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Estimativa: Jerónimo Martins atinge prejuízos de 33,9 milhões no primeiro semestre

A Jerónimo Martins, segunda maior distribuidora nacional, deverá ter obtido prejuízos de 33,9 milhões de euros (6,8 milhões de contos) nos primeiros seis meses do ano, de acordo com a média das estimativas dos analistas contactados pelo Negocios.pt.

03 de Setembro de 2001 às 15:13
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A Jerónimo Martins, segunda maior distribuidora nacional, deverá ter obtido prejuízos de 33,9 milhões de euros (6,8 milhões de contos) nos primeiros seis meses do ano, de acordo com a média das estimativas dos analistas contactados pelo Negocios.pt.

As previsões dos analistas para os resultados líquidos da Jerónimo Martins [JMAR] situaram-se entre perdas de 31 milhões de euros (6,21 milhões de contos) e prejuízos de 35,3 milhões de euros (7,08 milhões de contos).

No primeiro semestre do ano passado, a companhia liderada por Soares dos Santos registou prejuízos de 14,2 milhões de euros (2,85 milhões de contos), excluindo interesses minoritários, surpreendendo os analistas, que aguardavam lucros na ordem dos 9 milhões de euros (1,8 milhões de contos).

No entanto, estes resultados não são directamente comparáveis, uma vez que a empresa detentora da cadeia de supermercados Pingo Doce alterou entretanto o seu sistema contabilístico.

Nos primeiros três meses do corrente ano, a Jerónimo Martins apresentou perdas consolidadas de 19,2 milhões de euros (3,85 milhões de contos), devido ao agravamento dos seus resultados financeiros, que foram prejudicados pelas subidas de taxas de juro verificadas no ano passado, segundo a companhia.

Relativamente ao primeiro semestre deste ano, as previsões dos analistas apontam para receitas na ordem dos 1,98 mil milhões de euros (396,95 milhões de contos), enquanto o «cash-flow» operacional, ou EBITDA, deverá situar-se nos 128,7 milhões de euros (25,8 milhões de contos).

Resultados financeiros condicionam Jerónimo Martins; margens sob «pressão»

«Em termos operacionais, a Jerónimo Martins deve evidenciar algumas melhorias», afirmou Manuel Preto, analista do Banco Santander de Negócios (BSN), referindo, no entanto, que a empresa deverá continuar a «ter alguns problemas em relação aos resultados financeiros».

Outro analista contactado pelo Negocios.pt, que preferiu não ser identificado, considerou que «a Jerónimo Martins tem uma dívida muito grande, denominada principalmente em moeda estrangeira», e que está a ser agravada pelas «elevadas taxas de juro», o que já levou a empresa a admitir recorrer a novos financiamentos até final do ano.

O mesmo analista afirmou que a empresa «tem tido muitas dificuldades na Polónia e também em Portugal, devido à integração de novos sistemas informáticos, sublinhando que, relativamente às margens, a Jerónimo Martins «está a ter grande pressão em Portugal, devido à concorrência».

Manuel Preto, por outro lado, considerou que, em termos de margens, «se comparado com o primeiro semestre do ano passado, a empresa deve apresentar melhorias, já que esse período foi muito mau, mas comparando com o trimestre anterior, é de admitir que estejam ainda sob alguma pressão».

A mesma fonte sublinhou ainda que «em termos sazonais, a actividade no sector costuma melhorar de trimestre para trimestre», um facto de que a distribuidora poderá beneficiar.

Desvalorização do real prejudica resultados no Brasil

Outro analista contactado pelo Negocios.pt afirmou que a «actividade no Brasil, devido à desvalorização da moeda local, deve prejudicar um pouco os resultados agregados».

De acordo com as estimativas do referido analista, o volume de negócios da empresa no Brasil deverá ter aumentado cerca de 30%, mas com a conversão dos montantes em causa para euro, deverá verificar-se um decréscimo na ordem dos 8% face ao período homólogo.

Na Polónia, onde a Jerónimo Martins também se encontra presente, através dos hipermercados Jumbo, da cadeia de «cash & carry» Eurocash e das lojas de «discount» Biedronka, «as vendas deverão melhorar um pouco, mas devido à abertura de novas lojas, com as margens a continuarem negativas», segundo a mesma fonte.

A polaca Grupa Kapitalowa Invest, que actua no sector imobiliário, vai construir nos próximos três anos 30 lojas na Polónia, no valor de 50 milhões de zlotys (13,82 milhões de euros ou 2,77 milhões de contos), que serão arrendadas ao Grupo Jerónimo Martins.

Outro analista adiantou que «a actividade na Polónia está a inverter e podemos esperar melhores resultados nos próximos tempos» naquele mercado, para a distribuidora de Soares dos Santos.

A Jerónimo Martins pretende alienar as cadeias Eurocash e Jumbo na Polónia, por forma a concentrar os seus investimentos na cadeia de «discount» Biedronka, no âmbito de um plano de reestruturação apresentado este ano pela empresa.

O referido projecto de reestruturação prevê também a realização de uma cisão da empresa numa «holding» industrial (JM Investimentos) e noutra para a área da distribuição (JM Distribuição), devendo ser lançada uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a JM Investimentos, a 15 euros (3.007 escudos) por acção, com a JM Distribuição a realizar um aumento de capital de 300 milhões de euros (60 milhões de contos).

Contencioso com Contentlab deixa analistas na expectativa

Os accionistas da ContentLab, a Delavale e a Gleason Carmichael, contestaram recentemente a cisão da Jerónimo Martins em duas empresas, uma vez que se reclamam credores da distribuidora e acreditam que a operação poderia colocar em risco o pagamento do montante que reclamam.

As duas empresas reclamam uma indemnização de 370,89 milhões de euros (74,36 milhões de contos) pelo facto da Jerónimo Martins não ter subscrito um aumento de capital da ContentLab, conforme acordado entre as empresas, o que colocou em causa a viabilidade financeira da incubadora de projectos de Internet.

A Delavale e a Gleason Carmichael já anunciaram que irão recorrer aos tribunais para tentar impedir a cisão da Jerónimo Martins, o que poderá fazer com que a operação fique suspensa até que seja tomada uma decisão por parte das instâncias judiciais.

«Neste momento tudo o que se sabe desta matéria é através dos jornais. Pelo que se sabe ainda não há nenhuma tentativa de travar o processo de cisão, o que torna difícil dizer o que se vai passar a seguir», afirmou Manuel Preto, do BSN.

O mesmo analista afirmou que esta situação «está condicionada a dois grandes "ses": o primeiro é sobre se vai haver tentativa de bloquear a cisão e o segundo sobre se os tribunais vão dar seguimento a essa tentativa. Neste momento ainda é demasiado cedo para especular sobre a matéria».

Segundo um estudo da corretora Caixa Valores, datado de 24 de Agosto, «a eventual suspensão da reestruturação do Grupo JM terá consequências financeiras gravosas neste grupo».

A Jerónimo Martins vai apresentar os seus resultados semestrais na terça-feira, após o fecho do mercado.

As acções da Jerónimo Martins seguiam a perder 1,29% para os 7,66 euros (1.536 escudos).

Junto segue quadro comparativo com previsões dos analistas.

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Entidade Resultados líquidos Receitas EBITDA
Caixa Valores - 31 1.910 131
BSN - 34,3 2.058 132,3
HSBC - 35 2.040 129
** - 35,3 1.916 122,5
Média - 33,9 1.981 128,7

* Valores em milhões de euros

** Fonte não identificada por solicitação de anonimato

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