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Empresas pouparam 65 milhões de juros com a garantia mútua
O impacto da garantia mútua em Portugal, no período de 2009 a 2014, traduziu-se numa redução dos juros pagos pelas empresas mutualistas calculada em 65 milhões de euros, na alavancagem de um investimento superior a 2,6 mil milhões de euros, avança um estudo da Universidade Católica.
No Encontro Anual da Associação Europeia de Garantia Mútua (AECM), que começou hoje, 22 de Junho, no Porto, tem sido realçado o papel deste instrumento financeiro na ajuda às PME no acesso a crédito para investir e exportar.
Um estudo da Universidade Católica sobre o impacto económico do Sistema Nacional de Garantia Mútua (SNGM), que será amanhã alvo de uma apresentação preliminar no encontro da AECM, "confirma" que o mesmo "tem contribuído para baixar os custos das quase 90 mil empresas que, ao longo dos últimos 22 anos, utilizaram este produto financeiro".
De acordo com este estudo, que se reporta ao período de 2009 a 2014, o impacto do SNGM na economia nacional foi "significativo" e traduziu-se numa redução dos juros bancários pagos pelas empresas mutualistas "calculada em 65 milhões de euros, na alavancagem de um volume de investimento superior a 2,6 mil milhões de euros e em 340 milhões de euros de exportações adicionais".
Desde a sua criação, em 1994, e até ao final de Março passado, o SNGM induziu um investimento global superior a 23 mil milhões de euros na economia portuguesa, com o montante global de garantias emitidas a ultrapassar os 11,5 mil milhões de euros.
Foram já mais de 90 mil PME apoiadas pelo SNGM, assegurando cerca de 1,3 milhões de postos de trabalho e que, ao beneficiar do sistema, acederam a mais de 23 mil milhões de euros de financiamento bancário e fizeram investimentos superiores a 23,6 mil milhões de euros.
No final do primeiro trimestre deste ano, a "carteira viva" das quatro sociedades de garantia mútua existentes em Portugal registava 91.050 garantias, mais 9.236 do que no final do mesmo período do ano passado. Em valor, estão em causa mais de 3,2 mil milhões de euros, o que representa um crescimento de 372 milhões de euros em relação ao período homólogo.
Segundo o SNGM, em termos de sinistralidade, o montante de perdas caiu mais de um milhão de euros, relacionando os trimestres iniciais de 2016 e de 2015. Situa-se actualmente nos 15 milhões de euros e a taxa acumulada de sinistralidade do SNGM é de 6,4%.
Nos primeiros três meses de 2016, os sectores que mais beneficiaram com o SNGM foram a indústria transformadora (33,2% do total), o comércio (31,7%) e a construção (8%). Seguem-se os serviços (6,5%) e a hotelaria e restauração (4,8%).
Em termos geográficos, o Porto (20% do total), Lisboa (17%), Aveiro (12%) e Braga (11%) são os distritos onde se situam as empresas com mais contratos de garantia celebrados.
Os seis anos de actividade do sistema português de garantia mútua que são analisados no estudo da Católica "coincidem, em parte, com os anos mais exigentes do Programa de Ajustamento Económico e Financeiro a que o país este sujeito", realça o SNGM, referindo que o documento - elaborado por uma equipa daquela universidade liderada pelo professor Vasco Rodrigues - trata informação recolhida junto de 120 mil empresas, 44 mil das quais mutualistas.
O encontro anual da AECM decorre até sexta-feira, numa unidade hoteleira do Porto, contando com a participação de três centenas de líderes e responsáveis de instituições de garantia de crédito para PME de 30 países.