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Chuva de fusões e aquisições veio de Espanha, mas dinheiro chinês domina em Portugal
Os espanhóis ganham no número de operações de fusão e aquisição verificadas em Portugal, em 2018. Contudo, o maior volume de investimento veio da China, que trouxe 10 mil milhões de euros.
Mi casa, tu casa: a maioria das fusões e aquisições anunciadas em 2018 para Portugal foram acordadas pelos espanhóis. Mas "nuestros hermanos" não ficam à frente no volume de investimento: cinco operações foram suficientes para os chineses quase quintuplicarem o montante que veio de Espanha.
Estes dados constam do Relatório da Transactional Track Record (TTR), divulgado esta quinta-feira, 10 de janeiro, o qual incorpora operações anunciadas, que podem ainda não ter sido concretizadas, como é o caso da OPA sobre a EDP. Conforme o mesmo, Espanha distanciou-se das restantes nações com 49 transações, 22 das quais no setor imobiliário, trazendo um total de 2,3 mil milhões de euros para terras lusas.
Já os cinco negócios de fusão e aquisição acordados com a China estão avaliados em pouco mais de 10 mil milhões de euros. Pequim também completou uma operação no setor do imobiliário mas as quatro restantes dividiram-se em partes iguais pela saúde e energia. O relatório tem em conta a Oferta Pública de Aquisição da China Three Gorges sobre a EDP, que pode ascender aos 9,14 mil milhões de euros tendo em conta a oferta de 3,26 euros por ação. A oferta decorrente, sobre a subsidiária EDP Renováveis, pode valer 914 milhões.
Já da parte de Espanha, o segundo setor que conquistou mais capitais foram as Finanças e os Seguros, no qual o país vizinho conta apenas seis operações, distribuindo as restantes operações por áreas tão variadas como a tecnologia, turismo, transportes e retalho.
Portugal retribuiu com pouco mais de mil milhões, elegendo Espanha como destino favorito para este tipo de investimento. Seguiram-se o Brasil e os Estados Unidos.
A "velha aliança" com o Reino Unido mantém-se também no que toca a fusões e aquisições. Os britânicos foram os que mais transações completaram em Portugal a seguir a Espanha, fechando 25 destes negócios num total de 1,6 mil milhões de euros. Os Estados Unidos são os terceiros que mais olham para Portugal no momento de adquirir ou fazer fusões. Aproximaram-se dos britânicos, com 23 transações num volume de cerca de 1,3 mil milhões de euros.
Nos dez países que mais operações concluíram em Portugal encontram-se ainda França, Alemanha, o Luxemburgo, Holanda, Suíça e Polónia.
Volume de fusões e aquisições disparou mais de 70% em 2018
O ano passado fechou com ligeiramente menos fusões e aquisições do que as registadas em 2017, mas aquelas cujos valores são conhecidos somam uma quantia consideravelmente superior. Foram fechadas 350 fusões e aquisições ao longo de 2018, menos 2,2% que no ano anterior. Mas as 158 cujos montantes foram revelados entregaram uma soma 76,12% superior à de 2017, assinala o relatório.
O setor imobiliário foi o mais irrequieto, com 90 operações registadas, voltando a ultrapassar os números do ano anterior, como já acontece desde 2015. O salto no número de operações, de quase 30%, foi apenas superado pelo do setor do Turismo, Hotelaria e Restauração, que escalou 68% no último ano.
Entre estes dois "vencedores" estão os setores da Tecnologia e das Finanças e Seguros, os quais contaram 41 e 37 negócios de fusão ou aquisição, respetivamente, a que correspondem aumentos de 3% e 6%. O turismo ficou-se pelos 32 acordos, mas foram suficientes para integrar pela primeira vez os quatro primeiros lugares do "ranking", pelo menos desde 2015, destronando o setor da Saúde.