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Diogo da Silveira: Chefes são os últimos a saber quem deve ser despedido
O líder da The Navigator Company alertou para a melhoria nas empresas ao trocar pessoas com fraco desempenho por outras com potencial para a função. Atrasar os despedimentos é um erro comum de liderança.
Negociar a saída de trabalhadores da empresa é um dos aspectos da liderança em que Portugal ainda tem "imenso a melhorar", considerou Diogo da Silveira, atestando que nas empresas há sempre "um conjunto de pessoas que não estão naquele momento – nem se perspectiva que venham a estar – à altura da função que estão a desempenhar".
Depois de serem tentados os sistemas de acompanhamento, de avaliação ou de incentivo, conclui-se pela inadequação daquela pessoa àquela função. "E em geral – falo por mim – tardamos sempre em demasia em separarmo-nos das pessoas. Temos sempre tendência a tomar tarde demais a decisão de nos separarmos de pessoas [destas]. Isto é um erro de liderança", frisou.
Durante um seminário sobre gestão e liderança, em Matosinhos, o CEO da The Navigator Company sustentou que, no que toca à área dos Recursos Humanos, "a liderança não é só o aspecto positivo", normalmente associado ao recrutamento. É também quando a notícia em causa é negativa, completou o gestor, "quando é preciso explicar à pessoa que chegou o momento de nos separarmos".
"Deixo a recomendação: temos de assumir que há muita melhoria a conseguir nas nossas empresas ao substituir – não se trata de reduzir custos – um conjunto de pessoas que não têm um desempenho adequado, por outras que têm potencial para tê-lo. É uma alavanca de resultados e de motivação também", sublinhou o líder do antigo grupo Portucel Soporcel, notando que os gestores de topo são sempre os últimos a ver o que toda a gente na empresa já percebeu: quem são essas pessoas que devem ser dispensadas.
"Efeito de halo" no recrutamento
No mesmo debate, o CEO do Global Media Group (que detém o JN, DN, O Jogo e TSF) aconselhou, por outro lado, que as contratações não sejam decididas apenas por um gestor, afirmando que "é sempre bom ter várias pessoas – às vezes nem relacionadas com a função – a avaliar" um determinado candidato.
Vítor Ribeiro reforçou que "é bom haver mais três ou quatro opiniões porque muitas vezes somos vítimas do chamado efeito de halo: simpatizamos com uma pessoa e achamos imediatamente que ‘aquela pessoa é que é". "Temos de nos proteger um bocadinho disso. (…) E quando concluímos que há discordâncias na avaliação daquela pessoa é porque estou enganado", explicou o executivo, que aproveitou este fórum para decretar o "sucesso" do plano de reestruturação da antiga Controlinveste.