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Construtora chinesa Evergrande solicita nos EUA proteção de bancarrota

Esta semana foi conhecida uma segunda queda mensal dos preços no imobiliário na China, ocorrida em julho, sinal de agravamento da crise num setor crucial para a segunda maior economia do mundo.

A Fitch tornou-se esta quinta-feira a primeira agência de notação financeira a classificar a gigante chinesa do imobiliário Evergrande como empresa em incumprimento.
Tyrone Siu/Reuters
18 de Agosto de 2023 às 07:53
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A promotora imobiliária China Evergrande Group solicitou a proteção de bancarrota, ao abrigo do Capítulo 15 do Código de Bancarrotas dos EUA, na quinta-feira no Estado de Nova Iorque, segundo documentos judiciais consultados pela Bloomberg.

Este capítulo protege os bens da empresa nos EUA, enquanto negoceia acordos de reestruturação em outras jurisdições.

O pedido da Evergrande faz referência aos trâmites de reestruturação que decorrem em Hong Kong e nas Ilhas Caimão.

Ainda segundo a Bloomberg, a construtora chinesa desde há meses que negoceia China.

Na quarta-feira foi conhecida uma segunda queda mensal dos preços no imobiliário na China, ocorrida em julho, sinal de agravamento da crise num setor crucial para a segunda maior economia do mundo.

A queda nos preços surge numa altura em que o setor enfrenta uma crise de liquidez, com várias construtoras chinesas em risco de entrar em incumprimento.

Na semana passada, a Country Garden, uma das maiores construtoras do país, não conseguiu cumprir com o pagamento do cupão de dois títulos obrigacionistas. O grupo corre o risco de entrar oficialmente em incumprimento após um período de carência de 30 dias.

Tal como no caso da Evergrande, cujo passivo supera os 300 mil milhões de euros e que teve que chegar a acordo de reestruturação da dívida com detentores de títulos, o colapso da Country Garden teria repercussões catastróficas no sistema financeiro e na economia chinesa.

Esta semana, a empresa de gestão de fortunas Zhongrong International Trust, que tem grande exposição ao setor imobiliário, deixou também de pagar dividendos em alguns produtos de investimento.

A crise de liquidez sem precedentes no imobiliário da China foi suscitada por uma campanha lançada por Pequim para reduzir os níveis de alavancagem no setor, que representa um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) chinês.

A reforma habitacional na China, no final da década de 1990, levou a um 'boom' no setor, alimentado pelas normas sociais. A aquisição de casa própria é muitas vezes pré-requisito para casar.

No entanto, em 2021, os reguladores chineses passaram a exigir às construtoras um teto de 70% na relação entre passivo e ativos e um limite de 100% da dívida líquida sobre o património, suscitando uma crise de liquidez no setor.

A falta de liquidez no setor fez com que várias obras em todo o país fossem obrigadas a parar, o que resultou, no verão passado, num "boicote às hipotecas", que se estendeu a mais de uma centena de cidades, com os compradores de apartamentos inacabados a deixarem de pagar a prestação mensal aos bancos.

Nos últimos meses, o Governo mudou de rumo e anunciou várias medidas de apoio, inclusive a abertura de linhas de crédito, cujo objetivo prioritário é finalizar empreendimentos cujas obras ficaram por completar.
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