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Central nuclear em Portugal representa investimento de 3,5 mil milhões (act)

Patrick Monteiro de Barros apresentou hoje o projecto para construir uma central de energia nuclear em Portugal, num investimento estimado em 3,5 mil milhões de euros, que seria totalmente suportado por investidores privados. A central terá uma capacidade

30 de Junho de 2005 às 14:10
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Patrick Monteiro de Barros apresentou hoje o projecto para construir uma central de energia nuclear em Portugal, num investimento estimado em 3,5 mil milhões de euros, que seria totalmente suportado por investidores privados. A central terá uma capacidade de produção de 1.700 MW, que fará dela a maior a nível nacional, e seria financiada através de «project finance».

O empresário português, que foi accionista da Galp e controla actualmente 2% do capital da PT, garante ter muitos interessados neste investimento, mas não quis revelar nomes, acrescentando que só o fará «quando passarem o cheque». Está em causa a criação de um consórcio com investidores nacionais e institucionais em linha com o modelo da Petrocontrol criado para a privatização da Petrogal, esclareceu Monteiro de Barros, que foi um dos investidores.

O projecto vai ser apresentado em breve ao Governo e Monteiro de Barros reconhece que a decisão do Executivo será soberana em relação a esta intenção de investimento. O Programa do Governo não prevê a energia nuclear e o pacote para o sector que está a ser preparado pelo Ministério da Economia também não deve contemplar esta opção.

A subida dos preços dos combustíveis ligados à produção de electricidade, o gás natural e o carvão, e a necessidade de tornar a economia portuguesa mais competitiva, foram os argumentos apresentados por Patrick Monteiro de Barros, numa apresentação onde esteve acompanhado por Sampaio Nunes, secretário de estado da Ciência e Inovação do anterior Governo de Santana Lopes. O empresário não é contra as energias renováveis, mas lembra que são mais caras e que o seu actual preço não é competitivo, pelo que podem ser apenas complementares.

700 postos de trabalho e 12% de incorporação nacional

Este investimento irá induzir a criação de 600 a 700 postos de trabalho directos e os promotores pretendem uma incorporação nacional elevada na sua construção, embora reconheçam que a tecnologia será estrangeira. Para já, e sem contrapartidas, a incorporação nacional neste projecto ronda os 12% e prende-se sobretudo com a construção civil.

Em termos de tecnologia, Monteiro de Barros refere a terceira geração de centrais nucleares que tem vindo a ser desenvolvida em França e que é a aplicada nos projectos mais recentes deste país, um liderado pela EDF e outro por um consórcio internacional, e na Finlândia.

Outra mais valia em termos de competitividade é a existência de matéria-prima em Portugal, o urânio, cuja exploração foi suspensa no início da década devido à depressão dos preços. A exploração das reservas da Urgeiriça poderia ser retomada com este projecto, defende.

O projecto permitiria também equilibrar a balança de pagamentos, reduzindo a importação de energia fóssil necessária à produção eléctrica, e ainda pelo facto de Portugal passar a exportar electricidade.

Outro argumento usado a favor do projecto é que, de acordo com os promotores irá permitir a Portugal cumprir as metas de Quioto para 2012 em matéria de redução de emissões, a partir de um cenário de construção total de sete anos, que envolveria uma decisão rápida, no prazo máximo de um ano

Segundo as contas apresentadas, a central poderia reduzir as emissões em oito milhões de toneladas ano, caso substituísse as unidades eléctricas a carvão e em quatro milhões de toneladas em caso de produção a gás natural.

Questionado sobre a possível localização, Monteiro de Barros diz que há várias possibilidades que estão em estudo e que o critério de decisão será técnico. A proximidade de água e a disponibilidade de ligação à rede eléctrica são dois critérios fundamentais para esta decisão, mas o empresário não quer revelar para já os locais estudados.

No início dos anos 80 Portugal chegou a estudar a construção de uma central nuclear em Ferrel, uma localidade na zona de Peniche, mas o projecto foi abandonado sob uma forte contestação popular.

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