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Fábricas chinesas sob pressão sinalizam escassez prolongada

A situação de incerteza está a restringir as empresas chinesas, que não têm planos para aumentar a capacidade de produção.

12– China (58,4)
29 de Maio de 2021 às 18:00
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A fábrica de Eric Li, que fornece abajures de vidro para empresas como a retalhista norte-americana Home Depot, está a operar no limite: as vendas duplicaram face ao nível pré-pandemia.

Mas, como muitos fabricantes chineses, ele não planeia expandir as operações, decisão que pode desacelerar o ritmo de crescimento económico da China este ano e prolongar a escassez mundial de mercadorias perante o aumento da procura.

Com o salto dos preços das matérias-primas, "as margens estão comprimidas", explica Li, dono da Huizhou Baizhan Glass, na província de Guangdong, no sul da China, que tem uma receita anual de cerca de 30 milhões de dólares (cerca de 24,7 milhões de euros).

Com a recuperação económica global ainda desigual, "o futuro é muito incerto, então não há muito impulso para expandir a capacidade", acrescenta. Com a combinação de preços de componentes mais altos, a incerteza sobre as perspectivas de exportação e a fraca recuperação da procura do consumidor doméstico, o investimento do setor da indústria chinês de janeiro a abril ficou 0,4% abaixo do mesmo período em 2019, de acordo com estatísticas oficiais (comparar os dados com 2019 elimina a distorção dos efeitos da pandemia no ano passado).

Devido ao grande tamanho do setor da manufatura na China, tal representa um risco tanto para a expansão do país - cuja previsão é atingir 8,5% em 2021, segundo pesquisa da Bloomberg junto de economistas - quanto para a economia global, que enfrenta a falta de produtos e aumento dos preços.

Lucros em queda
Os investimentos abaixo do esperado podem ter um impacto "considerável" no crescimento do PIB este ano, afirma o economista do Citigroup para a China, Li-gang Liu. Os investimentos mais baixos podem prejudicar as importações de bens de capital e equipamentos com origem em economias desenvolvidas como o Japão e a Alemanha, "o que, por sua vez, também pode pesar sobre a sua recuperação económica e retoma", acrescentou.

A AnHui HERO Electronic Sci & Tec está entre as empresas que sentem o aperto. Com sede na província oriental de Anhui, a empresa fabrica capacitores para a produção de circuitos eletrónicos, com vendas principalmente no mercado interno. Jing Yuan, o fundador, diz que os pedidos aumentaram até 30% em relação ao ano anterior, mas os lucros caíram 50% devido ao aumento dos custos de matérias-primas que não são facilmente imputados aos clientes.

A empresa está sob "grande pressão de caixa", já que precisa fazer de pagamentos 15 dias antes da entrega para garantir cobre e outros metais, que antes eram pagos meses após a entrega, disse. "A questão das ‘commodities’ tem de ser abordada pelo governo", acrescentou.

Devido à escassez de materiais, alguns fabricantes não podem fazer uso das instalações existentes, portanto, a expansão seria de pouca utilidade. A Nio, fabricante chinesa de veículos elétricos, suspendeu a produção numa das suas unidades no mês passado devido à falta de microchips.

Transição
Além dos custos mais elevados dos materiais, as empresas chinesas enfrentam uma transição turbulenta com foco nos gastos de consumidores domésticos para sustentar a recuperação pós-pandemia.

As exportações, o forte da China no ano passado, podem começar a desacelerar com o avanço da vacinação noutros países ricos, já que os consumidores tendem a gastar mais em serviços. Entretanto, o ritmo de crescimento dos gastos do consumidor chinês ainda não recuperou totalmente.

"A procura ainda é sustentada principalmente pelas exportações, por isso as empresas nacionais estão cientes de que isso não é sustentável", disse a economista do Standard Chartered na China, Lan Shen.
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