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E se a Telecom Italia comprar a Oi?

A operadora italiana poderá avançar com uma oferta para adquirir a Oi. A acontecer, poderá beneficiar os accionistas da Portugal Telecom, acreditam os mercados.

16 de Setembro de 2014 às 19:23
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A Oi estava de "olho" na aquisição da Telecom Italia Mobile (TIM), uma operação que poderia concretizar em parceria com congéneres, nomeadamente com a América Móvile, do milionário Carlos Slim.

 

Agora, com a notícia que dá conta que a Telecom Italia está interessada em lançar uma oferta sobre a Oi, a consolidação do mercado poderá sofrer alterações. Para já, os investidores da Portugal Telecom parecem satisfeitos, observando a forma como as acções da PT valorizaram assim que as notícias saíram no Il Sole 24 Ore e na Bloomberg.

 

A união da Oi com a TIM dá à operadora brasileira, que está prestes a concluir a fusão com a Portugal Telecom, uma dimensão no móvel, que até aqui não conquistou. A Oi tem consolidado a sua posição no fixo.

 

No mercado móvel existem três grandes operadores - a Vivo, a TIM e a Claro - que disputam

os milhões de clientes do Brasil. A operadora da Telefónica (Vivo) mantém a liderança, com uma quota de 28,78%, seguida da TIM, com 26,91% e da Claro, com 24,95%. Atrás vem a Oi, que garante 18,53% do mercado de mais de 275  milhões de acessos móveis.

 

A união da TIM e da Oi alteraria a configuração do mercado e empurraria a Vivo para segundo lugar. A subsidiária brasileira da Telecom Italia, no final do primeiro semestre, contava com 74,2 milhões de linhas móveis, correspondendo a uma quota de mercado de 26,9%.

 

No segmento de televisão paga, o mercado está muito mais concentrado. Existem dois "players" que se distanciam. A Claro destaca-se neste negócio, com uma quota de 53,28%. Na segunda posição está a Sky/DirectTV, detida pela AT&T, com uma quota muito inferior, ficando com 29,61%. Operadores como a Oi, Vivo e GVT ficam com quotas entre os 4,67% e os 3,63%.

 

A Telefónica tem uma quota de apenas 3,63% na televisão paga, mas é uma posição que vai ser alterada, depois de a empresa ter garantido a aquisição da empresa brasileira GVT que detém uma quota de 4,21%. Contudo, apesar deste reforço, a empresa ainda fica longe do segundo lugar detido pela Direct TV.

 

A Telefónica já mostrou que continua com liquidez para ir às compras. A operadora espanhola, que também tem uma participação na Telecom Italia, que por sua vez detém a TIM, já admitiu que estaria interessada em adquirir esta última.

 

A Oi mostrou que queria fazer parte deste movimento de consolidação. A operadora, apesar de garantir que não estava em negociações, admitiu que poderia vir a apresentar uma oferta conjunta de 10 mil milhões de euros pela operadora brasileira da Telecom Italia. Para isso, a companhia apenas precisava que os accionistas da Portugal Telecom dessem luz verde aos novos termos do acordo com a Oi, situação que já aconteceu.

 

Caso a estratégia de aquisição se concretize, a Tim poderá ficar assim dividida em 40% para a Claro, 35% para a Oi e 25% para a Vivo.

 

Com uma possível oferta pública de aquisição (OPA) da Telecom Italia sobre a Oi, a venda da TIM poderá ficar sem efeito, uma vez que a Telecom Itália juntará as duas empresas com operação no Brasil e a Claro e a Vivo deverão ficar de fora do negócio.

 

A Bloomberg noticiava que a Telecom Italia poderá vir a exigir 13 mil milhões de euros pela sua participação de 67% na Tim. 

 

A Telecom Italia ficou com 7 mil milhões de euros em carteira, uma vez que falhou a aquisição da GVT. Este era o valor que a empresa italiana se mostrou disponível para pagar pela empresa de televisão por cabo. Contudo, a Vivendi, dona da GVT, escolheu a proposta da espanhola Telefónica, que pagou mais 450 milhões de euros.

 

Enquanto o mercado está ao rubro com a consolidação no sector das telecomunicações no Brasil, o prazo para a entrega das propostas para o leilão para a frequência de 700 Mhz do 4G está a apertar-se. As operadoras têm até 23 de Setembro para apresentar propostas, contudo já algumas associações vieram contestar o mesmo, havendo a possibilidade de uma impugnação. 

 

 

A origem da TIM remonta aos finais da década de 90, quando, em 1998, o governo brasileiro transferiu para a Tele Celular Sul Participações a propriedade de várias companhias, como a Telepar Celular. É em 1999 que a Telecom Italia assume o controlo da operadora e arranca como seu plano de investimento. Um passo significativo foi dado, no início de 2001, quando a TIM adquire as licenças nas bandas D e E de telefonia móvel, passando a ser o único grupo autorizado ao ferecer serviços móveis em todo o país.

 

Não é de hoje que a TIM tem uma participação activa na consolidação do mercado de telecomunicações brasileiro. Em 2009, a companhia uniu as forças com a Intelig. E dois anos depois foi a vez de adquirir a Eletropaulo Telecomunicações  e a AES Communications.

 

A empresa prevê que o desenvolvimento das infra-estruturas do 3G e do 4G, no período entre 2014 e 2016, corresponda a um investimento de 11 mil milhões de reais.

 

A Portugal Telecom que ficou com 39% da Oi poderá também ganhar com toda esta valorização. Se actualmente, a Oi está avaliada em 4,3 mil milhões de euros, a Telecom Itália poderá ter que puxar os cordões à bolsa e superar essa valorização. 

 

Quem é a Oi?

A Oi surgiu pela junção da Telemar com a Brasil Telecom, que seria, no governo de Lula da Silva, a Supertele brasileira. A Lei teve mesmo de ser alterada para que a Oi pudesse ter a forma de hoje.

 

Quando em 1998 o sistema Telebrás foi dividido, a Tele Norte Leste ficou a maior, integrando operadoras em vários estados, operações essas que foram integradas em 2001,

permitindo a criação da Oi em 2001. Em 2011, assina o contrato que formaliza a aliança industrial com a PT, que deu origem em 2013 ao projecto de fusão, no qual a operação portuguesa da PT foi integrada na Oi.

 

Quanto aos investimentos, a empresa tem previsto um gasto de 24 mil milhões de reais, no período de 2012 a 2014.

 

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