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Adecco: Inteligência artificial poupa aos trabalhadores uma média de uma hora por dia

Dados de inquérito anual do Grupo Adecco, com uma amostra de 35 mil trabalhadores em 27 países, incluindo Portugal, mostram "sinais potenciais de melhorias de eficiência" com abrangência generalizada em termos de setores. Energia figura entre os que mais ganha em recorrer à IA.

Proposta em 2021 pela Comissão Europeia para avaliar riscos, a “AI Act” vai ser a primeira regulamentação de inteligência artificial do mundo.
Getty Images
19 de Outubro de 2024 às 16:30
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A utilização de inteligência artificial (IA) está a poupar aos trabalhadores, em média, uma hora por dia, "permitindo-lhes dedicar mais tempo a tarefas criativas, a pensar de forma mais estratégica ou a alcançar um melhor equilíbrio entre a vida profissional e pessoal", com quase três quartos dos utilizadores a afirmarem que "são mais produtivos", embora apenas um quarto tenha concluído formação sobre como aplicar IA no trabalho, conclui um estudo da Adecco.


De acordo com o inquérito anual "Global Workforce of the Future", com uma amostra de 35 mil trabalhadores de 27 países, a poupança média de tempo é de 59 minutos (54 minutos no caso de Portugal), se bem que um quinto dos inquiridos garante que a tecnologia lhes permite poupar até duas horas por dia e há ainda 5% que afiança gastar menos três a quatro horas diárias graças à IA.

Em comunicado, com as principais conclusões do estudo, a Adecco indica que "as poupanças de tempo parecem ser consistentes entre os diferentes setores". Os trabalhadores nos setores da energia, "utilities" e "clean technology" foram os que pouparam mais tempo (75 minutos por dia), enquanto os do setor aeroespacial e de defesa foram os que pouparam menos (52 minutos por dia). Os trabalhadores na área da tecnologia pouparam, em média, 66 minutos diários, os dos serviços financeiros 57 e os da indústria transformadora 62, detalha.

"Tem existido muita especulação sobre a forma como a IA está a mudar o mundo do trabalho e é, por isso, que é extremamente emocionante ver estes primeiros sinais potenciais de melhorias de eficiência. O tempo poupado pelos trabalhadores parece estar a ser bem aproveitado e não está restrito apenas a um ou dois setores, está generalizado a todas as indústrias. Ainda estamos no início, mas a IA parece estar a cumprir a sua promessa", comenta o CEO do Grupo Adecco, Denis Machuel, citado na mesma nota às redações.

À luz dos dados, o tempo poupado estará a ser utilizado para acrescentar mais valor, com mais de 25% dos utilizadores a afirmarem que o utilizam para trabalho mais criativo, a dizerem que a IA lhes permite dedicar mais tempo ao pensamento estratégico e a indicarem que a IA os ajudou a alcançar um melhor equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.

No entanto, ressalva a Adecco, "há indícios de que o tempo poupado graças à IA nem sempre é usado de forma produtiva, com 23% dos utilizadores a afirmarem que continuam a lidar com o mesmo volume de trabalho.

Impacto subestimado na estabilidade do emprego


Para além de avaliar o impacto da IA, o estudo revela "insights" sobre a forma como o mundo do trabalho está a mudar, com os resultados da pesquisa a indicarem que "os trabalhadores estão cada vez mais preocupados com um futuro incerto", com as condições económicas e a segurança no emprego a figurarem como as prioridades. Diz a Adecco que "embora mais colaboradores estejam a optar por permanecer com os seus atuais empregadores, o impacto da IA na estabilidade do emprego tem sido largamente subestimado no último ano", atendendo a que "13% dos trabalhadores afirmaram ter perdido o seu emprego devido à IA".


Uma percentagem significativa de trabalhadores - 40% - expressa preocupações quanto à segurança do emprego a longo prazo, com 83% a afirmarem que tencionam permanecer na sua atual entidade patronal – a taxa de retenção mais elevada dos últimos três anos, de acordo com a Adecco que faz este inquérito há cinco. No entanto, ressalva, "a perspetiva sobre os efeitos perturbadores da IA torna-se mais equilibrada quando se analisam outros aspetos", considerando, por exemplo, que mais de metade (51%) dos trabalhadores inquiridos concordam que as competências em IA aumentam as suas oportunidades de emprego e 46% dizem que a IA lhes deu mais oportunidades para aprenderem novas competências e progredirem na carreira.

O estudo aponta ainda que 76% dos trabalhadores acreditam que as empresas devem dar prioridade à formação dos colaboradores existentes para diferentes funções dentro da organização antes de contratarem externamente, o que traduz um aumento de 12 pontos percentuais desde 2023. No entanto, apenas 9% planeiam permanecer nas suas empresas para serem requalificados, uma queda de 7 pontos percentuais em relação ao ano anterior, especifica.

A Adecco, grupo de recursos humanos com sede em Zurique, aponta ainda que "cuidar da saúde mental dos trabalhadores deve ser uma prioridade" e que "as empresas devem responder às preocupações de que a IA possa favorecer determinados grupos de trabalhadores, atendendo a que, "nos últimos 12 meses, 40% dos trabalhadores sofreram "burnout", devido a excesso de trabalho, um número que sobe para 62% entre aqueles que estão preocupados com o impacto da IA e foram negativamente afetados por ela".

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