Notícia
Canadianos abandonam ouro do Alentejo
Os responsáveis da canadiana Colt Resources, que tinha assinado em 2011 com o Governo português contratos para extrair ouro no Alentejo, deixaram de pagar aos trabalhadores e desapareceram. “Sem interlocutor”, Estado extingue a relação contratual.
O Negócios também tentou contactar, sem sucesso, nas últimas duas semanas, o presidente da Colt Resources, Nikolas Perrault, e Jorge Valente, que foi CEO da Eurocolt nos últimos anos. Acontece que o grupo canadiano, incluindo todas as suas sociedades-veículo, entrou em processo de liquidação, tendo a negociação nas bolsas de Toronto e de Frankfurt, onde estavam cotadas, sido suspensa.
Foi a 2 de Novembro de 2011 que a Colt assinou os contratos com o Governo português para avançar com a exploração experimental de ouro nas freguesias de Nossa Senhora da Boa-Fé, em Évora, e Santiago do Escoural, no concelho de Montemor-o-Novo. "Se tudo der certo, ao fim do terceiro ano já temos a mina aberta para começar, então, a produção normal, uma produção industrial", assegurava, na altura, Jorge Valente, estimando que só a zona da Boa-Fé poderia conter oito milhões de onças de ouro.
Seis meses depois, Nikolas Perrault avançava que a extracção de ouro no Alentejo poderia arrancar em 2014, com a empresa a garantir, em comunicado, que os resultados das perfurações na Boa-Fé evidenciavam "graus impressionantes" daquele metal precioso, "perto da superfície".
O então CEO da Colt, frisando que o projecto estava "a exceder as expectativas", garantia que a empresa estava "cada vez mais confiante" de que era "viável" a exploração de ouro no Alentejo. Por alturas do Natal de 2012, o mesmo Perrault congratulava-se com os resultados finais da avaliação às prospecções na jazida aurífera de Monfurado, situada na zona concessionada para exploração de ouro em Montemor-o-Novo.
Desde então que nunca mais se ouviu falar das explorações da Colt em Portugal. Até que, em Junho passado, um conjunto de trabalhadores da Eurocolt requereu a insolvência da empresa, não reconhecendo "à requerida património suficiente para pagamento das dívidas existentes, bem como qual o seu exacto activo e passivo".
Contactado o Ministério da Economia, o gabinete de Caldeira Cabral confirmou que "a actividade da empresa em Portugal ficou completamente suspensa deixando de existir qualquer interlocutor e, por conseguinte, sem continuação dos trabalhos contratualizados com o Estado português". Assim, "neste momento encontra-se a decorrer na Direcção Geral de Energia e Geologia o respectivo procedimento de extinção dos diversos contratos", adiantou a mesma fonte.
Sem ouro, deixou dívidas
Os canadianos da Colt Resources garantiam que havia "graus impressionantes" de ouro no Alentejo. Nada feito. E abandonaram Portugal com salários por pagar.
25.10.2011
Álvaro anuncia concessão de ouro
No Parlamento, a 25 de Outubro de 2011, o então ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, anunciava a assinatura de um novo contrato de concessão de ouro no Alentejo, a formalizar "na próxima semana", sem especificar qual a empresa envolvida.
02.11.2011
Colt resources assina contratos
A canadiana Colt Resources assinou com o Governo português, a 2 de Novembro de 2011, os contratos para a prospecção de um filão de ouro em Évora e Montemor-o-Novo. A empresa garantia que só a zona de Boa-Fé poderia conter oito milhões de onças de ouro.
Colt em liquidação, pessoal sem salários
Desde 2012 que não se ouvia falar da actividade da Colt no Alentejo, até que, em Junho deste ano, os seus trabalhadores, alegando dívidas salariais e ausência dos gestores, requereram a insolvência da empresa. O grupo canadiano está em liquidação. O Estado português vai extinguir os contratos.