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"Campanha tóxica" afasta novos investidores do Montepio

A gestão do Montepio admite que pode não haver investidores para compensar o investimento de 200 milhões que os mutualistas vão fazer na caixa económica. Os institucionais "estão em compasso de espera" para tomar a decisão de investimento, diz o presidente.

Bruno Simão
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O Montepio vai avançar já com um reforço de capital de 200 milhões de euros, através de uma injecção de capital pela Associação Mutualista com o mesmo nome. Espera que, posteriormente, haja institucionais que compensem o investimento. Só que, admite António Tomás Correia, tais investidores podem nunca chegar.


"Não podemos deixar de estar preparados para não acontecer", assumiu o líder da caixa económica, na conferência de imprensa em que apresentou uma quebra de 72% dos lucros no primeiro trimestre. Para Tomás Correia, "há uma campanha de intoxicação" a correr neste momento. E os investidores "estão a resistir para ver onde pára a campanha". Sobre o que está em causa, o gestor não se alongou: "Este é um momento sempre muito emocionante. É ano de eleições" para a presidência da associação mutualista, que controla a caixa económica.


"Estes últimos eventos originaram um compasso de espera" nos investidores, disse, referindo-se a notícias sobre a caixa e sobre a auditoria ordenada pelo Banco de Portugal. Antes disso, havia interessados e conversações. Mas nunca os nomeou.

 

Acho deplorável e lamentável que tenha acontecido. E estão feitos todos os comentários [sobre o BES e Ricardo Salgado]. 
António Tomás Correia
Presidente da Associação Mutualista Montepio Geral e Caixa Económica Montepio Geral 


A entrada dos investidores qualificados – os particulares estão fora da operação – será feita através de um aumento de capital do fundo de participação da caixa económica. A Associação Mutualista vai avançar com os 200 milhões de reforço. Há, depois, "a possibilidade de aquela entidade colocar parte ou a totalidade da mesma junto de investidores institucionais com características particulares e que possam contribuir para a evolução da instituição e dos seus valores com níveis de capital adequados", lê-se na convocatória para a assembleia de 5 de Junho que vai reunir os titulares das unidades de participação do fundo que estão dispersas por pequenos investidores – a quem é pedido que abdiquem do direito de subscrever as novas unidades.

 
António Tomás Correia admite que a intenção de colocar as unidades a emitir no aumento de capital em institucionais pode não acontecer. E aí ficaria a Associação Mutualista com esse esforço: "Tem 2 mil milhões de euros de liquidez. Pode perfeitamente transformá-la em capital", garante, para afastar qualquer tipo de problema pela possibilidade de ficar aí "retido" o esforço para o aumento de capital do fundo da caixa económica.

 

A má imagem do Montepio obriga-me a recandidatar-me para um próximo mandato. 
António Tomás Correia
Presidente da Associação Mutualista Montepio Geral e Caixa Económica Montepio Geral 


Na conferência de imprensa, o presidente do banco indicou que a auditoria solicitada pelo regulador do sector financeiro (que sempre se classificou como forense, mas que diz ser apenas uma auditoria especial) encontrou "deficiências" mas assegurou que "mais de 90% foram objecto de melhorias depois de 2012", o último ano em análise naquele exercício a uma amostra de crédito concedidos.

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