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Exportações de calçado travam a fundo no início do ano
As exportações portuguesas de calçado, que cresceram mais de 50% em seis anos, travaram no arranque de 2016. São mais os industriais do sector que prevêem diminuição de encomendas do estrangeiro do que os que estimam um aumento.
Habituada a taxas de crescimento de dois dígitos no passado recente, a indústria portuguesa de calçado travou a fundo no último ano – em 2015, as exportações aumentaram apenas 1% em relação ao ano anterior, para 1,865 mil milhões de euros. E tudo indica que, no melhor cenário, deverá ficar na "linha de água" este ano.
Inquiridos sobre as perspectivas de encomendas para o primeiro trimestre deste ano, 27% dos industriais do sector esperavam uma diminuição das compras de clientes estrangeiros e apenas 20% estimavam um aumento das encomendas do exterior, com os restantes 53% a contarem que a carteira permanecesse inalterada.
Estas perspectivas constam do último boletim de conjuntura da associação do sector (APICCAPS), que confirma, "como tem vindo a acontecer nos últimos trimestres, as empresas orientadas para o mercado nacional mostram-se mais optimistas do que as que vendem sobretudo nos mercados internacionais".
No "ranking" das limitações à produção apontadas pelos industriais, a escassez de encomendas de clientes estrangeiros surge muito destacada na liderança, com 55% das respostas, enquanto a escassez de compras de clientes nacionais se fica pelos 22%.
As empresas portuguesas de calçado prevêem também "um agravamento das dificuldades relacionados com matérias-primas, seja a nível de abastecimento (24%), seja de preço (24%).
O calçado português é actualmente comercializado em mais de uma centena e meia de países e é o sector que mais positivamente contribui para a balança comercial do país, com um saldo positivo de 1,3 mil milhões de euros.
O preço médio de par de sapatos "made in" Portugal, à saída da fábrica, é de 31,8 dólares (28,2 euros), um valor só ultrapassado pela Itália (50 dólares).
Existem cerca de 1.430 empresas de calçado no país, que garantem 37 mil postos de trabalho.