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Cofre inundado em A Casa de Papel não é mera ficção

Criminosos vestem equipamento de mergulho para encarar um cofre de ouro inundado dentro do Banco da Espanha. Podia ser um filme de James Bond, mas é a série A Casa de Papel, da Netflix.

Netflix
17 de Agosto de 2019 às 19:00
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O que parece um roteiro descolado da realidade baseia-se em defesas existentes dentro do banco central espanhol. A instituição em Madrid tem um compartimento dentro da caixa-forte que é inundado se ladrões conseguirem entrar. E este é apenas um dos obstáculos contra os ladrões.

 

Os criminosos da terceira temporada de A Casa de Papel passam por uma porta blindada para chegar ao ouro. No mundo real, são três portas de aço. A primeira e maior pesa 16,5 toneladas e o seu encaixe é tão perfeito que um fiapo impede que se feche. Passada a porta, existe um fosso de elevador com 35 metros que chega a uma antessala, que leva a uma ponte levadiça e à segunda porta blindada. É este local que inunda se ladrões conseguissem ultrapassar a primeira porta, acionando o sistema de segurança.

 

Desde que a obra foi concluída, em meados da década de 1930, nunca houve uma "tentativa de entrada não autorizada", segundo o Banco da Espanha.

 

No entanto, a fertilidade do imaginário popular sobre o cofre foi irresistível para os guionistas de A Casa de Papel e para os fãs.

 

Mais de 34 milhões de lares assistiram a pelo menos alguns dos episódios da terceira temporada, lançada em julho, conforme um email enviado por uma porta-voz da Netflix.

 

Nas duas primeiras temporadas, o bando invade a Casa da Moeda para imprimir milhões de euros. Na terceira, o alvo é o banco central, pelo ouro e para pressionar autoridades a libertar um dos seus.

 

Manifestantes rodeiam o banco central, atiçados pelo Professor, que pede que os espanhóis venham em massa para apoiar o que ele chama de "resistência".

 
Há semelhanças com a verdade na revolta exibida no vídeo. Muitos espanhóis ainda ressentem o facto de o banco central não ter impedido práticas displicentes de empréstimos que alimentaram a bolha do mercado imobiliário e a sua subsequente crise.

 

Este ressentimento diminuiu perante a recuperação da economia e o líder do banco central, Pablo Hernández de Cos, tem trabalhado para melhorar a reputação da instituição. Ao contrário da série, ele não tem cinco guarda-costas armados como guerrilheiros. As cenas não foram filmadas no Banco da Espanha, mas a 3 quilómetros dali, no Ministério de Obras Públicas.

 

Na era dos ataques cibernéticos vindos de hackers e computadores, há um charme nostálgico numa série focada nas barreiras físicas aos tesouros, como armadilhas aquáticas.


"Nos anos 1930, não havia circuito interno de câmaras de vídeo, não havia monitorização remota, não havia sensores sísmicos", lembra Seamus Fahy, presidente da Merrion Vaults, em Dublin. Ele já visitou centenas de cofres para arrendamento ou venda por instituições financeiras que estão a encerrar as suas atividades.

 

(Texto original: The Gold Vault That Floods in Netflix’s Casa de Papel? It’s Real)

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