Notícia
Ibersol reduz prejuízos em 31% nos primeiros seis meses para 23 milhões
A empresa que explora espaços de restauração de marcas como a KFC, Burger King ou Pizza Hut viu as perdas entre janeiro e julho diminuírem em 31%, para 22,9 milhões de euros. A ajudar esteve a reabertura gradual da economia no segundo trimestre, apesar da pressão da variante delta.
A Ibersol encerrou o primeiro semestre deste ano com prejuízos de 22,9 milhões de euros, um desagravamento de 31% face às perdas de 33,3 milhões de euros registadas entre janeiro e julho de 2020, anunciou no comunicado das contas divulgado junto da CMVM.
Já o volume de negócios ascendeu a 134,86 milhões de euros, um crescimento de 0,9% face ao período homólogo do ano passado (133,64 milhões de euros). As vendas na restauração – responsáveis pelo grosso da faturação da empresa – subiram 1,1% para 131,97 milhões de euros.
"Após um segundo confinamento geral no primeiro trimestre em Portugal, a tendência de recuperação que se verificava neste segundo trimestre foi interrompida por uma 4ª vaga, em consequência da disseminação generalizada da nova variante delta e da dificuldade de controlo do número de infetados, o que determinou a aplicação de novas restrições do que resultaram ritmos de recuperação com comportamentos distintos, consoante a geografia e o peso dos segmentos operados em cada um deles", refere a empresa que explora espaços de restauração de marcas como a Burger King, KFC ou Pizza Hut.
E prossegue: "Em Portugal, os efeitos da 4ª vaga em junho traduziram-se num abrandamento do ritmo de recuperação, depois de no mês de maio termos registado o melhor desempenho desde o início da pandemia".
"Em Espanha, com um menor número de restaurantes com serviço de drive thru e localizações mais dependentes do turismo e do tráfego dos centros de cidade, verifica-se uma recuperação mais acentuada a partir do mês de abril, diretamente relacionada com a evolução positiva dos tráfegos nos aeroportos e o levantamento gradual das restrições nas diferentes regiões", explica a empresa liderada por António Leal Teixeira.
Já as vendas dos restaurantes localizados em Angola "traduzem a evolução em moeda local – que não contempla os impactos decorrentes da conversão da moeda –, continuando a ser os menos penalizados pelo efeito da pandemia, apesar do agravamento das restrições dos horários de funcionamento dos restaurantes implementadas a partir de finais de maio".
A Ibersol sublinha que "o segmento de concessões e catering continuou a apresentar maiores dificuldades de recuperação, por efeito das restrições e limitações do tráfego aéreo e redução da mobilidade das pessoas, o que penaliza o canal de Travel e das condicionantes impostas ao funcionamento dos eventos no canal de catering, com o cancelamento e adiamento da generalidade dos mesmos". Por isso, os restaurantes localizados nos aeroportos continuaram a ser fortemente penalizados pela redução dos tráfegos aéreos.
O EBITDA consolidado da Ibsersol foi de 24,9 milhões de euros entre janeiro e julho, o que correspondeu a um crescimento de 64,6% face ao período homólogo de 2020.
Por seu lado, o resultado operacional consolidado no final dos primeiros seis meses atingiu o valor de -17,7 milhões de euros, que compara com o registado em igual período de 2020 no montante de -31,8 milhões de euros.
"O novo confinamento geral que determinou o encerramento dos restaurantes até meados de abril e a operação limitada no segundo trimestre voltaram a penalizar o desempenho operacional do grupo. A capacidade de adaptação a esta nova realidade e os apoios reconhecidos ao abrigo dos planos de proteção ao emprego e incentivo à normalização da atividade empresarial permitiram no entanto atingir uma recuperação significativa do resultado operacional face ao período homólogo de 2020 de +44,3%, evidenciando melhor capacidade de resposta ao confinamento", diz o documento das contas.
Já a margem bruta foi de 74,6% do volume de negócios, 0,2 pontos percentuais inferior à do ano anterior (1.º semestre de 2020: 74,8%), "evidenciando os efeitos de uma operação limitada a conceitos de maior agressividade comercial e com limitações na venda de bebidas".
Os custos com pessoal reduziram-se em 6,2%, tendo o peso desta rubrica passado a representar 36,7% do volume de negócios (contra 39,5% nos primeiros seis meses do ano passado).
No decurso deste primeiro semestre, e para conciliar a redução da atividade e a proteção dos empregos, as empresas do grupo aderiram ao ERTE e layoff simplificado em Espanha e Portugal e ao programa de Apoio à Retoma Progressiva, ao abrigo dos quais resultou uma redução dos custos com pessoal no valor de 6,8 milhões de euros, refere ainda a Ibersol.
Por outro lado, e por força das consequências do impacto da pandemia na atividade do grupo em Espanha, "foi realizado um ERE (Expediente de Regulação de Emprego), no âmbito do plano de racionalização da estrutura de suporte aos negócios, do qual resultou um acréscimo de custos com indemnizações no valor de 1 milhão de euros".
"Apesar do significativo aumento das vendas a domicílio de que resultou um aumento das comissões pagas aos agregadores, os custos com fornecimentos e serviços externos diminuíram 1% passando a representar 25,1% do volume de negócios, o que traduz uma redução de 0,5 p.p. face ao período homólogo (1º semestre de 2020: 25,6%)", diz ainda o relatório.
Perspetivas mais otimistas para o resto do ano
Quanto ao atual trimestre, a Ibersol diz que "após os meses de junho e julho, em que por força da propagação da variante delta se registou um abrandamento no ritmo de recuperação, o mês de agosto apresenta sinais de retoma significativos em Portugal e Espanha, beneficiando em parte da recuperação do turismo".
"Se se cumprirem as orientações do governo português, quando 85% da população estiver vacinada com duas doses serão levantadas a maior parte das medidas restritivas, esperando-se que tal possa ocorrer em meados de setembro. A partir desse momento, a atividade da Ibersol passará a estar dependente da evolução da procura que resultará da evolução dos níveis de confiança dos consumidores, que desejamos evoluam favoravelmente ao longo dos meses até que se atinja um patamar equivalente aos níveis de vendas pré-covid, nomeadamente em regiões com elevado peso das atividades turísticas".
Neste enquadramento, destaca, "ainda que seja prematuro extrapolar esta recuperação para o último quadrimestre deste ano, é expectável que o volume de negócios dos meses subsequentes se vá aproximando dos níveis que se verificaram em 2019, se não ocorrerem fatores anómalos".