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Crédito y Caución antecipa aumento de insolvências com retirada de estímulos fiscais

Seguradora de crédito adverte que as empresas terão que se adaptar a um enquadramento sem apoios públicos de monta, o que constituirá um desafio para a sobrevivência das que se endividaram de forma excessiva na pandemia.

Esta crise do novo coronavírus pode ter como efeito a entrada de várias empresas     em insolvência.
Miguel Baltazar
12 de Abril de 2022 às 12:44
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Após "níveis invulgarmente baixos" nos últimos dois anos de pandemia na maioria dos países, a Crédito y Caución alerta para um aumento das insolvências em 2022 e 2023, com o fim dos estímulos fiscais e a falência das "empresas 'zombie'".

"Em muitos dos mercados observados, prevemos a ultrapassagem dos níveis normais de insolvência na segunda metade de 2022 ou no início de 2023. Isto deve-se aos incumprimentos adicionais provenientes das 'empresas zombie'", diz, numa análise, enviada, esta terça-feira, às redações, numa referência às companhias com mais de dez anos cujos resultados operacionais não chegam para pagar os juros da dívida num horizonte de três anos.

Neste sentido, antecipa, "é provável que aconteçam porque no período da pandemia os níveis de insolvência contraíram muito abaixo dos níveis pré-pandémicos. Acreditamos que quando os apoios públicos forem retirados, estas empresas vão entrar em incumprimento. Em geral, no final de 2023, veremos um nivelamento das insolvências para os níveis normais".

A seguradora de crédito recorda que, em 2020, apesar da "grave recessão económica" foi registada uma descida das insolvências na maior parte dos mercados mundiais, "devido aos intensos estímulos fiscais e às moratórias generalizadas na lei de recuperação judicial e falência das empresas" e que, em 2021, o panorama foi "misto".

"A descida manteve-se em mercados como os Estados Unidos, Portugal, Países Baixos, Coreia do Sul ou Nova Zelândia, dada a continuidade dos programas de apoio à liquidez empresarial, enquanto outros países, como Espanha, Itália ou a República Checa, começaram a registar um aumento significativo nas insolvências. Em resultado disto, países como Portugal, por exemplo, alcançaram no último exercício menos de metade das insolvências registadas em 2019, enquanto outros mercados, como Espanha, superam já os níveis pré-pandémicos", contextualiza.

Assim, assinala a Crédito y Caución, o calendário de retirada das ajudas públicas constitui "o fator essencial nas projeções para cada mercado". "O aumento gradual das insolvências até à normalidade pré-pandémica é de esperar que aconteça nos seis meses posteriores à retirada dos estímulos fiscais e os incumprimentos adicionais por parte das 'empresas zombie' prolongar-se-ão durante 12 meses".

A seguradora de crédito nota ainda que "a guerra na Ucrânia tem influência nas previsões de insolvência, dado o impacto negativo no crescimento do Produto Interno Bruto", apontando que este será "significativo para a própria Rússia e que, em menor escala, far-se-á sentir também noutros mercados". Contudo, ressalva, "em comparação com a eliminação das medidas de estímulo, o seu impacto nas projeções globais de insolvência é relativamente pequeno".

Nas previsões da Crédito y Caución, as insolvências devem assim voltar a diminuir ou pelo menos manter-se estáveis a partir de 2024, o que se explica com "o facto de os níveis de insolvência já terem regressado à sua normalidade" e de "as 'empresas zombie', incapazes de sobreviver sem os apoios públicos, já terem falido".

"Nos próximos anos, as empresas terão que se adaptar a um enquadramento sem ajudas públicas significativas, o que será um desafio para a sobrevivência daquelas que se tenham endividado excessivamente durante a pandemia", vaticina.

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