Notícia
Caso Berardo: "A CGD não engana os clientes"
Presidente executivo da Caixa desvaloriza ação em tribunal contra a banca interposta pelo empresário madeirense Joe Berardo, no valor de 900 milhões. BCP também recusa acusação de Berardo e frisa que a justiça "seguirá o seu caminho".
12 de Maio de 2022 às 00:12
O presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, desvalorizou esta quarta-feira à noite o processo contra a banca, no valor de 900 milhões de euros, interposto por Joe Berardo. Também o líder do BCP, Miguel Maya, recusou as acusações do empresário madeirense de que o setor financeiro o enganou, sublinhando que a justiça "seguirá o seu caminho".
"A Caixa Geral de Depósitos não engana os clientes, nem penso que a banca portuguesa engane os portugueses", afirmou Paulo Macedo num debate televisivo transmitido na SIC Notícias no âmbito do CEO Banking Forum.
Na ação judicial, tornada pública pelo Diário de Notícias e à qual o Negócios teve também acesso, Berardo garantia que foi enganado pelos bancos quando, financiado por crédito, tomou uma participação qualificada no BCP, na sequência da guerra pelo controlo do Millennium, em 2007.
Em causa está, na argumentação do madeirense, o facto de o BCP "não o ter informado das fragilidades do banco, como a escassez de capitais próprios e as operações de gestão imprudentes realizadas com avultados prejuízos", que tornavam a instituição "pouco resiliente a uma possível crise financeira e dos mercados de capitais", como a que se seguiria nos anos seguintes, alega.
No processo, os advogados de Berardo acusam ainda de manipulação e impreparação tanto o Governo como as administrações das instituições financeiras de então. "Eram de grande promiscuidade as relações entre os bancos, que tinham perfeito conhecimento recíproco das respetivas situações internas e debilidades, incluindo as da CGD."
Confrontando com o processo, Paulo Macedo explicou que "o litígio [entre Berardo e a banca] existe, teve este episódio e a Justiça vai com certeza resolver" a questão.
Já Miguel Maya, presidente executivo do BCP, afirmou que "os portugueses já tiveram oportunidade de ler o suficiente sobre este processo, que seguirá o seu caminho na Justiça", evitando comentar diretamente as acusações do dono da Coleção Berardo contra o setor financeiro.
Questionado sobre se a ação judicial seria mais uma tática de Berardo para criar artificialmente um ativo - um potencial crédito artificial registado na contabilidade das entidades visadas na execução da penhora pela banca - para que quando os credores pedissem a insolvência pudesse travar essa ação, Maya foi taxativo: "a leitura, percebo-a, mas não posso fazer comentários".
Compra do Novo Banco
Outro dos temas quentes do debate entre os principais banqueiros foi a eventual compra do Novo Banco agora que está praticamente encerrado o processo de reestruturação da instituição e que António Ramalho está de saída da administração executiva.
Miguel Maya disse não estar "preocupado que outro banco possa comprar o Novo Banco". "Antes de se tratar do tema da venda era bom que se corrigisse o fardo de financiar o Novo Banco", atirou o CEO do BCP referindo-se às contribuições do setor financeiro para o Fundo de Resolução.
"Este não é um problema do passado, é um problema do presente e há que ter a coragem de o resolver", insistiu.
Quanto a uma eventual consolidação no setor, e ao interesse do Millennium, Maya disse que "o BCP não tem, na sua estratégia, crescimento que não seja pela via orgânica." "Mas qualquer operação que surja no mercado, o BCP olhará para ela de forma diferente e com condições diferentes do que tinha há cinco ou seis anos."
Já o presidente executivo do Santander Totta, Pedro Castro Almeida, detalhou que "a maior competição" que o banco tem "é interna" e está relacionada com o processo de digitalização.
João Pedro Oliveira e Costa, presidente executivo do BPI, explicou que o banco "tem tido sucesso no crescimento orgânico". "Temos ganho quota de mercado e é esse o caminho que vamos seguir."
António Ramalho, CEO do Novo Banco que deixará funções a 1 de agosto, evitou fazer comentários sobre o potencial interesse dos concorrentes na instituição.
"A Caixa Geral de Depósitos não engana os clientes, nem penso que a banca portuguesa engane os portugueses", afirmou Paulo Macedo num debate televisivo transmitido na SIC Notícias no âmbito do CEO Banking Forum.
Em causa está, na argumentação do madeirense, o facto de o BCP "não o ter informado das fragilidades do banco, como a escassez de capitais próprios e as operações de gestão imprudentes realizadas com avultados prejuízos", que tornavam a instituição "pouco resiliente a uma possível crise financeira e dos mercados de capitais", como a que se seguiria nos anos seguintes, alega.
No processo, os advogados de Berardo acusam ainda de manipulação e impreparação tanto o Governo como as administrações das instituições financeiras de então. "Eram de grande promiscuidade as relações entre os bancos, que tinham perfeito conhecimento recíproco das respetivas situações internas e debilidades, incluindo as da CGD."
Confrontando com o processo, Paulo Macedo explicou que "o litígio [entre Berardo e a banca] existe, teve este episódio e a Justiça vai com certeza resolver" a questão.
Já Miguel Maya, presidente executivo do BCP, afirmou que "os portugueses já tiveram oportunidade de ler o suficiente sobre este processo, que seguirá o seu caminho na Justiça", evitando comentar diretamente as acusações do dono da Coleção Berardo contra o setor financeiro.
Questionado sobre se a ação judicial seria mais uma tática de Berardo para criar artificialmente um ativo - um potencial crédito artificial registado na contabilidade das entidades visadas na execução da penhora pela banca - para que quando os credores pedissem a insolvência pudesse travar essa ação, Maya foi taxativo: "a leitura, percebo-a, mas não posso fazer comentários".
Compra do Novo Banco
Outro dos temas quentes do debate entre os principais banqueiros foi a eventual compra do Novo Banco agora que está praticamente encerrado o processo de reestruturação da instituição e que António Ramalho está de saída da administração executiva.
Miguel Maya disse não estar "preocupado que outro banco possa comprar o Novo Banco". "Antes de se tratar do tema da venda era bom que se corrigisse o fardo de financiar o Novo Banco", atirou o CEO do BCP referindo-se às contribuições do setor financeiro para o Fundo de Resolução.
"Este não é um problema do passado, é um problema do presente e há que ter a coragem de o resolver", insistiu.
Quanto a uma eventual consolidação no setor, e ao interesse do Millennium, Maya disse que "o BCP não tem, na sua estratégia, crescimento que não seja pela via orgânica." "Mas qualquer operação que surja no mercado, o BCP olhará para ela de forma diferente e com condições diferentes do que tinha há cinco ou seis anos."
Já o presidente executivo do Santander Totta, Pedro Castro Almeida, detalhou que "a maior competição" que o banco tem "é interna" e está relacionada com o processo de digitalização.
João Pedro Oliveira e Costa, presidente executivo do BPI, explicou que o banco "tem tido sucesso no crescimento orgânico". "Temos ganho quota de mercado e é esse o caminho que vamos seguir."
António Ramalho, CEO do Novo Banco que deixará funções a 1 de agosto, evitou fazer comentários sobre o potencial interesse dos concorrentes na instituição.