidade elétrica nova", apontou.
"Hoje, o grupo todo Efacec conta com quase 2.000 trabalhadores em Portugal, mas estamos presentes em mais 30 países", acrescentou Isabel dos Santos, assumindo-se como uma empresária que "gosta de investir em tecnologia".
"Gosto de pensar futuro, gosto de ver para onde é que as sociedades vão, como é que nós vamos viver no futuro", admitiu.
Assegura que após a recuperação da empresa, a Efacec é hoje uma empresa internacional que aposta na mobilidade elétrica, mas que não prevê ficar-se apenas pelos carros elétricos.
"No futuro não serão só carros, haverá comboios elétricos, autocarros elétricos, camiões elétricos. Portanto, toda esta questão da mobilidade, como é que vamos carregar esses carros, que tipo de baterias vão ter, como é que vamos preparar as nossas cidades para receber essa tecnologia, é algo que me apaixona e nós estamos a fazer um grande investimento na pesquisa e desenvolvimento", garantiu Isabel dos Santos.
A empresária angolana que lidera a Efacec aponta o objetivo de estabelecer parcerias com universidades portuguesas para, utilizando "o talento português" para desenvolver novas soluções nesta área.
"Eu gosto sobretudo de investir em tecnologia, realmente é a minha paixão. Tudo que sejam oportunidades que tenham a ver com desenvolvimentos tecnológicos, em tecnologia que pode ser aplicada à vida das pessoas, ou seja em que a tecnologia possa melhorar a vida das pessoas ou a gestão das cidades, ou mesmo o impacto no meio ambiente, conseguirmos mitigar o impacto do clima, são áreas das quais eu estou muito interessada e gostaria de investir e de olhar", rematou, sobre novos investimentos em Portugal.
Uma aposta que, sendo angolana, pode beneficiar aquele país africano de língua portuguesa, tendo como ponto de partida os "500 anos de história em comum", relação que em alguns momentos "foi difícil" e noutros "foi melhor".
"Uma empresa angolana que trabalha em Portugal tem muito a ganhar, porque tem acesso ao 'know-how', tem acesso a um mercado que, do ponto de vista da maturidade, é diferente, está num nível de maturidade diferente do que o mercado em Angola", apontou, sublinhando que esse "intercâmbio enriquece as empresas angolanas", tornando-as "mais competitivas".
"Portanto, esta relação Angola-Portugal, para mim, é uma relação única e vou continuar a apostar tanto em Angola, como em Portugal", rematou.